Atacante revela que não acreditou quando nome apareceu na lista das Confederações e define ‘alegria nas pernas’: ‘É tentar impor o seu jogo’
Por Márcio Iannacca
Miami, Estados Unidos
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Bastaram duas semanas de treinos para Luiz Felipe Scolari se mostrar curioso para ver a “alegria nas pernas” de um certo jogador por mais tempo com a camisa da Seleção. No jogo seguinte, lá estava o atacante Bernard entrando justamente na vaga de Neymar aos 24 minutos da etapa final do duelo contra a Itália, pela Copa das Confederações. E foi justamente essa velocidade de ter a primeira convocação, de entrar em campo e receber elogios do comandante que surpreenderam o garoto, que trocou o Atlético-MG pelo Shakhtar Donetsk logo após o torneio.
- Fiquei feliz porque eu não esperava que tudo fosse acontecer assim. Temos planejamentos, metas, que serão cumpridas aos poucos. Pensei que demoraria mais essa chance na Seleção. Esperava mais uns quatro anos como profissional até ter uma oportunidade. No futebol não dá para planejar nada. Um dia você está no céu, no outro, no inferno – disse o jogador ao GloboEsporte.com.
Bernard define apelido dado por Felipão: ´'é tentar impor o seu jogo' (Foto: Bruno Domingos / Mowa Press)
E realmente foi difícil para Bernard acreditar quando viu o seu nome na lista de convocados para a Copa das Confederações. O jogador contou que precisou ver um VT para ter certeza de que realmente havia sido chamado por Felipão.
- Foi tudo de surpresa. Não avisaram nada. Como não tinha sido chamado nas últimas convocações por uma lesão no ombro, eu estava com pouca expectativa. Deus foi maravilhoso comigo.
O elogio de Felipão com o pouco tempo de trabalho deu a Bernard a motivação necessária para a sequência do trabalho. Questionado sobre qual seria a definição para “alegria nas pernas”, o atacante não pensou duas vezes.
Bernard diz que convocação para o Brasil foi surpresa: 'Não avisaram nada' (Foto: AFP)
- Ter alegria nas pernas é sempre saber impor o seu jogo, correr, tentar ser importante para o seu time. A velocidade também é importante.
O crescimento de Bernard na Seleção foi mesmo rápido. O jogador deixou para trás, por exemplo, o meia-atacante Lucas, do Paris Saint-Germain. Xodó do torcedor brasileiro nos jogos disputados no Brasil, o ex-são-paulino não convenceu Felipão nas Confederações e acabou perdendo espaço. Por conta disso, o camisa 10 do Shakhtar Donetsk se tornou o 12º atleta do time canarinho.
Mesmo assim, o prestígio não muda o jeitão de Bernard. O atacante faz questão de elogiar as qualidades de Lucas, que ficou fora da convocação de Felipão para os amistosos contra Honduras, no dia 16, em Miami, nos Estados Unidos, e diante do Chile, em Toronto, no Canadá.
- Fiquei feliz com as minhas atuações, com tudo o que eu fiz. Sei que eu posso melhorar ainda mais. É indiscutível a qualidade do Lucas, o que ele já fez. Ele já conquistou o espaço dele dentro do futebol. Torço muito por ele, tem qualidade e precisa seguir com o trabalho para ser ainda mais reconhecido – analisou Bernard, que foi titular da Seleção em duas oportunidades, contra Austrália e Portugal, em setembro.
Chegada ao Shakhtar Donetsk
Logo após as Confederações, Bernard foi negociado com o Shakhtar. O início foi complicado, teve poucas oportunidades, mas herdou de cara a camisa 10. Foi utilizado aos poucos pelo técnico Mircea Lucescu, deu assistências, marcou o primeiro gol... Mas nada foi fácil.
- Foi bem complicado. Não de adaptação à equipe, mas aos treinos, ao fuso, alimentação, cultura diferente. Eles treinam bem mais do que no Brasil. Com o passar do tempo, você vai se acostumando.
Bernard chega à Ucrânia para vestir a camisa 10 do Shakhtar (Foto: Divulgação / Site Oficial)
Bernard explicou que as atividades em seu novo clube são apenas em um período. Mas que período...Se antes estava acostumado a ficar 1h30m dentro de campo com o técnico Cuca, com Lucescu, o tempo é bem maior. Quase três horas de atividades no CT do clube ucraniano.
Bernard: adaptação não foi fácil (Foto: Facebook)
Para facilitar a adaptação, o jogador viajou para a Ucrânia com os pais, a irmã e um primo. E, segundo ele, o apoio surtiu efeito.
- Todos passam as mesmas dificuldades aqui. Frio, dificuldade do idioma. São coisas difíceis.
Questionado sobre alguma dificuldade que tenha vivido em seu início na Europa, Bernard brincou e lembrou de um ditado do pai.
- Sigo o conselho do meu pai: “São dois ouvidos para escutar e uma boca para falar”. O segredo é escutar mais e falar menos. Mesmo que não entenda algo eu procuro ficar quieto e pedir ajuda. No mais, eu tento me virar do jeito que dá, sem inventar, sem fazer mais do que eu posso.
A Seleção enfrenta Honduras no sábado, em Miami, e o Chile, dia 19, em Toronto. Os dois confrontos serão transmitidos ao vivo pela TV Globo, Sportv e GLOBOESPORTE.COM. O site também vai acompanhar as partidas diante de Honduras e do Chile em Tempo Real.
fonte: globo
