Técnico diz que assumir o comando técnico do clube não foi aventura, que os resultados eram bons e que ainda sente falta do trabalho de campo
A ferida de Falcão permanece aberta. Uma semana depois de ser demitido do Inter, que treinou por pouco mais de três meses, o ídolo do clube reforçou sua decepção para com a diretoria colorada, justificando que seus resultados eram bons e concordando que foi alvo de uma manobra mais política do que técnica. Ainda assim, garante que não vai abandonar a carreira à beira do gramado e, apesar de não ter propostas, indicou que está, sim, de olho no mercado.
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- O Inter era a melhor maneira de recomeçar. A ideia era ficar um longo tempo. Preparei-me para isso, não foi uma aventura. Quando cheguei, em 4 de abril, a primeira coisa que me passaram era que o Inter iria contratar. E precisava qualificar mais o grupo com cinco ou seis reforços. E não aconteceu nada. Tivemos problemas de lesão e, de repente, tinha seis desfalques contra o São Paulo (derrota no Beira-Rio que selou sua saída). É aí que estão minha surpresa e decepção. A imprensa nunca cogitou minha demissão, não esperavam isso naquele momento. Eu não previa. Contra o Vasco, não merecíamos perder. Diante do Corinthians, também não. E a derrota para o São Paulo foi atípica. O primeiro tempo muito ruim, o segundo melhor - comentou Falcão, no programa "Bem, Amigos!" do SporTV.
A "saudade do campo" o moveu a aceitar o desafio e se afastar do trabalho como comentarista da TV Globo, que exerceu por 15 anos. Mas as supostas tentativas de influências extracampo, segundo ele, não foram fundamentais para o desgaste com certas pessoas.
- Acho que o presidente tem todo o direito de conversar com o treinador. Faz parte. O que eu acho que não faz parte é o presidente querer (pausa)... não escalar, mas falar algo do tipo: "o time está muito "alegre". Eu gosto de jogar com duas linhas, acho que nem sempre preciso de dois volantes. E quando se quis mudar, o Inter ganhou de 4 a 0 do Atlético-MG. Esquecendo o Falcão, os resultados eram bons. Ganhamos o Gauchão com duas vitórias sobre o Grêmio, no Olímpico e estávamos a um ponto do Palmeiras, o quarto no Brasileirão - argumentou o treinador, que negou ter sido coagido a dar preferência a jogador ligado a grupo empresarial.
- Eu não vivi isso. Queria até um parceiro para contratar para a gente (risos). Não tive essa sensação de ser pressionado. E não tem mistério. Se jogar, é escalado. Do contrário, não.
Olho no mercado
Falcão revelou não ter sido procurado por nenhum clube até agora, mas pretende seguir a carreira e espera voltar a trabalhar em breve.
- Vou seguir as palavras dele (apresentador Galvão Bueno) de que já estou no mercado (risos). Não tenho proposta ainda, mas realmente gosto muito de trabalhar no campo - disse.
O novo profissional que assumirá o Colorado não terá vida fácil, acredita ele.
- O Inter tem um grupo pequeno e vai enfrentar dificuldades neste Brasileiro, independentemente de quem vá trabalhar.
Por fim, Falcão revelou que há um clube no Brasil que ele não aceitaria o convite.
- No Grêmio, sem condições de trabalhar. Com todo o respeito ao clube, seria bem difícil lidar. A identificação que eu tenho com o Inter é muito forte - afirmou.
fonte: globo