No gramado do centro esportivo nos arredores da cidade de Düsseldorf, na Alemanha, a seleção brasileira de futebol feminino começa a ensaiar os passos rumo a uma possível conquista inédita: a vitória na Copa do Mundo. O treino comandado pelo técnico Kleiton Lima é intenso. O sol do verão germânico, implacável.
No cantinho do campo, deitada de bruços, uma das jogadoras recebe tratamento rotineiro de recuperação muscular na coxa direita, com um pequeno aparelho de contração. É Marta, a estrela do time. Sorridente, ela observa no visor do aparelho o tempo que ainda falta para seguir recebendo os pequenos choques. "Podemos conversar agora, pode ser?", diz a alagoana à reportagem da Deutsche Welle, segundos antes de um dos integrantes da equipe técnica da seleção despejar sobre a cabeça da atleta uma pequena garrafa com água. "É batismo!", brinca o colega, diante dos risos de todos.
O clima de descontração ganha ar mais sério quando a alagoana de 25 anos começa a falar de sua determinação em levar para casa o troféu de campeã do mundo. "Está mais do que na hora de a gente chegar a essas finais e fazer diferente", sentencia, confiante.
Apesar do estupendo desempenho individual de Marta – eleita por cinco anos consecutivos a melhor jogadora do mundo – o time brasileiro vem sentindo nos últimos anos apenas o gosto amargo do segundo lugar: o vice-campeonato da Copa do Mundo de 2007, na China, e duas medalhas de prata nas Copas de Atenas, em 2004, e de Pequim, em 2008. "No Brasil, o segundo lugar não é considerado. Claro que não é um título, mas para o futebol feminino, que já passou por vários momentos difíceis, chegar a duas finais de olimpíada e uma de mundial é grande coisa", diz a atacante.
Atualmente jogando no New York Flash, dos Estados Unidos, a "Rainha Marta" avalia que, apesar da força do futebol norte-americano, são as alemãs que oferecem mais perigo neste mundial. "Quando você tem a torcida a seu favor, dá uma motivação a mais", explica. Ela garante, no entanto, que o grupo não vai se intimidar se topar com as alemãs ao longo da competição. "Temos que estar preparadas para enfrentar qualquer equipe", diz.
fonte: globo