sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Fla veta pedidos, cria impasse e deixa Luxemburgo trabalhar sem contrato

Treinador abre mão de multa rescisória, mas recebe veto da diretoria em pedido de cotas de camisa e ingressos. Acordo até dezembro de 2015 segue sem ser assinado

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Rio de Janeiro
A confusão já não assusta mais. O Flamengo, que chegou a amargar a lanterna do Brasileirão, trocou a preocupação da queda para Série B pela ambição de conquistar a Copa do Brasil pelo segundo ano consecutivo. Panorama aparentemente tranquilo para o Rubro-Negro encarar os últimos dois meses do ano, mas um impasse criado pela diretoria criou burburinho nos bastidores. E justamente com o principal responsável pela volta por cima. Quase três meses depois de retornar ao clube, Vanderlei Luxemburgo ainda não tem o contrato de duração até dezembro de 2015 assinado por conta de um veto da diretoria aos pedidos colocados na mesa pelo advogado do treinador. Existe um impasse. 

Chamado pelo Flamengo para dar jeito em um time que sofria com protestos do torcedor e tinha somente sete pontos em 11 partidas no Brasileirão, Luxa voltou a trabalhar após oito meses longe da beira do campo e teve que enfrentar até mesmo a desconfiança de correntes internas do clube. Inicialmente, o valor da multa rescisória foi responsável pela não assinatura do vínculo com o Rubro-Negro. Diante da postura irredutível da diretoria, o treinador abriu mão desta cláusula e viu o acerto esbarrar em outro ponto: a exigência de cotas de ingressos e camisas por jogo.

luxemburgo flamengo x corinthians (Foto: Getty Images)O que se passa? Luxa e Fla não chegaram a denominador comum no contrato (Foto: Getty Images)



O trato é comum nos acordos de Vanderlei por onde passa. Diante dos corriqueiros pedidos de familiares e amigos, o treinador prefere estipular um número por contrato para não ter que pedir favores - e já tinha agido assim em suas outras passagens pela Gávea. Ele solicitou 15 ingressos e cinco camisas por partida. Responsável pela condução da negociação, o diretor executivo do clube, Fred Luz, bateu o pé e disse que não aceitaria tal exigência, prolongando o impasse. Desta maneira, Luxa tem trabalhado sem contrato e recebe o salário de R$ 300 mil como pessoa jurídica.

Foram cláusulas pequenas, onde houve divergências que culminaram com a não assinatura. O Flamengo só pensa na continuidade do Vanderlei"
Felipe Ximenes
Figura efetiva no futebol na época da contratação do treinador, uma vez que o cargo de vice estava vago, Fred Luz desempenha a função CEO do Flamengo, mas tem estreitado o contato com pessoas ligadas ao mundo da bola para aprender a como lidar no segmento e também projetar avanços para o programa de sócio-torcedor. O ex-presidente do Internacional, Fernando Carvalho, e representantes do Benfica são os "professores" informais do dirigente. Em contato com o GloboEsporte.com, Luz ficou contrariado e se recusou a comentar o impasse envolvendo Vanderlei 
- Não tenho nada a declarar sobre isso. Nada a declarar. É assunto interno do Flamengo.

É justamente internamente que o tema cresce cada vez mais em interesse. Correntes no Flamengo demonstram preocupação com o fato de Vanderlei estar trabalhando sem vínculo empregatício, o que poderia até gerar prejuízos futuros para o clube. Com o bom desempenho de Vanderlei no comando da equipe, com 61,9% de aproveitamento em 21 partidas, a diretoria cedeu e admitiu aceitar as exigências feitas em um primeiro momento, mas o acordo não depende mais exclusivamente disso.

O diretor de futebol, Felipe Ximenes, minimizou o fato e reafirmou o desejo de manutenção de Vanderlei Luxemburgo para 2015. De acordo com o dirigente, é consenso de que o mais importante no momento são os compromissos da equipe dentro de campo.

- Foram cláusulas pequenas, onde houve divergências que culminaram com a não assinatura. O Flamengo só pensa na continuidade do Vanderlei. Em qualquer momento, pode ser assinado ou não, e isso não faz diferença. Todas as vezes que conversamos, chegamos à conclusão de que não é assunto prioritário diante do momento que estávamos passando. Nunca demos peso a isso. Acreditamos que tudo que conversamos será mantido - aposta Ximenes.

FONTE: GLOBO