quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Análise: Dentro e fora do Brasil, Del Nero nunca esteve tão fragilizado

Marco Polo Del Nero convocação seleção brasileira

Marco Polo Del Nero pode sobreviver a mais esta crise, mas nunca esteve tão fragilizado. O mais recente golpe desferido contra o presidente da CBF veio de Zurique, cidade que deixou de frequentar desde maio, quando ocorreu a primeira leva de prisões de dirigentes. O Comitê de Ética da Fifa anunciou nesta quinta-feira que Del Nero está sob investigação, por por ter cometido "diversas infrações".


A avaliação de dirigentes que frequentam a Fifa e de advogados especializados em direito esportivo internacional é bastante parecida: dificilmente Marco Polo Del Nero vira o ano sentado na cadeira de presidente da CBF. A previsão se sustenta no recente padrão demonstrado pelo Comitê de Ética da entidade.

O raciocínio é: se o mesmo comitê agiu rápido e pegou pesado com gente do calibre de Joseph Blatter, Jérôme Valcke e Michel Platini, é muito grande a chance de Marco Polo Del Nero ter sua punição anunciada em breve. Os três cartolas mais poderosos da entidade pegaram ganchos de 90 dias.

Além da Fifa, há o FBI. Documentos que as autoridades americanas tornaram públicos após as prisões de maio são bastante comprometedores para Marco Polo Del Nero. A investigação do FBI cita que três cartolas brasileiros receberam propina de empresas de marketing esportivo durante a venda de direitos da Copa América e da Copa do Brasil.

Um deles é José Maria Marin, preso em Zurique em 27 de maio, extraditado para os EUA em 3 de novembro e em prisão domiciliar desde então. Os outros dois ainda não tiveram seus nomes citados, mas são "o antecessor de Marin" - ou seja, Ricardo Teixeira - e "um dirigente com alto cargo na CBF, na Conmebol e na Fifa". Só um cartola preenche esses requisitos. Del Nero nega que seja ele.

O presidente da CBF não deixa o Brasil desde maio - neste período, faltou a reuniões da Fifa apesar de ocupar uma cadeira no Comitê Executivo (que só deixou na semana passada) e não foi a jogos da seleção brasileira, algo que sempre adorou fazer. Dentro do Brasil, sua situação é cada vez menos confortável.

Nesta semana, a CPI do Futebol conseguiu aprovar a quebra de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. Mais da metade dos clubes da Série A querem criar uma Liga para enfraquecer as federações estaduais, a base sobre a qual a CBF sempre se sustentou.

Del Nero também tem que conviver com a insatisfação de três dos quatro vices da CBF. Só Fernando Sarney está feliz, por ter sido nomeado para substituir o presidente no Comitê Executivo da Fifa. Delfim de Pádua Peixoto virou inimigo declarado do presidente da CBF, enquanto Marcos Vicente e Gustavo Feijó não escondem de ninguém a insatisfação por terem sido preterido por Sarney.

Até maio, a CBF tinha um quinto vice-presidente. Era José Maria Marin, hoje preso, até então o primeiro da linha sucessória de Marco Polo Del Nero, que chegou ao poder como cabeça de uma chapa chamada Continuidade Administrativa.

fonte: globo