Revelado pelo São Paulo, volante brasileiro exime Wenger de culpa e explica decisão após cinco temporadas no clube: ‘Não estava me sentindo bem lá’
Denilson já avisou que o seu futuro é fora do Arsenal. Mas, ao contrário do que esperavam, ele eximiu o técnico Arsène Wenger de culpa. Aos 23 anos, o volante brasileiro chegou ao Arsenal em 2006 e atingiu o seu auge na temporada 2008/2009, quando atuou por 49 vezes na temporada, sendo somente duas saindo do banco de reservas, e chegou a figurar na seleção do Campeonato Inglês. A última, no entanto, não traz boas memórias: lesões, poucas oportunidades e mais um título perdido.
Revelado pelo São Paulo e vendido por U$ 6,5 milhões (aproximadamente R$ 14 milhões), o jogador garantiu que a falta de conquistas após cinco anos não foi motivo para ter levado a se decidir por mudança de ares.
– Tive duas conversas com o Wenger. Falei que não estava mais me sentindo bem no Arsenal, era o momento de conhecer outros países, ter outra rotina e vida. Ele concordou – disse, em entrevista para o GLOBOESPORTE.COM, no Rio de Janeiro, onde ficou por alguns dias, de férias, antes de partir para a cidade da família, em Campina Grande-PB.
Voltar ao Brasil, portanto, é uma opção que não está descartada. Mas a preferência de Denilson é continuar no velho continente.
– Tenho 23 anos ainda e muitas coisas vão rolar. Se não tiver proposta boa para ficar na Europa, quero jogar aqui, sim. Seis meses. No São Paulo ou em outros clubes interessados – afirmou.
Confira a entrevista na íntegra:
Denilson em momento não muito frequente na temporada: jogando pelo Arsenal (Getty Images)
GLOBOESPORTE.COM: a sua melhor temporada foi em 2008/2009. O que deu certo naquela época e que não aconteceu agora?
DENILSON: Pessoalmente, foi o meu melhor ano. Momento em que fiz bem o meu trabalho, não me lesionei como nessa temporada, entrei para a seleção da Premier League como melhor da minha posição...
Agora, pelo contrário, ainda teve a derrota inesperada na final da Copa da Liga.
Faz seis anos que a gente não ganha nada. Estávamos em quatro competições e três delas se foram em menos de duas semanas. Doeu bastante, principalmente o jogo contra o Birmingham, que perdemos no fim. Para mim doeu muito. Vou fazer cinco anos de Arsenal e queria muito sair com algum título. Infelizmente não foi possível.
Então o seu futuro é 100% fora do Arsenal?
Vou depender das propostas, estamos esperando alguma comunicação. Mas sendo algo bom eu vou embora. No momento a prioridade é ficar na Europa, tenho o meu sonho de ainda voltar à Seleção. Caso não apareça uma boa proposta, de algum clube espanhol, italiano ou alemão, e que dispute a Liga dos Campeões, eu pretendo voltar ao Brasil para ficar seis meses. Tenho 23 anos ainda e muita coisa para rolar.
O que lhe fez tomar essa decisão?
Tive duas conversas com o Wenger. Falei que não estava mais me sentindo bem no Arsenal, era o momento de conhecer outros países, ter outra rotina e vida. Ele concordou e falou que iria ser bom para mim. Mas o motivo não é porque eu não estou jogando, nem porque não ganhei um título. Minha vontade de sair é porque eu, Denilson, não estava me sentindo bem lá. Quero conhecer outro país, aprender uma língua e isso será bom para mim.
Muitos críticos e até o Fábregas contestaram a filosofia do técnico Arsène Wenger, de investir somente em jovens. O que você acha?
Quem garante que se o Arsenal comprar um jogador experiente vai ganhar um título? A mídia logo cria a expectativa pelo fato de o Arsenal ser um clube que forma muitos atletas. Falam que é um time de meninos, de jovens. Se você olhar para a equipe do Arsenal irá ver que todo mundo é de seleção, todos têm suas responsabilidades. Não tem nenhuma criancinha que está começando. Cada um é responsável pelos seus atos, e se não ganhou não foi por falta de maturidade.
O Fábregas deu a declaração dele, mas na minha opinião o Wenger fez o que tinha que fazer. Foi um homem super honesto, muito claro e correto com todos. Deu a oportunidade para nós, que infelizmente não soubemos aproveitar. Se tem algum culpado somos nós jogadores que estamos lá correndo, dentro de campo. Jamais vou colocar a culpa no Arsène Wenger.
Você é próximo do Fábregas, e ele logo colocou panos quentes no desentendimento que aconteceu após declarações suas. Ele sai do Arsenal?
Não preciso dizer que ele é um grande jogador. Todo mundo sabe da situação dele com o Barcelona já existe há algum tempo. Se é para sair que seja feliz, se é para ficar também, melhor ainda. Que faça o Arsenal ganhar títulos, que é o que importa.
Ainda sonha com a Seleção Brasileira em um futuro próximo?
Seleção é consequência do trabalho. Se por acaso eu estiver bem no meu clube, jogando, tenho certeza de que serei lembrado. Claro que estou bastante animado para essa temporada recomeçar e saber para onde eu vou. O futuro é incerto, mas eu já me decidi e não vou voltar atrás. Jogar no Brasil pode facilitar isso, talvez.
No São Paulo?
Não sei. Vão aparecer outros clubes interessados, não só do São Paulo. Quero estudar propostas de todos, vamos ver o que vai acontecer.
Está curtindo o Rio de Janeiro?
Cheguei no sábado e estou gostando demais. Se conseguir antes de voltar para a Inglaterra fico mais uns cinco dias. Eu fui para a praia, mas a maré estava brava e não consegui aproveitar. Quero calor, nada de frio e chuva.
fonte: globo