quarta-feira, 1 de julho de 2009

Primeiro ano do mandato de Dinamite tem erros e acertos


Presidente acerta ao profissionalizar departamento de futebol e marketing, mas admite que queda para a Série B manchou a história do clube


Roberto Dinamite completa um ano no poder
Nesta quarta-feira, 1º de julho, Roberto Dinamite e seus correligionários completam um ano no comando do Vasco. Após uma briga acirrada nos bastidores para tirar Eurico Miranda da presidência do clube, o ex-jogador e maior ídolo da história cruzmaltina assumiu o poder e cometeu erros e acertos. Entre os pontos negativos está a queda para a Série B do Campeonato Brasileiro. Pelo lado positivo, a profissionalização dos principais departamentos do clube.

O dirigente admite que pegou o clube em uma situação delicada financeiramente. Quando assumiu o cargo, revelou que o Vasco não tinha cotas de televisão ou de patrocínio a receber.


Início conturbado e polêmico
Logo que assumiu o comando, em julho, Dinamite alegou ter encontrado um clube “falido”, segundo ele, fruto dos erros da administração anterior. Algumas vice-presidências foram extintas e nomes como José Henrique Coelho (marketing), Manuel Fontes, o Neca (futebol), Luso Soares da Costa (patrimônio), José Hamilton Mandarino (finanças) e Luiz Américo (jurídico) se transformaram em “cardeais” da Colina.

A primeira polêmica envolvendo a administração de Dinamite aconteceu na negociação do garoto Philippe Coutinho, atualmente nos profissionais do Vasco. O jogador foi vendido para o Inter de Milão, mas os dirigentes e o então vice de futebol, Manuel Fontes, tentaram abafar a informação. No fim das contas, o clube recebeu cerca de R$ 10 milhões pela revelação, que vai deixar a Colina em julho de 2010. Após mais erros do que acertos, Neca deixou o cargo.


Contratação de Tita e queda para a Série B


Ao GLOBOESPORTE.COM, Roberto Dinamite apontou o principal erro e os acertos no seu primeiro ano de mandato. Em uma rápida conversa por telefone, o dirigente assinalou a queda para a Série B como a maior falha da sua administração. O rebaixamento manchou a história do clube, que jamais havia convivido com tal situação. - Pela paixão foi o maior erro. O acerto passa por vários caminhos. Formar uma comissão técnica em 2009 e um grupo que eu considero competitivo dentro da realidade do Vasco é um acerto. Além disso, aos poucos, estamos conseguindo cumprir as nossas obrigações administrativas - analisou o dirigente. Sem querer entrar em detalhes de outros erros de 2008, Dinamite já admitiu que falhou ao contratar Tita no meio do Brasileirão do ano passado. Para o presidente, a contratação do treinador foi um dos fatores para a queda para a Série B. Outro ponto que tem atrapalhado o clube é o patrocínio da Eletrobrás, anunciado em dezembro e que não foi sacramentado até o momento. Pela informações dos dirigentes, o acordo deve ser assinado no próximos dias.


Troca-troca no material esportivo
No início de 2009, o acerto com a Champs para ser a fornecedora de material esportivo também causou estranheza em grande parte da torcida e dos próprios conselheiros cruzmaltinos. Cinco meses depois, o clube quebrou o acordo por falta de pagamento e fornecimento irregular dos uniformes para consumo interno e para os torcedores. Sem falar nas reclamações dos jogadores por conta da qualidade dos produtos.

Além de um acordo com uma empresa pouco conhecida, a escolha dos desenhos dos novos uniformes causaram revolta nos vascaínos mais saudosistas. Na época, o então vice-presidente de marketing, José Henrique Coelho, afirmou que a camisa era "fashion". A empresa foi obrigada a criar outras duas camisas.

Após a quebra de contrato com a Champs, a diretoria do Vasco acertou com a Penalty. Além do contrato ser vantajoso, de acordo como o atual vice-presidente de marketing, Fábio Fernandes, o clube ainda acertou o pagamento de uma dívida que se arrasta desde a década de 90. Pelo acordo de 5 anos, o clube vai receber cerca de R$ 64 milhões.


Perda de pontos na Taça Guanabara


Márcio Iannacca/GLOBOESPORTE.COM
Jéferson foi o pivô da perda de seis pontos no primeiro turno do Campeonato Carioca
Já rebaixado à Série B, o Vasco precisou remontar a sua equipe. O primeiro passo foi contratar o técnico Dorival Júnior e reforçar o time com peças que pudessem se enquadrar dentro do orçamento de 2009. Com um início surpreendente na Taça Guanabara, o time levou um golpe inesperado. Às vésperas de confirmar a sua boa campanha e a classificação para as semifinais do torneio, o clube acabou perdendo seis pontos após julgamento no TJD. A punição ocorreu por conta da escalação do meia Jéferson na estreia do torneio, na derrota por 2 a 0 para o Americano, em São Januário.

O erro de avaliação acabou afastando um dos principais responsáveis pela chegada de Roberto Dinamite ao poder. O advogado Luiz Américo de Paula Chaves, então vice-presidente jurídico, perdeu o cargo por ter sido apontado como o principal culpado pela perda de seis pontos. Além disso, o clube quase foi eliminado da competição por ter acionado na Justiça comum.


Profissionalização de futebol e marketing
Por outro lado, em um ano de mandato, Dinamite buscou profissionalizar os principais departamentos do clube. O futebol passou a ter Rodrigo Caetano, ex-Grêmio, como o seu executivo, e Dorival Júnior como treinador. Tais acões são apontadas pelos torcedores como o principal acerto da atual gestão.

No departamento de marketing, com a saída de José Henrique Coelho, que fez graves acusações à atual diretoria, e a chegada de Fábio Fernandes, dono da F/Nazca, uma das principais agências do país, mudou a forma de conduta do clube em relação aos associados. A primeira ação do profissional foi criar o programa de sócios "O Vasco é meu", que já conseguiu mais de 25 mil cadastros.

Para o presidente, o clube está no caminho certo para honrar os seus compromissos e firmar novas parcerias.- Vamos conseguir cumprir as nossas obrigações com mais eficiência, com mais competência. Estamos no caminho certo para uma recuperação de um novo Vasco. Com uma administração competente buscando as parcerias necessárias, cumprindo o que aparece em períodos anteriores. O desafio é esse, e ele é constante. Temos um estudo e em um prazo de três ou quatro anos vamos conseguir cumprir os nossos compromissos - avaliou o dirigente cruzmaltino.


Nota para o primeiro ano de mandato
Ao ser questionado sobre que nota daria para o seu primeiro ano de mandato, Dinamite pensou por alguns segundos, mas preferiu não apontar uma graduação para a sua administração entre julho de 2008 e junho de 2009. - Essa minha administração passa por dois momentos. O primeiro é o lado da paixão e da emoção. E queira ou não foi no nosso período que o Vasco foi para a Série B. Em um segundo momento, o clube está mostrando uma responsabilidade maior. Estamos mostrando que é possível trabalhar de uma forma competente e honesta e que podemos fazer as coisas acontecerem. Essa é a minha proposta. É isso que estamos buscando. Não é fácil, mas estamos prontos para vencer esse obstáculo - disse o dirigente.


fonte: globo