Craque se emociona ao falar com japoneses em vídeo das Nações Unidas. No Rio de Janeiro, melhor do mundo diz que não recebeu proposta do Flamengo
Marta já demonstrou que chora na alegria e na tristeza. Na dela e na dos outros. Ao ver as imagens da tragédia no Japão, a melhor jogadora do mundo se emocionou. Como embaixadora da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, decidiu gravar uma mensagem de apoio aos japoneses. Logo na primeira linha da gravação, chorou. Enxugou as lágrimas, riu da própria vergonha e continuou. A camisa 10 da Seleção Brasileira não é boa só com as bolas nos pés. Também é craque de solidariedade e se prepara para a primeira viagem internacional pela ONU.
- Como Embaixadora da Boa Vontade do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e como ser humano, quero falar com vocês, povo do Japão, no outro lado do mundo. Quero que vocês saibam que não estão sozinhos. Vocês estão nos meus pensamentos e nos pensamentos das pessoas ao redor do mundo na medida em que trabalham para reconstruir suas vidas após após os trágicos acontecimentos de 11 de março. Estamos ao lado de vocês. E estamos prontos para ajudá-los – disse Marta olhando firme para a câmera, tentando segurar o choro.
Marta escolheu uma praia no Rio de Janeiro como cenário para gravar mensagem para os japoneses. Em agosto e setembro, craque viaja como embaixadora da ONU (Fotos: André Durão / GLOBOESPORTE.COM)O cenário escolhido para a gravação foi uma praia no Rio de Janeiro. Ao lado do empresário Fabiano Farah, que também trabalha com nomes como Roberto Carlos e Ronaldo, Marta chegou sorridente e de óculos escuros. Brincou com uma bola, mas logo mudou o semblante para um tom sério ao ler o texto que teria que decorar. Tirou os óculos, para falar olho no olho com os japoneses. Após algumas tentativas – entre risos por errar as frases e choro por lembrar a causa - e driblando a força do vento, terminou a mensagem. Mas a embaixadora da ONU terá mais pela frente na missão humanitária.
GALERIA DE FOTOS: confira Marta durante a gravação para o GLOBOESPORTE.COM
Mundial feminino será em junho: Marta passou poroperação no rosto para melhorar a respiração
Em agosto e setembro, a camisa 10 da Seleção irá à África em sua primeira viagem como representante das Nações Unidas. Primeiro, passará por Serra Leoa, onde conhecerá os trabalhos da ONU em defesa dos direitos das mulheres. Em seguida, verá em Gana os projetos contra a pobreza. Humilde, diz que não sabe se será reconhecida pelos africanos.
- Eu espero né! (risos) Estive na África do Sul e me reconheceram... – brincou a craque, eleita pela Fifa como melhor do mundo nos últimos cinco anos (recorde entre homens e mulheres).
A Rainha está no Rio de Janeiro se preparando para o Mundial feminino, que será realizado entre 26 de junho e 17 de julho na Alemanha. No último sábado, passou por uma operação no rosto para melhorar a respiração e, por não ter sido liberada pelo clube Western New York Flash, não está treinando com a Seleção na Granja Comary. Sobre o futuro, Marta diz que não recebeu nenhuma proposta do Flamengo, clube que lançou um projeto de time com mulheres e sonha tê-la no elenco.
Mensagem para o Japão gravada, viagem para a África marcada, entrevista concedida. Marta coloca os óculos escuros novamente, tira foto com fãs na saída da praia e segue em direção ao carro. Antes, o empresário Fabiano Farah provoca: deixa uma latinha de refrigerante na areia, de propósito, e espera a reação da craque. Ao ver o lixo, Marta dá a bronca:
- Vai deixar isso aí? Vai sujar a praia?
Farah se diverte com a pegadinha, guarda a latinha e até faz o trânsito parar para Marta atravessar a rua. Vida de Rainha e embaixadora da ONU é assim: pensa nela e em todos ao seu redor.
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Confira abaixo a entrevista exclusiva de Marta ao GLOBOESPORTE.COM:
GLOBOESPORTE.COM: Como surgiu a ideia de mandar a mensagem para o povo japonês?
MARTA: Agora é um momento muito dificil para eles lá, nós todos estamos sujeitos a isso. São coisas que acontecem e não estão no nosso controle. O mínimo que eu podia fazer era mandar uma mensagem para dar ânimo a eles, para que os japoneses continuem trabalhando, com todos nós juntos, em busca de reconstruir a vida, o país. Como embaixadora da ONU, me sinto honrada em estar envolvida numa causa tão grande como esta. Mas infelizmente é uma coisa muito triste, ficamos sentidos. Estou pronta para fazer o que estiver ao nosso alcance.
