terça-feira, 1 de setembro de 2009

Maturidade aos 19 anos: surge Marquinhos, nova aposta do Inter


Casado há três meses, jogador mostra tranquilidade dentro de campo e consciência fora dele
Alexandre Alliatti Porto Alegre

Marquinhos tem cara de garoto, mas se comportou em campo contra o Goiás como adulto
Um gol, passe para outro e participação direta em mais um. A estreia de Marquinhos no time titular do Inter deixou os colorados esperançosos. A goleada de 4 a 0 sobre o Goiás deu o sinal de que está surgindo mais um atacante talentoso no Beira-Rio, como vem acontecendo sistematicamente desde o início da década, em uma linhagem que conta com jogadores como Daniel Carvalho, Nilmar, Rafael Sobis, Alexandre Pato, Luiz Adriano e Taison. Na prática, a qualidade do jogador não chega a ser uma novidade. Ele é visto no clube gaúcho como um atleta fora do comum desde o ano passado.


A chance efetiva no grupo principal chegou agora, e Marquinhos, aos 19 anos, mostrou uma tranquilidade impressionante dentro de campo, característica que é complementada pela visível serenidade do atleta fora das quatro linhas. O jogador, ainda com cara de adolescente, é mais maduro do que muito boleiro em fim de carreira. O projeto de craque está no Beira-Rio desde 2007.


Antes, ele era do Passo Fundo. Ao desembarcar em Porto Alegre para dar novo rumo à carreira, o menino de Selbach, pequena cidade no interior gaúcho, teve que conviver com as tradicionais dificuldades dos atletas em início de carreira. Ele ficou um ano e meio no alojamento das categorias de base. Quando conseguiu juntar um dinheiro, decidiu comprar um imóvel.



Mas não para ele. - A primeira coisa que fiz foi comprar uma casa para meus pais. Agora, vou ver se compro um apartamento para mim também – disse o jogador. E que tal um carrão turbinado, com um daqueles aparelhos que fazem o som chegar lá do outro lado da cidade? Marquinhos não quer saber... - Eu tenho um carro simples, um Ka. E nem ficou comigo. Deixei com meu pai. Moro aqui na frente do Beira-Rio. Ele vai usar mais do que eu – comentou.

O pai de Marquinhos, seu Osmar, é figura central na carreira construída até agora pelo menino. Foi para ele que o jogador ligou antes de ser o melhor em campo contra o Goiás. E também depois, com direito a choradeira do outro lado da linha (assista aos melhores momentos do jogo no vídeo ao lado).


- Ele sempre me apoiou. Meu pai era jogador da várzea. Ele era bom. O problema é que começou como atacante e terminou como zagueiro – brincou o jogador.


Marquinhos tem dona. Há três meses, é casado com Bruna, de 18 anos, que acompanha de perto a evolução de um jogador que sempre se sentiu ligado à bola de futebol. - Até os 15 anos, eu jogava futsal. Joguei no América, de Tapera. Antes, também no Pinheiros, de Carazinho. Mas sempre joguei bola. Com oito anos, eu já fazia escolinha – lembrou o garoto. Nervosismo, calma e objetivos Ser titular do Inter mexeu com Marquinhos.


Mas só antes de a bola rolar. Quando começou o jogo contra o Goiás, o jogador se transformou. Virou um poço de calma, como foi visto nos principais lances dele, com toque por cima do goleiro, drible na hora certa sobre o zagueiro e até passe pelo meio das pernas do adversário. - Eu fiquei surpreso quando soube que jogaria. Pensei que seria o Bolaños ou o Leo.



Eu estava bastante nervoso. Mas a partir do momento em que começou o jogo, fiquei tranquilo. Em campo, preciso ter calma para fazer bem meu trabalho. O nervosismo tem que vir na hora certa. Marquinhos tem contrato com o Inter até 2014. A multa rescisória já foi feita para deixar os clubes estrangeiros longe do Beira-Rio: 40 milhões de euros, ou R$ 107,4 milhões.


Ele não deve deixar o Inter tão cedo. Provavelmente terá tempo para concretizar seus objetivos na hora certa, como vem acontecendo até agora. - Queria estrear como profissional com 18 anos, queria subir aos profissionais em julho desse ano. E agora quero a seleção – avisou.


fonte: globo