Comércio do ouro em Doha, dominado por vendedores imigrantes, possui correntes caríssimas e diamantes que valem mais que apartamentos
Engana-se quem imagina que os jogadores brasileiros vão ao Qatar apenas para fazer fortuna. Doha, capital do país, é também o paraíso para um sonho de consumo que atinge nove em cada dez “boleiros”: as correntes de ouro. Mas é com o dinheiro despejado na derrota para o pecado da vaidade que eles indiretamente ajudam a corrigir uma grave falha social do país. Milhares de imigrantes tiram do comércio do ouro o próprio sustento e de seus familiares, deixados de lado na busca por uma qualidade de vida melhor.
Senthil Karuppannan, do Sri Lanka, exibe as correntes de ouro que vende no Gold Souk, em Doha
O “Gold Souk” fica em uma das regiões mais antigas de Doha. Por lá, ainda não chegaram os suntuosos prédios trazidos com os milhões do petróleo. Boa parte das ruas está coberta por areia e com calçamento irregular. Sem qualquer sinalização, o trânsito fica caótico por volta das 11h, quando os funcionários saem para almoçar. O mesmo acontece por volta das 16h (sim, ninguém trabalha neste período), quando retornam para a segunda metade do expediente até às 21h.
As construções de pouco luxo e conservação dão lugar a riquezas inimagináveis nas vitrines. São milhares de correntes, pulseiras, braceletes e infinitos tipos de joias dos mais variados preços e tamanhos. Eles juram que tudo é verdadeiro. A pechincha é fundamental, principalmente para não cair na conversa afiada dos vendedores, que trabalham em sua grande maioria com participação nos negócios e, obviamente, oferecem o produto mais caro assim que um cliente adentra à porta.
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Senthil Karuppannan, do Sri Lanka, não foge à regra e confessa que a estratégia principal consiste em oferecer aos compradores primeiramente os diamantes pelo lucro bastante elevado. O exemplo é bastante simples: uma minúscula pedra de diamantes é vendida na loja por assustadores US$ 130 mil (R$ 224 mil), enquanto uma grossa e chamativa corrente de ouro no estilo mais adorado pelos jogadores sai por US$ 40 mil (R$ 69 mil).
- Temos peças mais baratas, mas precisamos tentar vender as mais valorizadas para ganhar mais. É um produto que pode ser guardado para sempre e passar por muitas gerações – diz e faz sua propaganda Karuppannan, que deixou a família no país natal em busca de uma vida melhor.
Os brasileiros, aliás, não conseguiram resistir à tentação e foram às compras. Além dos jogadores, as famílias do técnico Caio Júnior e do meia Juninho Pernambucano também já circularam pelo local em busca de novidades. Como os salários são altos, os gastos também são pomposos. Segundo os comerciantes, é bastante comum encontrar atletas brasileiros gastando seus dólares na região.
- É difícil vir até aqui e não comprar nada. Mas é preciso pechinchar bastante para conseguir um bom desconto. Se o vendedor diz que o negócio está fechado e você volta atrás, eles ficam muito bravos – contou Leonardo Vitorino, auxiliar-técnico de Caio Júnior, morador de Doha há três anos e um dos guias dos brasileiros do mercado.
Carlos Augusto Ferrari/GLOBOESPORTE.COM
Indiano Mohammed Iocrnhi exibe os relógios que vende na loja em que trabalha em Doha
Mas não é apenas de ouro e diamante que vive o “Gold Souk”. Como acontece no Brasil, as lojas de produtos falsificados e segunda mão se multiplicam. Para fugir da fiscalização, o indiano Mohammed Iocrnhi guarda no segundo andar bolsas não originais de marcas famosíssimas, como Louis Vuitton, Gucci e Victor Hugo, com preços que não chegam a 20% das produções oficiais. Para chegar até elas, é preciso superar uma íngreme e apertada escada e tomar cuidado para não pisar nos produtos.
Na parte e baixo da loja, a especialidade de Mohammed é vender relógios, sejam falsos ou originais. As cópias são idênticas e, pelo preço, convidativas a quem procura apenas um produto pela estética e não por sua criação. Um modelo da marca Breitling, uma das mais famosas do mundo, sai por pouco mais de R$ 150, enquanto o “oficial”deixa as prateleiras das mais famosas lojas por menos de R$ 4 mil.
Como no Brasil, o trabalho informal também ganha espaço e ajuda a reduzir a desigualdade. Há pouco mais de quatro meses dividindo uma casa com outras cinco pessoas em Doha, o indiano contabiliza os lucros. Em seu país, conseguia embolsar mensalmente na mesma função cerca de R$ 300. No Qatar, a quantia saltou para aproximadamente R$ 700, o que lhe permite enviar dinheiro para ajudar a família.