Você é chorona, todo mundo sabe...
Mas eu me segurei pra não chorar... Realmente é uma coisa muito triste e emociona qualquer pessoa.
Para gravar a mensagem foi difícil, você se emocionou. Quando viu as imagens da tragédia na televisão, chegou a chorar também?
Cheguei a me emocionar sim, porque a gente via imagens de pessoas tentando salvar suas vidas. As famílias... Tudo destruído. É uma coisa que a gente não deseja para ninguém. São nossos irmãos, seres humanos. É muito triste e complicado ver isso e não ter como fazer alguma coisa. A gente busca ajudar para que eles tenham ânimo para seguir em frente, para que isso não volte a acontecer no Japão ou em qualquer outro lugar.
Você já tem noção do que sua imagem representa no mundo? Do tamanho dela?
Tenho noção... É supergratificante poder passar algo de positivo para as pessoas através do seu trabalho e estou sempre buscando dar o melhor de mim, com bons exemplos dentro e fora de campo. Mas também procuro não me focar muito nisso, pois pode atrapalhar o desenvolvimento do meu trabalho dentro de campo. Mas é uma coisa que eu sei que existe, tenho noção disso, e sou muito contente por ter isso na minha vida.
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Algum jogador serve como exemplo para você nesse trabalho na ONU?
Há varios jogadores que dão exemplo de simplicidade, de humanidade. Ronaldo é um dos embaixadores da ONU, assim como Zidane, Drogba... Não só no esporte, mas também outras pessoas que doam parte do seu tempo nessas atividades. Tenho todas essas pessoas como exemplo, tento seguir e ajudar como eles fazem também.
Você se prepara para a primeira viagem internacional como embaixadora da ONU. O que te espera na África?
Eu estou muito ansiosa, porque nunca passei por uma situação dessas...
Acha que vão te reconhecer lá?
Eu espero né! (risos) Estive na África do Sul e me reconheceram... Mas essa viagem é mais voltada a um trabalho da ONU, quero me envolver com isso, com as comunidades de lá, o trabalho com as pessoas, visitar os projetos sociais. Estar sempre contribuindo para ter um mundo melhor.
Falando de futebol agora, como está a Seleção feminina para o Mundial? O Brasil tem chances de título?
Depois de alguns anos, o Brasil vem sempre chegando em finais e passou a ser uma equipe de referência. Sempre entramos nos torneios para buscar os títulos. Temos um planejamento para chegar nesse Mundial, com trabalho forte, para conquistar o título inédito. Esse ano é importante porque ano que vem tem as Olimpíadas. Se a gente fizer um bom trabalho agora, vamos levar isso para Londres.
O grupo do Brasil tem Austrália, Noruega e Guiné Equatorial. É um grupo forte?
É sempre difícil, pois é um torneio de auto nível. A Noruega é muito forte, a Austrália também. Não tenho conhecimento de Guiné, mas se está no Mundial é porque tem seus méritos. O futebol feminino está crescendo muito, as equipes estão visando competições desse tipo. Será dificil, mas não impossível. Temos um time muito bom e se fizermos um trabalho muito bem feito teremos condições de ganhar esse título sim.
Mesmo sem a taça, o Mundial de 2007 foi especial para você. Poucas vezes se viu uma fase tão boa como a sua. Sonha repetir aquelas atuações?
É o meu objetivo. Trabalho em busca de melhorar. Em 2007 tinha operado o nariz, estava num momento muito bom. Isso me ajudou bastante. Senti a diferença. Agora estou operando de novo, em prol da Seleção, para melhorar minha respiração, meu condicionamento físico. Espero repetir isso. Por isso estou no Rio, fazendo academia, pois após a operação ficarei até 20 dias sem poder fazer exercício físico. Espero repetir sim.
O Flamengo contratou o técnico Kleiton Lima, da Seleção, e vai montar um time feminino. Seu nome já foi cotado para defender o clube. Tem alguma coisa aí?
Não tem nada, foram só comentários. Mas é interessante ter um time feminino no Flamengo também, é um clube grande, de nome, dá a oportunidade para outras meninas que moram no Brasil e que querem jogar. Em relação a minha pessoa, com o Flamengo não existe nada.
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