terça-feira, 17 de junho de 2008

Alemanha, o adversário que Portugal queria evitar


Seleção alemã sempre esteve entre as preocupações de Felipão. Postiga lembra derrota na Copa
Rafael Maranhão Especial para o GLOBOESPORTE.COM, em Neuchatel, Suíça



Desde a primeira rodada da Eurocopa, a Alemanha tem sido a equipe mais presente e elogiada nas palavras de Luiz Felipe Scolari. A preocupação em evitar um confronto contra os alemães nas quartas-de-final era evidente.

Portugal fez a sua parte para que o encontro não acontecesse, mas não contava com o tropeço alemão contra a Croácia, que antecipou o que seria uma esperada semifinal do torneio.

O clima de empolgação em Neuchatel já não é o mesmo do início da Eurocopa. A chuva e a baixa temperatura também têm afastado os torcedores. Entre os jornalistas, um certo temor de voltar para casa antes do imaginado após um promissor início de competição. Até mesmo a derrota para a Suíça com o time reserva contribui para isso. Os jogadores tentam manter o bom ambiente e garantem estar prontos para o desafio.

- Nós estamos preparados para enfrentar qualquer adversário. Não podemos ficar escolhendo. Podemos continuar jogando o mesmo bom futebol, mas vamos precisar de ainda mais espírito de equipe, que é o que temos de mais forte - diz o zagueiro Pepe, um dos muitos que não quis falar sobre Alemanha antes da definição do Grupo B. Talvez na esperança de que a Áustria pudesse causar aquela que seria a maior zebra do torneio.

Entre os jogadores, o único que falou abertamente sobre os alemães como adversários foi o atacante reserva Hélder Postiga, que lembra a derrota para os alemães na disputa pelo terceiro lugar na Copa de 2006:

- Temos alguns dias para estudar o adversário e contas a ajustar com a Alemanha.

Talvez aquele resultado seja exatamente o que incomoda Luiz Felipe Scolari. Quando perguntado se a Holanda era um motivo de preocupação, Felipão lembrou que Portugal havia eliminado os holandeses tanto da Eurocopa de 2004 quando do Mundial de 2006.

- Não acredito que eles nos enfrentariam do mesmo jeito que fizeram contra Itália e França - diz.

Contra a Alemanha, o retrospecto sob o seu comando não ajuda. E o discurso de Felipão sobre o adversário é o oposto daquele sobre os holandeses:

- Se enfrentarmos a Alemanha sabemos que será uma equipe totalmente diferente da que perdeu para a Croácia. Totalmente diferente.

Respeito e confiança contam muito, ainda mais para um técnico motivador como Felipão. Além disso, nem sempre o desejo de "ajustar contas" dá resultado, como na final do Euro 2004, em que Portugal buscava dar o troco na Grécia pela derrota na estréia e acabou perdendo de novo. A Alemanha está confiante e chega ao confronto das quartas-de-final num papel que o ex-treinador da seleção Jurgen Klinsmann diz ser o preferido dos alemães: o de jogar o favoritismo para o lado oposto e se colocar na posição de quem precisa superar uma série de adversidades.

Ao menos no retrospecto em Eurocopas, Portugal leva vantagem. Em duas partidas, nenhuma derrota: empate sem gols na estréia em 1984 e uma vitória por 3 a 0 na Eurocopa de 2000 atuando com vários reservas por Portugal já havia garantido vaga às quartas-de-final.


FONTE: GLOBO