Briga por contratações duvidosas, problemas no time e dirigentes batendo cabeça: em campo, Palmeiras sente desorganização e já teme rebaixamento
O Palmeiras do segundo semestre de 2011 prima pela falta de sintonia entre seus principais nomes. Uma série de erros de planejamento dentro e fora de campo culminou na fraca campanha da equipe no segundo turno do Campeonato Brasileiro. Com 41 pontos, a sete da zona de rebaixamento, o Verdão paga pelos equívocos, picuinhas e contratações que não deram certo. A cinco jogos do fim do Brasileirão, a intenção é se livrar logo do risco de degola e planejar a próxima temporada para evitar a repetição dos problemas.
O GLOBOESPORTE.COM listou quatro grandes “incoerências” do Palmeiras nesta atual fase, que culminaram no distanciamento entre o técnico Luiz Felipe Scolari e seu elenco. De longe, a diretoria tenta buscar alternativas para melhorar o ambiente. Todos os problemas estouraram justamente após o início do segundo turno. Em 14 jogos, o Verdão só venceu um, contra o Ceará, no Canindé.
Briga por jogadores de “baixo escalão”
O técnico Luiz Felipe Scolari brigou com a diretoria para ter jogadores que hoje, curiosamente, não aproveita. O principal caso é o do meia Pedro Carmona, que chegou a abandonar a concentração do Criciúma para acertar sua transferência para o Verdão – ele estava emprestado ao clube catarinense e pertencia ao São José-RS. Depois que chegou ao Palestra, porém, fez apenas dois jogos e hoje sequer é relacionado.
Outro caso é o do lateral-esquerdo Gerley, que custou R$ 1,3 milhão aos cofres do Palmeiras. Observado e aprovado pelo supervisor de futebol Galeano, o jogador denotou um grande esforço da diretoria para contratá-lo. Com o aval de Galeano, seu homem de confiança, Felipão deu chances ao lateral, mas o colocou na geladeira depois de uma expulsão contra o Avaí.
A posição de centroavante também já deu dor de cabeça no Palmeiras. Desde o início do ano, Felipão pedia um autêntico camisa 9 para ficar fixo na área, e a diretoria atendeu com Wellington Paulista, ex-Cruzeiro. Nas poucas oportunidades que teve, porém, foi escalado para jogar pelas pontas, função que tem dificuldades de exercer. Sentindo-se “queimado” pelo técnico, o centroavante pediu para sair e acabou retornando ao Cruzeiro. Hoje, Fernandão e Ricardo Bueno tentam exercer essa função – ambos foram indicados pelo treinador, que inclusive brigou com a diretoria para trazer Bueno.
Caso Kleber une, mas também racha
Em um primeiro momento, o afastamento do atacante Kleber deixou o elenco mais unido e fechado, o que resultou no empate por 1 a 1 com o Flamengo, um dia depois da briga do jogador com Felipão. Ao mesmo tempo, porém, o técnico perdeu o comando do time e não conseguiu mais retomá-lo. Com exceção de jogadores mais próximos, como Luan e Marcos Assunção, Luiz Felipe Scolari não tem mais a simpatia geral do elenco, principalmente dos mais jovens.
O “racha” entre técnico e elenco se acentuou em uma reunião fechada dos jogadores com o gerente de futebol César Sampaio. Alguns questionaram os métodos de Felipão e reclamaram do fato de o comandante expor demais seus jogadores após resultados negativos – mesma reclamação feita por Kleber no ato de seu afastamento.
Rivalidade dentro da cúpula do clube
A contratação do gerente de futebol César Sampaio serve para tentar organizar o clube, mas o novo funcionário do Palmeiras precisa fazer sua atuação não coincidir com a do supervisor de futebol Galeano e do gerente administrativo Sergio do Prado. César, aliás, vem para ser conciliador entre os dois lados – Galeano é próximo de Felipão, e Sergio tem apoio do vice-presidente Roberto Frizzo.
Técnico e dirigente não se bicam há algum tempo, mas a negociação de Kleber com o Grêmio serve para promover uma reaproximação. No elenco, os desentendimentos entre direção e comissão técnica são vistos como perigosos, já que os jogadores se sentem “desamparados” pelos dois lados.
Falta de padrão de jogo
Ainda unanimidade para a torcida, Felipão tem insistido em jogadores que colecionam atuações abaixo da média, casos de Rivaldo, Tinga e Ricardo Bueno. Parte dos palmeirenses já começa a perder a paciência com o técnico, que não consegue armar uma equipe competitiva nessa reta final de Brasileirão. Com poucos recursos, o técnico costuma escalar uma linha de três meias – Luan pela esquerda, Valdivia ou Tinga pelo meio, e Maikon Leite pela direita. No comando do ataque, Ricardo Bueno ou Fernandão. O esquema engessado é facilmente neutralizado pelos adversários.
Quando tentou inovar, o técnico também não obteve sucesso. Contra o Santos, na Vila Belmiro, escalou três zagueiros altos (Maurício Ramos, Henrique e Thiago Heleno) e mesmo assim perdeu com um gol de cabeça de Borges, bem mais baixo do que o trio. Diante do Coritiba, em Barueri, a escolha foi por três volantes: Chico, Marcos Assunção e João Vitor não conseguiram conter o rápido ataque da equipe paranaense. O próprio Felipão admitiu que falta padrão de jogo ao Palmeiras, que não conseguiu repetir a escalação por dois jogos consecutivos em 33 rodadas de Brasileirão.
Clique aqui e assista a vídeos do Palmeiras
fonte: globo