Baixinho passou a ser freqüentador assíduo do Fórum do Rio, onde está envolvido em pelo menos 20 ações judiciais
Série mostra os problemas de Romário na Justiça
Aposentado dos gramados, Romário mudou de ares. Porém, continua na ofensiva. Com mais tempo para resolver pendengas judiciais, o Baixinho trocou os estádios pelas salas de audiência. Não são raras suas visitas no Fórum do Rio, na companhia de advogados. Antes de operar o joelho esquerdo na semana passada, o ex-camisa 11 chegou a saltar de uma sessão na Vara de Família - envolvendo a ex-mulher Mônica Santoro - para uma reunião sobre direitos trabalhistas com dirigentes dos clubes que lhe devem.
Atualmente, Romário está envolvido, seja como autor ou réu, em pelo menos 20 processos. Flamengo, Fluminense e Vasco lhe devem 27 milhões, sem contar a correção monetária. E o ex-jogador está disposto não só a receber tudo que foi acordado com os times cariocas, como a quitar uma dívida de R$ 6 milhões com terceiros.
O GLOBOESPORTE.COM revela a partir desta quarta-feira, em uma série de reportagens, o que vem tirando o sono do Baixinho. Quais os principais imbróglios enfrentados por Romário para voltar a sorrir, agora, nos campos de pelada.
Ferrari, Porsche e Mercedes penhorados por dívidas com vizinho
Anfitrião de festas de arromba num condomínio de luxo na Barra da Tijuca, Romário pode ter que cessar os animados encontros com amigos por causa de uma ação judicial. Não que o Baixinho tenha que respeitar a lei do silêncio após as 22h. Mas corre na 5ª Vara Cível, no Fórum do Rio, um mandado de penhora do apartamento do ex-jogador.
Avaliado em R$ 8 milhões, o bem mais valioso de Romário pode ir a leilão. De acordo com o advogado de Levi Sotero, vizinho e autor da ação, o ex-jogador fez obras na sua cobertura, de 2003 a 2006, e danificou os dois apartamentos do andar de baixo. Sotero conseguiu o empenho do bem e mais R$ 20 mil de danos morais; o outro vizinho recebeu R$ 260 mil de danos materiais.
Romário diz desconhecer os detalhes do processo. De muletas por causa de uma operação no joelho esquerdo, o Baixinho esteve na última segunda-feira no clube Caça e Pesca para rever os amigos de pelada. E, em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, deu sua versão dos fatos.
- O vazamento é um problema do prédio, não do meu apartamento. Acho que há um problema de impermeabilização no condomínio. Também tive prejuízo com a água da chuva escorrendo pelo meu telhado - garante o tetracampeão.
Divulgação/GLOBOESPORTE.COM
Ferrari de Romário está penhorada
No processo de acesso público, nº 2003.209.007363-3, consta que o Baixinho teve três carros (Ferrari, Porsche e Mercedes Benz) e uma moto (BMW) penhorados. Entretanto, Norval Valério, o advogado do tetracampeão acha que a situação ainda pode ser contornada.
- Peguei a causa quando o bem já estava em fase de liquidação (prestes a ir a leilão). Mas vamos recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) para tentar inverter essa decisão. Apesar de a causa já ter transitado em julgado na 2ª instância, creio que também posso entrar com uma ação rescisória, a fim de evitar a venda do apartamento - garante Norval, para depois dizer o mesmo de Romário: que há um vazamento do prédio, não na cobertura do seu cliente. E, neste caso, a tendência é haver uma transferência da responsabilidade para a construtora Diamante Diamante - responsável pelo empreendimento.
Trecho do processo movido por vizinho de Romário por causa de vazamento no apartamento
Além disso, a Receita Federal cobra da ex-mulher de Romário, Mônica Santoro, R$ 7 milhões referentes ao não pagamento de imposto de renda das pensões alimentícias dos filhos Romarinho e Moniquinha. Como a modelo também é uma das proprietárias desse tal apartamento num condomínio de luxo no Rio, o Baixinho acabou sendo prejudicado indiretamente. De 1995 (data da separação do casal) até agora, Mônica Santoro não teria declarado os valores recebidos de pensão nem destinado uma parte dos rendimentos ao leão do imposto de renda.
Romário ainda é dono de um prédio na Vila da Penha, um grupo de salas na Barra da Tijuca e de um terreno no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio. No entanto, estes bens, segundo advogados de acusação, estão associados à empresa Romário Sports & Marketing Ltda e em nome de terceiros. O que dificulta o confisco de bens para o pagamento de indenizações.
- Um devedor não pode transferir um patrimônio para terceiros. E o Romário fez isso ao passar a Ferrari para o nome da atual esposa (Isabella Bittencourt). Ele cometeu uma fraude de execução. Além disso, o Banco Central não achou nada no nome do ex-jogador. Ele não tem dinheiro em conta, por isso pedimos a penhora do apartamento da Barra da Tijuca - afirma João Alberto Romeiro, advogado de Levi Sotero, vizinho de Romário que reivindica na Justiça uma indenização por danos morais, materiais e lucros incessantes em função do suposto vazamento na cobertura do Baixinho.
FONTE: GLOBO