Depois de quase três anos sem um cenário tão conturbado, queda de rendimento no Brasileirão provoca crise no time do Parque São Jorge
Adilson Batista não teve um dia fácil neste domingo. Na verdade, a pressão começou no sábado, quando sete integrantes da maior organizada do clube se reuniram no Parque Ecológico com diretoria e líderes do elenco, como Alessandro, Paulo André, Roberto Carlos e William. Neste domingo, do vestiário, o treinador já sentiu a insatisfação da torcida com a escalação que mandaria a campo. Seria um dia para o Corinthians reviver tempos do velho Corinthians.
Com Chicão à disposição após recuperar-se de lesão no joelho direito, o técnico optou por Thiago Heleno de titular ao lado de William. A hora que o nome do zagueiro apareceu no telão, vaias. Outros que iniciavam o jogo, como Moacir e Souza, também foram hostilizados. E dentro de campo, a situação só piorou. Erros em cima de erros provocaram a derrota por 4 a 3 para o Atlético-GO.
A torcida, então, parou de apoiar depois do apito final. Gritou “não é mole não, o Brasileiro virou obrigação”, “se não ganhar, o bicho vai pegar”, “queremos jogador”, entre outros gritos de pressão tradicionalmente usados. Acabada a partida, membros da maior organizadas do Timão foram tentar entrar no vestiário. Foram barrados e ficaram sem o mesmo privilégio que tiveram no sábado.
O clima de pressão fez com que alguns seguranças da empresa terceirizada pelo Corinthians em dias de jogos perdessem a cabeça. Além de baterem boca com um senhor que se dizia dirigente e queria entrar, um dos rapazes tentou dar um soco na cara de um jornalista que apenas questionava o motivo de a passagem da imprensa estar fechada. Segundo a chefia de segurança do clube, ele foi demitido.
Já no vestiário do Pacaembu, tensão no ar. Antes do anúncio da demissão de Adilson Batista, 30 minutos de reunião lá dentro. Enquanto isso, a torcida se reunia, cada vez em maior número na porta do ônibus da delegação. Os jogadores, com medo, ficaram dentro do vestiário e só partiram para o veículo na hora de ir embora. Ouviram xingamentos dos mais variados tipos.
Dentro do estacionamento do estádio havia mais de 30 pessoas e do lado de fora do portão 23 mais uns 70 fanáticos. Antes disso, na Praça Charles Miller, principal acesso ao Pacaembu, a Polícia Militar teve de usar bombas de efeito moral, mas nenhuma ocorrência mais grave ocorreu.
Para quem estava acostumando com um Corinthians sem crise, de clima leve, o cenário de hoje faz o torcedor relembrar de tempos nada agradáveis, em que o clima de pressão era rotineiro e agressivo.
FONTE: GLOBO