sábado, 17 de dezembro de 2011

Promessa do Flu aos 15 anos, Robert avisa: 'Quero ser melhor que Neymar'

Jovem apoiador mostra desenvoltura na primeira entrevista, fala do assédio, garante que vai ficar no Tricolor e se emociona ao lembrar das dificuldades

Por Edgard Maciel de Sá
Rio de Janeiro



Robert é apenas um menino. Aos 15 anos, recém-completados no último mês de setembro, ainda vê a vida com os olhos de um adolescente. Mas, ao contrário de seus amigos, ele precisa abdicar de certos prazeres para alcançar seu principal sonho. Nas costas, o camisa 10 da Seleção Brasileira sub-15 e da equipe sub-17 do Fluminense já carrega duas grandes responsabilidades. Primeiro, dar aos pais Roberto e Silvana, seus maiores incentivadores, um futuro melhor. Depois, o peso de ser a maior promessa atual das categorias de base do clube das Laranjeiras. Pressões que não o assustam, garante. Aliás, muito pelo contrário. Apenas ajudam a motivá-lo ainda mais em busca do seu objetivo: fazer história com a camisa tricolor.

montagem neymar robert fluminense (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)O sorriso com os olhos puxados já renderam a Robert várias comparações com o craque santista Neymar, craque em quem se espelha e considera o maior ídolo do Brasil (Foto: Editoria de Arte/Globoesporte.com)

A nove meses de poder assinar seu primeiro contrato profissional (completará 16 anos no próximo dia 28 de setembro), Robert já é agenciado pela Traffic e recebe constantes assédios de clubes como Santos e Internacional. No entanto, mesmo diante de propostas mais vantajosas financeiramente, o desejo da família Gonçalves Santos é dar sequência ao projeto tricolor e, se o destino permitir, fazer com que Robert evite uma saída precoce para a Europa e trilhe o mesmo caminho de Neymar, a quem o apoiador é comparado pela habilidade e pelo sorriso.

- Neymar é hoje o maior ídolo do futebol brasileiro. Me espelho muito nele. Igual eu sei que não vou ser. Mas quero ser melhor. Todos falam somos parecidos. As meninas comentam muito a semelhança, mas nunca tive problema com isso. Sou mais bonito (risos). Planejo a minha carreira ficando no Brasil e no Fluminense, um clube que sempre me deu apoio total. Quero virar ídolo. Esse negócio de ir muito cedo para a Europa não dá certo. Todos que eu conheço que foram já querem voltar. Pode atrapalhar muito e fazer o jogador perder o que ele poderia conquistar em seu país - disse Robert ao GLOBOESPORTE.COM.

Na primeira entrevista de sua carreira, Robert não ficou tímido diante dos holofotes. Em um papo descontraído, o menino que chegou a Xerém com apenas nove anos depois de ser descoberto por um olheiro nos campinhos de São Gonçal brincou, fez graça, riu e se emocionou ao lembrar as dificuldades que enfrentou no início da caminhada no mundo do futebol, quando sequer tinha dinheiro nem para comprar uma chuteira. Sempre ao lado dos pais, ele definiu seu estilo de jogo, frisou que pretende estar o mais rapidamente possível entre os profissionais e revelou o único detalhe em que não se espelha em Neymar: o cabelo.

- Moicano? Está maluco? Prefiro ser o Robert mesmo (risos).

Confira abaixo a primeira entrevista da carreira da promessa tricolor:

ROBERT
É uma pessoa que está em busca de algo concreto no Fluminense. Uma pessoa que quer chegar ao profissional, mas sabe que tem uma jornada longa pela frente e vai fazer de tudo para alcançar seu objetivo.

INÍCIO
Cresci em Tribobó, São Gonçalo. Comecei na escolinha de futebol do professor Adriano. Com nove anos, um olheiro do Fluminense (Marcos Aurélio) me descobriu. Passei logo no primeiro teste. Foi até meio inesperado. O técnico já veio pedindo o documento para a minha mãe. Ela nem sabia que precisava levar (risos). Ali eu entrei no mundo do futebol.

Planejo a minha carreira ficando no Brasil e no Fluminense, um clube que sempre me deu apoio total. Quero virar ídolo. Esse negócio de ir muito cedo para a Europa não dá certo. Todos que eu conheço que foram já querem voltar. Pode atrapalhar muito e fazer o jogador perder o que ele poderia conquistar em seu país".
Robert, promessa do Fluminense

DIFICULDADES
Eu nunca tive o que eu queria na infância. Às vezes, a gente ia para o treino de (pausa para secar as lágrimas) de carona com um amigo, o Davi. Saíamos de São Gonçalo, e ele morava em Itaboraí. Não tínhamos carro nem nada. Meu pai sequer podia comprar uma chuteira para mim. Eu ficava olhando as dos outros meninos e pensando: “Quando eu vou poder ter uma dessas?” Era complicado. Mas meu pai sempre dizia: “Você vai ter tudo o que quiser. Basta confiar no cara lá de cima”.Graças a Deus, os anos foram se passando e tudo mudou. Hoje tenho condições de fazer com que meu pai não trabalhe sempre.

