Presidente do Santos começou a amadurecer a ideia de trocar o comando do time logo após o empate com o São Bernardo, em plena Vila Belmiro
Adilson Batista não comanda mais o Santos. Ideia veio do presidente do clube (Foto: Ag. Estado)
Partiu do presidente do Santos, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, e do diretor de futebol do clube, Pedro Luis Nunes Conceição, a ideia de dispensar Adilson Batista no último domingo. Ribeiro foi dormir no sábado à noite, após o empate em 1 a 1 com o São Bernardo, na Vila Belmiro, preocupado e já cogitando a mudança no comando da equipe. Conversou com Pedro Luis e os dois decidiram que era melhor mesmo demitir o técnico.
No domingo, houve reuniões entre os outros membros da diretoria e do Grupo Guia (Gestão Unificada de Inteligência e Apoio ao Santos). Houve quem argumentasse se não seria melhor esperar até o jogo contra o Cerro Porteño-PAR, quarta-feira, na Vila Belmiro, pela Taça Libertadores. No entanto, essa hipótese acabou rechaçada. A torcida alvinegra já havia perdido a paciência com o técnico há tempos e a direção do clube temeu por um clima ruim para um jogo importante.
A princípio, Adilson não era um nome de consenso. Aos poucos, porém, ele ganhou a confiança dos dirigentes, que o consideravam “estudioso e trabalhador”. Os resultados da equipe nas primeiras rodadas do Paulistão animaram. Mesmo com reservas, o treinador conseguiu colocar em campo um time rápido e goleador. Nas cinco primeiras rodadas, quatro vitórias e um empate, com 18 gols marcados. Imagine então quando titulares como Neymar, que estava servindo à Seleção Brasileira sub-20, e Ganso, recuperando-se de lesão, voltassem?
E foi justamente quando passou a contar com Neymar, principal astro do time, a partir do jogo contra o Deportivo Táchira-VEN, no dia 15 de fevereiro, na Venezuela, estreia na Taça Libertadores, que o Peixe passou a disputar um futebol burocrático, com muitos toques de lado e sem criatividade. O jogo terminou 0 a 0. O fato de Adilson ter escalado três volantes incomodou conselheiros e torcedores, que preferiam Neymar ao lado de Maikon Leite e Zé Eduardo (ambos acabaram virando reservas). A inscrição na competição continental do meia Róbson, que já assinou pré-contrato com o Avaí e vai embora em maio, no lugar do prata da casa Felipe Anderson também desagradou aos santistas.
Derrota em clássico foi o estopim
Contra o Corinthians, domingo retrasado, veio o golpe que fez Adilson começar a balançar forte: a derrota por 3 a 1 provocou vaias e revolta de torcedores. Na diretoria, preocupação. Os cartolas não entendiam a insistência do treinador em escalar Neymar no meio, brigando entre zagueiros e não aberto pela esquerda, como estava acostumado. Numa reunião de avaliação, logo após o clássico, o treinador explicou para os dirigentes que achava um “desperdício” fixar Neymar como ponta. Acontece que foi assim que o atacante cresceu, apareceu e se tornou craque reconhecido internacionalmente. Por isso, a explicação do técnico não colou.
Houve também focos de insatisfação no elenco com o trabalho do treinador. O atacante Zé Eduardo, por exemplo, reclamava nos bastidores o fato de ter ficado no banco contra Táchira e Corinthians. Contra o São Bernardo, sábado passado, ele foi escalado desde o início, mas, ao ser substituído, deixou o gramado de cara amarrada, visivelmente chateado.
Com tudo isso, a direção santista resolveu não arriscar mais e, por volta das 19h do domingo, veio o anúncio oficial: Adilson estava fora, após 11 jogos (cinco vitórias, cinco empates e uma derrota).
FONTE: GLOBO