Questionado sobre ‘compra de Copas’, dirigente diz que Fifa errou ao escolher sedes no mesmo dia e que passado deve ser esquecido pela entidade
A última reunião do Comitê Executivo da Fifa no ano fez o presidente da entidade, Joseph Blatter, admitir erros cometidos em 2011. Porém, o dirigente não exibiu os arquivos do caso ISL, como prometido em outubro, por questões legais e prometeu abrir os documentos em 2012. Na entrevista coletiva em Tóquio neste sábado, o suíço apresentou o projeto de mudanças no órgão, a divisão das “forças-tarefa”, reconheceu que falhou ao escolher as sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022 de uma vez e afirmou que há um novo plano de comunicação para mudar a imagem da Fifa, arranhada por acusações de corrupção recentemente.
No início do mês, Blatter já havia revelado que não poderia exibir os arquivos do caso ISL por causa de uma determinação de um tribubal da Suíça. Segundo a emissora inglesa “BBC”, estes documentos têm provas que alguns membros da Fifa, como o brasileiro Ricardo Teixeira, receberam propinas no passado.
- Dissemos que todos poderiam ter acesso em 17 de dezembro, mas não será assim porque uma das partes da ação abriu processo na Suíça. Para mim, é uma questão de intenção abrir o caso o quanto antes e fechar definitivamente o passado. Queremos acabar logo com todos os boatos, de uma vez por todas, com o caso ISL. Tenho certeza que no ano que vem o tribunal dará luz verde para o acesso aos arquivos - disse Blatter.
Em seguida, o presidente da Fifa disse que “lamenta” os erros cometidos por ele e outros dirigentes em 2011, mas que o passado tem que ser esquecido. A resposta irritou um jornalista inglês, que exaltado perguntou ao suíço se ninguém seria punido por “receber propinas para vender as Copas a Rússia e Qatar”.
- Isso é totalmente errado. Eu não disse isso. Disse que não podemos voltar atrás e mudar o passado. Só podemos lamentar o passado – afirmou Blatter, reconhecendo que a Fifa errou ao escolher as sedes de 2018 e 2022 em um único processo de eleição.
- A decisão de decidir duas Copas ao mesmo tempo não foi a melhor ou mais inteligente das decisões. Os problemas que enfrentamos no final do ano vieram dessa decisão.
Como decidido na reunião de outubro, a Fifa passou a ser fiscalizada por um Comitê Independente de Governança – presidido pelo professor Mark Peith - quatro forças-tarefa: Revisão de Estatutos (com Theo Zwanziger como presidente); Comitê de Ética (Claudo Sulser); Transparência e Cumprimento de Leis (Frank van Hattum); e Futebol 2014 (Franz Beckenbauer).
- Essas forças-tarefa trabalham individualmente e em janeiro vão se reunir, todas juntas, para no final de fevereiro se encontrarem com o Comitê Independente de Governança. Em março e outubro farão propostas ao Comitê Executivo. Este roteiro é um projeto arrojado para mudar muitas coisas já em 2012 – explicou Blatter.
Com a imagem arranhada pelas acusações de corrupção em 2011, o suíço afirmou ainda que a Fifa aceitou um novo projeto de comunicação global apresentado na reunião em Tóquio, feito para tentar melhorar a relação da entidade com a opinião pública.
- O nosso futuro é para restaurar a credibilidade da Fifa dentro da família do futebol. Nós acreditamos na Fifa, mas também temos que nos dirigir à opinião pública. Há coisas que eu lamento, sim. Mas temos que ser positivos, tenho energia positiva de chegar ao fim desse novo mandato até 2015.
A próxima reunião do Comitê Executivo da Fifa está marcada para os dias 19 e 30 de março de 2012, em Zurique.
fonte: globo