Clubes brasileiros têm até o fechamento do expediente da CBF para inscrever atletas que estavam jogando fora do país
A janela de transferências internacionais abriu no dia 20 de junho, e por ela passaram jogadores que vieram dos mais variados países. Mas quando a CBF encerrar o expediente nesta quarta-feira, não passa mais ninguém. Ou seja, os clubes que buscam contratações no exterior têm algumas horas para aproveitar essa última fresta.
Algumas equipes já tiveram êxito na corrida contra o tempo. O Flamengo assinou com o zagueiro Alex Silva, do Hamburgo-ALE, na segunda-feira. Mesmo dia em que o volante Denílson, ex-Arsenal, acertou o seu retorno ao São Paulo.
Ao todo, os clubes da Série A do Brasileirão contrataram 34 jogadores. Apenas quatro são estrangeiros: os atacantes Santiago García (estava no Nacional-URU e foi para o Atlético-PR), e Ezequiel Miralles, (ex-Colo Colo-CHI, agora no Grêmio); o meia Manuel Lanzini (emprestado pelo River Plate-ARG ao Flu); e o lateral-direito Ivan Piris (contratado pelo São Paulo junto ao Cerro Porteño-PAR).
Botafogo, Vasco e Grêmio fizeram diferente. Contrataram jogadores por empréstimo no ano passado, gostaram do que viram e neste ano decidiram adquirir os atletas em definitivo. Foi assim com Marcelo Mattos, Eduardo Costa e Gabriel, respectivamente.
Empréstimos renovados
A janela de transferência também serviu para o Vasco renovar os vínculos com o meia Felippe Bastos e com o atacante Eder Luis, ambos do Benfica-POR. Contratos de jogadores que têm vínculos com clubes estrangeiros também precisam ser renovados no prazo estipulado.
Luan, do Palmeiras e vinculado ao Toulouse-FRA, passa por esse problema. Seu contrato de empréstimo termina no dia 31 de julho. Se o Alviverde conseguir a renovação depois do fechamento da janela, terá de fazer uma solicitação à Fifa para fazer valer o novo acordo, já que uma nova transferência seria enviada pelo clube francês.
- Tudo que o sistema eletrônico bloqueia precisa ser avaliado pela Fifa. A Federação sempre tenta preservar a competição e também proteger a carreira do jogador. Ela coloca tudo isso na balança na hora de liberar o jogador ou não - explicou o advogado especializado em direito esportivo Marcos Motta.
No ano passado, o zagueiro Rodrigo conseguiu se transferir do Grêmio para o Inter em outubro. Era reforço colorado para o Mundial de Clubes. Ele poderia jogar o Brasileiro, mesmo com a transferência efetuada após o fechamento da janela, mas já tinha realizado mais de seis jogos pelo Tricolor.
Quando a necessidade é um problema
Três clubes ainda não se aproveitaram da janela de transferência internacional. Preferiram (ou só tiveram condições de adquirir) jogadores que ainda não participaram de sete jogos no Brasileirão ou foram atrás de atletas de outras divisões. São os casos de América-MG, Atlético-GO e Coritiba.
O Inter foi um caso à parte nesta reta final. Sem usar a janela de transferências até a véspera, a equipe gaúcha se mobilizou para inscrever Sandro Silva, do Málaga-ESP. O zagueiro Alcides e o atacante Jô podem ser as novidades do último dia.
Transferências em cima da hora, aliás, são um problema. Pelo menos para quem está mais interessado na transação, seja jogador, clube vendedor ou clube comprador. No desespero para fechar o negócio dentro do prazo, ceder acaba sendo a única opção.
- Quem está por cima em uma negociação se dá melhor. O jogador bom é mais valorizado, e se um clube não quer vender, coloca o valor lá no alto. Quem tem menos estrutura acaba levando a pior - opinou o empresário Giuseppe Dioguardi, que trabalha com jogadores como Kleber, do Palmeiras.
É o que aconteceu com o atacante André, do Dínamo de Kiev-UCR. O clube ucraniano não tinha tanto interesse em negociá-lo e por isso não se sentiu seduzido por ofertas muito abaixo da multa rescisória. Ainda por cima, passou-se a ter uma espécie de leilão entre Flamengo e Atlético-MG, o que elevou as propostas de ambos os clubes, os "necessitados" da transação. O jogador, por sua vez, queria voltar e aceitava receber menos do que no exterior. O Galo levou a melhor na disputa.
Marco Aurélio Cunha, que por muito tempo comandou o futebol do São Paulo, lembra que o clube vendedor nem sempre está na situação melhor.
- A negociação em que o clube está necessitando de dinheiro é ruim, pois é um leilão que está acabando. E para o comprador, há muitas variáveis que precisam ser analisadas, como idade do jogador, prazo do contrato em vigor, o poder de compra...
O certo é que todas essas negociações dos clubes brasileiros se encerram nesta quarta-feira. Depois que o prazo da CBF terminar, os jogadores que estão fora do país só terão uma opção: assistir ao Brasileirão pela TV e esperar a janela ser aberta de novo, em janeiro.