Craque pode voltar a ser campeão do continente no mesmo país onde deu seus primeiros passos para brilhar na seleção brasileira e ser melhor do mundo
Por Alexandre Lozetti e Fernando Martins Y Miguel
Assunção
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“Olha o que ele fez, olha o que ele fez...” Quem não se lembra do primeiro gol de Ronaldinho pela seleção brasileira? A narração de Galvão Bueno eternizou o chapéu em Rey e a obra de arte pintada e assinada no Paraguai, durante a Copa América de 1999. Paraguai... O país está mesmo no curso do Gaúcho. Foi lá, na goleada por 7 a 0 sobre a Venezuela, no Estádio Tres Febrero, em Ciudad del Leste, que ele começou a brilhar no continente, há 14 anos, e deu o primeiro passo para conquistar o mundo - na final de 99, o Brasil foi campeão em cima do Uruguai. É lá também que ele pode reconquistar definitivamente seu prestígio, agora com as cores alvinegras do Atlético-MG.
Nesta quarta-feira, todos os olhares, suspiros e pensamentos positivos da Massa estarão em Assunção, onde o Galo começa a decidir a Taça Libertadores contra o Olimpia, às 21h50 (de Brasília), no estádio Defensores del Chaco. E mesmo com o momento iluminado de Victor, Jô, Diego Tardelli e companhia, reside no camisa 10 a maior esperança da torcida na conquista inédita. A TV Globo transmite a partida para Minas Gerais, o SporTV, para todo o Brasil. O GLOBOESPORTE.COM acompanhará o duelo em Tempo Real.
Ronaldinho era um menino de 19 anos lançado por Vanderlei Luxemburgo quando entrou numa Seleção de astros, campeã, e mostrou que chegaria para ficar. Em Ciudad del Este, com poucos minutos em campo, roubou a cena. Agora é um veterano de 33, com prêmios e títulos no currículo. Mas só no Galo, depois de muito tempo, recuperou o sorriso que marcou seu início e o auge no Barcelona.
Em Assunção, ele é o centro das atenções. No aeroporto, curiosos se frustraram com a saída da delegação pela pista. Queriam ver Ronaldinho. Na chegada ao hotel, com uma touca na cabeça, foi facilmente identificado e ovacionado, mesmo que por pouca gente.
E os jornalistas só querem saber dele. Um repórter perguntou ao assessor de imprensa do Atlético se o craque daria entrevistas. Ao receber resposta negativa, matreiro, confessou.
- É que eu queria tirar uma foto com ele...
Preterido por Luiz Felipe Scolari por mau futebol e mau comportamento na Seleção, o craque sabe que sua única chance de disputar a Copa do Mundo de 2014 é virar um jogo praticamente perdido. Em 1999, ele brilhou no Paraguai e ganhou espaço para ser pentacampeão em 2002.
Agora, há pouco tempo, menos de um ano para o Mundial. Mas Ronaldinho sabe que, para manter o sonho aceso, precisa reconquistar a América e fazer da torcida atleticana a mais feliz de todas.
Olimpia: o técnico Ever Almeida praticamente definiu a equipe que encara o Galo, no primeiro jogo da decisão da Taça Libertadores mesmo fazendo muito mistério, já que a equipe treinou com portões fechados nos últimos dois dias. O atacante Ferreyra ficará no banco de reservas porque ainda se recupera de edema na coxa esquerda. Em seu lugar, Alejandro Silva e Matías Gimenez disputam a posição, sendo essa a única dúvida da imprensa paraguaia. A equipe para a final será formada por Martín Silva; Mazzacote, Manzur, Miranda e Candia; Pittoni, Aranda, Alejandro Silva (Matías Gimenez); Salgueiro e Bareiro.
Atlético-MG: Cuca terá o retorno do zagueiro Réver ao time. Porém, não contará com Bernard, suspenso. No lugar do camisa 11 atleticano, Luan é o mais cotado, já que as características do suplente se assemelham às do titular. O Galo vai a campo com Victor; Marcos Rocha, Leonardo Silva, Réver e Richarlyson; Pierre, Josué, Luan, Ronaldinho Gaúcho e Diego Tardelli; Jô.
Olimpia: ninguém.
Atlético-MG: o meia Bernard está suspenso pelo terceiro cartão amarelo. Já o volante Leandro Donizete ainda não se recuperou do edema na coxa direita.
Olimpia: Silva, Manzur, Ferreyra, Baez e Benitez.
Atlético-MG: Pierre, Marcos Rocha, Tardelli e Leandro Donizete.
Néstor Fabián Pitana é um dos principais árbitros da nova geração da Argentina. Com 38 anos, chega, nesta final da Taça Libertadores, ao auge da carreira. Pitana já apitou três partidas nesta Libertadores, duas de times brasileiros (Corinthians e Fluminense) e uma de um paraguaio (Cerro Porteño), todas na fase de grupos. Curiosamente, em todos os jogos, o dono da casa venceu. Pitana, antes de se dedicar à arbitragem, já foi ator de cinema. Ele trabalhou. Em 1997, no filme “The Fury”, no qual interpretou um guarda da prisão, que acompanhava os protagonistas Diego Torres e Laura Novoa.
Os auxiliares da partida serão Hernan Maidana e Juan Belatti, ambos da Argentina.
Olimpia: O clube paraguaio luta pelo 4ª título da Libertadores e neste caso igualaria o Estudiantes de La Plata na condição de 4º maior vencedor da competição, atrás apenas de Independiente (7 títulos), Boca Juniors (6) e Peñarol (5). O futebol brasileiro é o atual tricampeão da competição - Inter em 2010, Santos em 2011 e Corinthians em 2012. A única vez que o Brasil havia conquistado a Libertadores anteriormente por três anos consecutivos foi de 1997 a 1999, com Cruzeiro, Vasco e Palmeiras, respectivamente. O Brasil jamais teve quatro campeões seguidos na história da Libertadores.
Atlético-MG: O Galo pode ser a 10ª equipe brasileira a conquistar a Taça Libertadores. Caso seja campeão, o Galo entra no seleto grupo de campeões da Libertadores da América. Com três títulos, São Paulo e Santos lideram este ranking, seguidos por Cruzeiro, Grêmio e Internacional, com dois títulos, Flamengo, Vasco, Palmeiras e Corinthians, uma vez cada.
Na única decisão entre os dois clubes em toda a história, o Atlético-MG levou a melhor e sagrou-se campeão da Copa Conmebol de 1992. Na primeira partida, no Mineirão, o Galo venceu por 2 a 0. Os dois gols foram marcados pelo atacante Negrini. Na segunda partida, no pequeno estádio Manuel Ferreira, a equipe paraguaia venceu por 1 a 0, gol de Caballero, aos 44 minutos do segundo tempo. O resultado, no entanto, não foi suficiente para arrancar o título do Galo.
FONTE: GLOBO