Meia não esconde a alegria por voltar a treinar e deixa claro que
o Bahia vai brigar para ficar entre os primeiros no Brasileirão
Bahia)
Parecia um dia qualquer no Fazendão, mas não era. Era um dia de reencontro. Todo o elenco do Bahia já estava reunido no gramado, quando um apressado René Simões rompeu a tranquilidade do CT tricolor no estilo Roland Garros, distribuindo raquetadas imaginárias. Mas não era René a estrela da tarde. A mais esperada presença veio logo em seguida. Calçando tênis, andando com passos apressados e mostrando alguns quilinhos a mais, uma das principais contratações tricolores dos últimos anos estava prestes a reencontrar o local onde se sente em casa. Carlos Alberto rumava para ao campo.
Apenas uma corrida leve em companhia dos titulares. Enquanto os outros correm agrupados, ele prefere se isolar. O semblante é de um jogador reflexivo, sereno. Em nada lembra o garoto-problema que esteve em ação no começo da temporada, nas conturbadas saídas de Vasco e Grêmio. Pouco tempo no gramado e o sorriso já está no rosto.
- É a satisfação de estar no campo de novo. Isso me dá muita alegria. Não ter esse contato me deixava triste - afirma o meia.
A estrutura tricolor não lembra em nada a do campeão mundial Porto, onde Carlos Alberto chamou atenção do mundo, mas para ele é suficiente.
- O clube tem uma boa estrutura. Não é aquela coisa toda, mas engloba tudo o que a gente precisa. Tem um lugar para treinar, tem privacidade, que é uma coisa que poucos clubes no Brasil têm. Isso é legal. Às vezes, depois de uma partida, de um resultado ruim, você que ficar só, trabalhar, lavar a roupa suja. Isso é bem bacana.
Desarmado, Carlos Alberto expõe o seu manual de relacionamentos com a imprensa.
- Quem me conhece sabe que comigo não tem sacanagem. Ninguém gosta de ver a sua vida particular invadida. Mas, no dia a dia, perdendo ou ganhando, podem me chamar que estou aqui para discutir futebol. Eu adoro conversar sobre futebol com quem entende, mas quem não entende quer falar sobre outras coisas, criar assuntos paralelos. Mas o futebol é muito democrático, dá essa margem de erro. Eu não posso falar ao médico como ele deve cortar o paciente, mas ele pode falar comigo. Fazer o quê? A gente tem que levar na esportiva. Perder um jogo, ter uma discussão dentro de campo é normal. Mas quem tenta alongar esse tipo de situação não acrescenta nada.
De volta ao que importa, ele promete não se eximir das responsabilidades de ser um dos craques do time.
- Tenho personalidade. Assumo o risco das decisões que eu tomo. Quando conversei com o René, com o Angionni e com o presidente sobre o projeto, percebi que era um pensamento igual ao meu. Vi que vale a pena dividir essa responsabilidade com pessoas que querem dividir isso comigo. Eu adoro fazer parte de projetos ousados, de pessoas que realmente têm coragem e querem vencer. Perecebi que não era da boca para fora, era de coração. Isso passa confiança para o jogador. Quando o Bahia me procurou, eu fiquei superfeliz porque é um clube grande, e em campo os jogadores respeitam quando você realmente se impõe. Vim para cá para passar minha experiência para os mais novos e aprender também. Estou feliz demais.
O projeto tricolor prevê voos mais altos, e o atacante não esconde a empolgação em ver tantos “parceiros” de alto nível ao seu lado.
Divulgação / Bahia)
- Eu acredito muito nesse projeto, no clube, nos jogadores. Quando a gente colocar esse time para jogar, tem tudo para deixar o Bahia entre os melhores. O futebol brasileiro hoje está muito igual. Ceará vai no Beira-Rio e ganha do Inter, o Botafogo bate o Santos. O Bahia jogou de igual para igual e até mereceu vencer o Flamengo. Muita gente não gosta quando se fala isso, mas o que vale hoje é o time que transpira mais. E transpirar nesse calor aqui não vai ter quem não faça. Depois é contar com a qualidade e experiência de cada um, comandado pelo René.
Se a nova chance vem acompanhada de muita responsabilidade, o mais jovem jogador a marcar um gol em uma final de Liga dos Campeões afirma, com brilho nos olhos.
- Eu adoro esse mundo do futebol, adoro viver sobre pressão. Quero jogar futebol. Não vejo a hora de voltar a jogar e ser julgado novamente. Nesses dias que fiquei em casa eu já queria logo voltar. Espero jogar logo.
Apesar da vontade, Carlos Alberto sabe que vai precisar de um tempo maior para fazer sua estreia.
- Tenho que cumprir algumas etapas. A parte física é o carro-chefe do futebol. Hoje em dia ninguém joga mais com a bola nos pés. Então é preciso corrigir isso para não correr riscos. E eu dependo muito da minha condição física. Clinicamente estou muito bem, e na parte física é normal e natural perder um pouco quando fica muito tempo parado. Quando se é um jogador de alto rendimento e fica muito tempo sem atuar, é natural.
Por fim, Carlos Alberto não esquece de agradecer à torcida, mas também de cobrar uma promessa feita pelos tricolores no domingo.
- A torcida foi ótima, me recebeu muito bem naquele estádio maravilhoso. Foi muito bom o torcedor gritando meu nome, dizendo que vai me dar carinho, me abraçar, dizendo que aqui eu vou ser feliz. Então espero que eles cumpram essa promessa, porque eu vou procurar retribuir dentro de campo - concluiu.
fonte: globo