VIDA DE JOGADOR
Tenho apenas 15 anos. Às vezes é difícil lidar com algumas situações. Preciso abdicar de coisas pelo meu sonho. Vejo meus amigos saindo na sexta-feira e nem sempre posso acompanhá-los. Mas quero ser um grande jogador e nem sempre posso fazer tudo o que desejo. Tem valido a pena.

PRESSÃO
A pressão existe, mas confio em Deus. Tenho apenas 15 anos e muita coisa pela frente. Sei que vários outros era considerados grandes jogadores na base e não vingaram, mas busco sempre manter a humildade. No futebol é assim: um dia você está no alto e no seguinte já pode estar lá embaixo. É preciso ter controle de tudo e saber se controlar também. Sei do meu potencial e o momento certo de mostrá-lo.

Robert promessa do Fluminense (Foto: Edgard Maciel de Sá / GLOBOESPORTE.COM)Com lágrimas nos olhos, Robert lembra do tempo em que não tinha dinheiro nem para comprar uma chuteira (Foto: Edgard Maciel de Sá / GLOBOESPORTE.COM)

ASSÉDIO E PLANO DE CARREIRA
Não me preocupa esse assédio dos outros clubes. Planejo a minha carreira ficando no Brasil e no Fluminense, um clube que sempre me deu apoio total. Quero virar ídolo. Esse negócio de ir muito cedo para a Europa não dá certo. Todos que eu conheço que foram já querem voltar. Pode atrapalhar muito e fazer o jogador perder o que ele poderia conquistar em seu país.

PROFISIONALIZAÇÃO
Sinto-me pronto para ajudar. Mas tudo tem seu tempo, e o Fluminense vai saber a hora certa de me lançar. Só planejo que seja o mais rapidamente possível. E vou lutar por isso.

FAMÍLIA
Tenho a melhor mãe do mundo, que me acompanha em todos os lugares. É sempre bom ter os pais por perto. Ela era técnica de enfermagem. Um dia eu perguntei para ela: "Você abriria mão de tudo pelo meu sonho?". A resposta foi sim. Depois eu disse: "Pode confiar em mim que vou dar certo no futebol".

PRIMEIRO SONHO
Dar uma casa para os meus pais. Não quero sair de Tribobó, em São Gonçalo. Mas sim comprar um lugar para eles lá e ter alguma outra residência mais perto das Laranjeiras, por causa dos treinamentos e tal.

Robert promessa do Fluminense (Foto: Edgard Maciel de Sá / GLOBOESPORTE.COM)
Robert chegou ao Fluminense aos nove anos e,
agora com 15, já é o camisa 10 do sub-17 tricolor
(Foto: Edgard Sá / Globoesporte.com)

SEMELHANÇAS COM NEYMAR
Todos falam somos parecidos. As meninas falam muito da semelhança, mas nunca tive problema com isso. Sou mais bonito (risos). Fico feliz. Neymar é hoje o maior ídolo do futebol brasileiro. Espelho-me muito nele e em seu futebol. Igual eu sei que não vou ser. Mas quero ser melhor.

MOICANO
Está maluco? Prefiro ser o Robert mesmo (risos).

CAMISA 10 DA SUB-17
Os mais velhos sempre me zoam, me chama de mirim (risos). Mas faz parte. Somos todos iguais. Só que se hoje sou o titular da categoria de cima do Flu, é porque meu trabalho está sendo reconhecido.

ESTILO DE JOGADOR
Minha mãe não liga muito para essa questão de roupas, brincos e tal. Ela só me segura mais na hora de sair. Dá uma prensa mesmo. Diz que tal dia eu não posso sair com meus amigos, me segura. Isso é bom. Não quero ficar marcado desde cedo da maneira errada. Sei que preciso fazer certos sacrifícios em prol da minha carreira. E minha mãe sabe exatamente o que é melhor para mim.

CARACTERÍSTICAS
Driblo bem e tenho facilidade de levar a bola ao ataque e deixar os companheiros na cara do gol. Camisa 10 mesmo. Sou destro, mas a esquerda está melhorando.

CRAQUES DO FLU
Já me recuperei de uma lesão nas Laranjeiras e tive contato com os jogadores. Foi bem legal. Bati papo com alguns, saí para almoçar com o Deco e tal. Edinho era um dos que mais falavam comigo. Me chamava de negão e perguntava quando eu ia subir para o profissional. Mas também me dava conselhos, mandando eu sempre ter a cabeça no lugar.

ÍDOLOS
Desde a infância eu sempre gostei muito de ver o Ronaldinho Gaúcho jogar. No Fluminense atual, eu gosto mais do Fred.

Robert no colo dos pais, Roberto e Silvana, nas Laranjeiras (Foto: Nelson Perez/FluminenseF.C.)Robert no colo dos pais, Roberto e Silvana, nas Laranjeiras (Foto: Nelson Perez/FluminenseF.C.)

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fonte: globo