- Aqui posso ganhar mais dinheiro e mandar para os meus parentes que precisam. Minha família vive relativamente bem na Índia, mas lá você tem um limite para crescer financeiramente. Aqui em Doha, isso não acontece. Você pode ter mais e mais. E é disso que estou atrás – completou.
fonte: globo
Engana-se quem imagina que os jogadores brasileiros vão ao Qatar apenas para fazer fortuna. Doha, capital do país, é também o paraíso para um sonho de consumo que atinge nove em cada dez “boleiros”: as correntes de ouro. Mas é com o dinheiro despejado na derrota para o pecado da vaidade que eles indiretamente ajudam a corrigir uma grave falha social do país. Milhares de imigrantes tiram do comércio do ouro o próprio sustento e de seus familiares, deixados de lado na busca por uma qualidade de vida melhor.
Senthil Karuppannan, do Sri Lanka, exibe as correntes de ouro que vende no Gold Souk, em Doha
O “Gold Souk” fica em uma das regiões mais antigas de Doha. Por lá, ainda não chegaram os suntuosos prédios trazidos com os milhões do petróleo. Boa parte das ruas está coberta por areia e com calçamento irregular. Sem qualquer sinalização, o trânsito fica caótico por volta das 11h, quando os funcionários saem para almoçar. O mesmo acontece por volta das 16h (sim, ninguém trabalha neste período), quando retornam para a segunda metade do expediente até às 21h.
As construções de pouco luxo e conservação dão lugar a riquezas inimagináveis nas vitrines. São milhares de correntes, pulseiras, braceletes e infinitos tipos de joias dos mais variados preços e tamanhos. Eles juram que tudo é verdadeiro. A pechincha é fundamental, principalmente para não cair na conversa afiada dos vendedores, que trabalham em sua grande maioria com participação nos negócios e, obviamente, oferecem o produto mais caro assim que um cliente adentra à porta.
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Naldo e Felipe Melo se machucam. Robinho apenas corre e assiste a treino
Senthil Karuppannan, do Sri Lanka, não foge à regra e confessa que a estratégia principal consiste em oferecer aos compradores primeiramente os diamantes pelo lucro bastante elevado. O exemplo é bastante simples: uma minúscula pedra de diamantes é vendida na loja por assustadores US$ 130 mil (R$ 224 mil), enquanto uma grossa e chamativa corrente de ouro no estilo mais adorado pelos jogadores sai por US$ 40 mil (R$ 69 mil).
- Temos peças mais baratas, mas precisamos tentar vender as mais valorizadas para ganhar mais. É um produto que pode ser guardado para sempre e passar por muitas gerações – diz e faz sua propaganda Karuppannan, que deixou a família no país natal em busca de uma vida melhor.
Os brasileiros, aliás, não conseguiram resistir à tentação e foram às compras. Além dos jogadores, as famílias do técnico Caio Júnior e do meia Juninho Pernambucano também já circularam pelo local em busca de novidades. Como os salários são altos, os gastos também são pomposos. Segundo os comerciantes, é bastante comum encontrar atletas brasileiros gastando seus dólares na região.
- É difícil vir até aqui e não comprar nada. Mas é preciso pechinchar bastante para conseguir um bom desconto. Se o vendedor diz que o negócio está fechado e você volta atrás, eles ficam muito bravos – contou Leonardo Vitorino, auxiliar-técnico de Caio Júnior, morador de Doha há três anos e um dos guias dos brasileiros do mercado.
Carlos Augusto Ferrari/GLOBOESPORTE.COM
Indiano Mohammed Iocrnhi exibe os relógios que vende na loja em que trabalha em Doha
Mas não é apenas de ouro e diamante que vive o “Gold Souk”. Como acontece no Brasil, as lojas de produtos falsificados e segunda mão se multiplicam. Para fugir da fiscalização, o indiano Mohammed Iocrnhi guarda no segundo andar bolsas não originais de marcas famosíssimas, como Louis Vuitton, Gucci e Victor Hugo, com preços que não chegam a 20% das produções oficiais. Para chegar até elas, é preciso superar uma íngreme e apertada escada e tomar cuidado para não pisar nos produtos.
Na parte e baixo da loja, a especialidade de Mohammed é vender relógios, sejam falsos ou originais. As cópias são idênticas e, pelo preço, convidativas a quem procura apenas um produto pela estética e não por sua criação. Um modelo da marca Breitling, uma das mais famosas do mundo, sai por pouco mais de R$ 150, enquanto o “oficial”deixa as prateleiras das mais famosas lojas por menos de R$ 4 mil.
Como no Brasil, o trabalho informal também ganha espaço e ajuda a reduzir a desigualdade. Há pouco mais de quatro meses dividindo uma casa com outras cinco pessoas em Doha, o indiano contabiliza os lucros. Em seu país, conseguia embolsar mensalmente na mesma função cerca de R$ 300. No Qatar, a quantia saltou para aproximadamente R$ 700, o que lhe permite enviar dinheiro para ajudar a família.
- Aqui posso ganhar mais dinheiro e mandar para os meus parentes que precisam. Minha família vive relativamente bem na Índia, mas lá você tem um limite para crescer financeiramente. Aqui em Doha, isso não acontece. Você pode ter mais e mais. E é disso que estou atrás – completou.
fonte: globo