sexta-feira, 6 de junho de 2008

Cuca chega ao Peixe tentando se livrar de rótulo incômodo

Em dez anos trabalhando como treinador profissional, ele jamais conquistou um título de expressão


Desde 1998 atuando como técnico, os únicos títulos de Cuca como treinador são duas Taças Rio (segundo turno do Estadual), uma este ano e outra no ano passado, ambos conquistados com o Botafogo. Apresentado pelo Santos nesta quinta-feira, no CT Rei Pelé, o treinador chega disposto a incrementar seu currículo para não ter mais de lidar com perguntas sobre o assunto. O treinador diz que sua carreira prova que ele é um profissional consistente e que os títulos de expressão vão chegar logo. Por isso, não se incomoda com o rótulo de pé-frio. - Tem de saber perder, pois quando o título vier, o sabor vai ser bem grande.
Esse foi um dos assuntos explorados na primeira entrevista coletiva de Cuca como técnico do Santos. Ele confirmou ainda que, antes de pedir reforços, vai analisar o elenco alvinegro. Mas, em seguida, admitiu que, muito provavelmente, o elenco santista precisará ser reforçado. Cuca explicou ainda que vai procurar formar em Santos uma família. Ele sabe que o elenco andava chateado com os métodos de Emerson Leão, um treinador linha-dura, mas evita criticar o seu antecessor. Aliás, afirma que não vê problema nenhum em telefonar a Leão para pegar dicas sobre o atual elenco. Confira a seguir os principais tópicos da entrevista de apresentação de Cuca, novo técnico do Peixe. Fama de pé-frio

Apesar de negar, Cuca mostra em seu semblante que o fato de nunca ter conquistado um título de expressão o incomoda. Ele insiste que fez trabalhos consistentes por onde passou e que uma grande conquista é apenas uma questão de tempo.

- Todas as equipes que eu dirigi chegaram. Em duas semifinais de Copa do Brasil, levei o Botafogo a duas Copas Sul-Americanas, fui com o São Paulo até a semifinal de Taça Libertadores. São trabalhos fortes e de consistência.
Então, não me incomodo com esse rótulo. Da mesma forma como perdi para o Corinthians numa penalidade (Copa do Brasil deste ano), poderia ter ganho. E isso vai acontecer amanhã ou depois. Família Cuca
Cuca sabe que os jogadores santistas não andavam nada satisfeitos com o estilo de Emerson Leão. Linha-dura, o ex-treinador santista proibiu até mesmo sinuca na concentração. O novo técnico diz que cobra profissionalismo, mas deixa claro que seu estilo é bem diferente. Ele espera criar uma família no Peixe. A família Cuca

- Eu me defino como alguém que gosta de profissionalismo. Agora, comigo o jogador tem espaço para sair e se divertir na hora certa. Mas ele tem de saber que se gastar fora de campo não consegue dar conta dentro de campo.
Gosto de participar, fazer um ambiente salutar, que seja igual à nossa casa. O jogador vive mais tempo no clube do que em casa. E se não tiver prazer, não vai render o que pode. Motivação para os dois lados
O novo treinador santista reconhece que a mudança de treinador traz motivação extra para os jogadores de uma equipe. No entanto, ele explica que o próprio técnico se sente motivado com a mudança. Ele diz que vai haver uma troca. - Pode haver uma troca, pois eu também estou precisando de motivação. Avaliação do elenco

Cuca afirma que não vai pedir contratações imediatamente. Ele destaca que o elenco santista tem atletas de categoria, como Kleber, Rodrigo Souto e Kléber Pereira. Por isso, vai observar o que tem à disposição para depois decidir se há a necessidade de reforços. O técnico só admite que o Peixe precisa de um lateral-direito.
- Hoje temos três ou quatro equipes com elenco fortíssimo. Todos sabem quais são e eu não preciso aqui enumerar.
O Santos é uma equipe que está no mesmo nível das outras 16 ou 17 que disputam o Brasileirão. Não é um elenco fraco. Aqui, temos jogadores que todos os outros gostariam de ter. Não acho justo falar em contratação sem antes dar uma avaliada no grupo. Sabemos da necessidade de um lateral-direito, mas ainda não há nada decidido. Sim para Cafu
Cuca afirma que, aos 38 anos, Cafu ainda tem muito para mostrar. A diretoria santista tem conversado com o lateral que se desligou do Milan-ITA e espera contar com o jogador.

- Gosto do Cafu. Joguei um pouco com ele em 1995 no Juventude. Ele estava começando e eu parando. É profissional de muito vigor, muita força. Mas precisa ver o interesse do jogador, disponibilidade do clube. De qualquer maneira, gosto dele. Enfim, Molina

O novo técnico santista revela que já tinha o desejo de trabalhar com o meia colombiano Molina desde que trabalhava no Goiás, em 2003. Naquele ano, o jogador teve boa participação na Taça Libertadores, defendendo do Independiente Medellín-COL. No ano seguinte, comandando o São Paulo, Cuca voltou a indicar a contratação do jogador.

- Foi um jogador que apareceu muito bem naquela Libertadores. Tentei-o no Goiás, no São Paulo também. É um meia muito criativo. Agora, estamos juntos. Dicas de Leão

Emerson Leão deixou a Vila Belmiro, na semana passada, afirmando que o elenco santista é limitado e que não chegará muito longe no Brasileirão. Com isso, provocou mal-estar no clube. Cuca diz que não vai entrar em polêmica com Leão. Afirma que é amigo do seu antecessor e até admite consultá-lo para pegar dicas sobre o elenco que está assumindo.

- Não tenho nada contra o Leão. Ele é meu amigo. Se eu tiver de pedir informação a ele sobre um ou outro jogador, vou fazer isso. Quando saí do São Paulo, ele foi para o meu lugar e me ligou para buscar informações. Isso é normal.
FONTE: GLOBO