quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Após condenação, Jobson busca consolo em General Severiano

Atacante faz visita aos ex-companheiros de Botafogo, e clube pensa em 'adotar' jogador durante seu período de suspensão


O contrato é com o Brasiliense, e o futuro seria no Cruzeiro. Mas foi no Botafogo que Jobson buscou apoio depois que a Segunda Comissão Disciplinar do Superior Tribunal de Justiça Desportiva o condenou com pena de dois anos de suspensão por uso de cocaína. Ainda na noite da última terça-feira, após o julgamento no qual admitiu ter usado crack, o atacante rumou para General Severiano, onde recebeu a solidariedade de ex-companheiros.

Como o grupo alvinegro está em regime de concentração, Jobson pôde falar com alguns jogadores e conversar com o técnico Estevam Soares. Por meio de algumas palavras e abraços, o clube que o atacante defendeu até o fim do ano passado pôde demonstrar de uma primeira maneira o seu apoio e agradecimento pelas atuações de destaque, que ajudaram a equipe a se livrar do rebaixamento no Campeonato Brasileiro de 2009. O desempenho chegou a render um contrato com o Cruzeiro, mas a negociação foi desfeita depois de confirmado o caso de doping.

Mas o Botafogo não quer se limitar aos gestos. Alguns integrantes da comissão técnica conversaram sobre a possibilidade de integrar Jobson ao grupo para que ele participe dos treinamentos e mantenha a forma durante os dois anos de suspensão. Além de ser bom para o corpo, o Alvinegro entende que esta atitude será fundamental para a mente do jogador, que poderia canalizar para o esporte, e não para as drogas, a tristeza por estar proibido de jogar futebol. Entretanto, a ideia ainda será levada à diretoria, caso seja viável juridicamente.

Presidente do Botafogo cita drama familiar como exemplo da importância de ajuda

Presente ao lado de Jobson durante todo o seu julgamento, na última terça, o presidente do Botafogo, Maurício Assumpção, revelou que um drama vivido de perto pelo atacante é uma das motivações que o fazem estar junto dele neste momento difícil.

- Entendo perfeitamente a situação do Jobson e não julgo sua atitude e nem a condenação sofrida por ele. Tenho uma vivência familiar em relação às drogas, pois por esse motivo perdi um irmão com 21 anos e, portanto, sei o que elas representam. O Botafogo é muito agradecido pelo que o Jobson fez, e no momento em que ele disser que precisa de ajuda, o clube o fará - disse o presidente.

Maurício Assumpção também confirmou que, se for o caso, o Botafogo acolherá Jobson durante o período de suspensão.

- O clube se colocou à disposição do Brasiliense, do jogador e de seu empresário para que eles façam o que acharem melhor.

ENTENDA O CASO

Jobson foi flagrado pela primeira vez no exame antidoping no dia 8 de novembro, quando o Botafogo derrotou o Coritiba por 2 a 0, no Engenhão. A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) solicitou a contraprova, que confirmou a presença de cocaína na urina do jogador. A notícia foi divulgada apenas depois que o atacante foi submetido a um novo exame, em 6 de dezembro, após o Alvinegro derrotar o Palmeiras por 2 a 1, na última rodada do Brasileirão. Àquela altura, mais precisamente no dia 17, ele já havia sido suspenso preventivamente por 30 dias pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), e a segunda coleta também apontou traços da droga. Uma nova contraprova não foi realizada, uma vez que a CBF não fez a solicitação.

As leis mundiais antidoping preveem que um atleta seja banido do esporte se for condenado duas vezes por uso de substância proibida. No entanto, existia a possibilidade de a pena ser somente agravada, chegando até quatro anos de suspensão (dois anos para cada flagrante). Desde o início a defesa do jogador entendia que os dois casos deveriam ser transformados em apenas um, acabando com o risco de reincidência. O resultado do julgamento, feito pelo STJD de acordo com o códido da Agência Mundial de Antidoping (Wada), será encaminhado à Fifa pela CBF.

fonte: globo