terça-feira, 1 de novembro de 2011

Volta de Kaká e medo do 'ridículo' preocupam treinador do Gabão

Gernot Rohr diz que assiste aos jogos de Neymar pela televisão, fala da evolução do futebol e das principais revelações do país

Por Márcio IannaccaRio de Janeiro

O futebol do Gabão não é tradicional no continente africano. O país nunca disputou uma Copa do Mundo. Já chegou próximo da vaga nas últimas eliminatórias, mas acabou eliminado após perder para Camarões. Pouco mais de um ano após perder a oportunidade de ir à África do Sul, a seleção terá um duelo duro pela frente: o Brasil de Mano Menezes. Em bate-papo com o GLOBOESPORTE.COM, o técnico Gernot Rohr afirmou que o jogo será difícil, equilibrado, e que o objetivo de sua equipe é não passar vergonha diante de seus torcedores, no Estádio Nacional, em Libreville.

Gernot Rorh treinador gabão (Foto: Agência AFP)Gernot Rorh tem trabalhado duro para dar padrão de jogo à seleção do Gabão (Foto: Agência AFP)

- Estamos motivados para enfrentar o Brasil, mas com muita humildade. Será um jogo equilibrado e muito difícil. Vamos trabalhar com disciplina. Temos que trabalhar forte para não fazermos ridículo diante do nosso público – analisou o treinador, afirmando que a força da equipe é a solidariedade, a velocidade no ataque e a defesa sólida.

Rohr substituiu o francês Alain Giresse há dois anos. De lá para cá, a seleção do Gabão mostrou uma certa evolução e quase chegou à Copa de 2010. Alguns atletas já fazem parte das principais ligas da Europa. Segundo o treinador, os principais destaques são Poko (18 anos), do Bordeaux, Madinda (19 anos), Celta de Vigo, e Palun (21 anos), do Nice.

Na entrevista, realizada por email, além de citar as principais revelações do futebol, Rohr revelou os baixos salários pagos no futebol do Gabão, mas mostrou confiança ao falar da evolução do futebol africano. Segundo ele, que trabalhou com os brasileiros Márcio Santos e Valdeir no Bordeaux e com Ederson no Nice, a realização da Copa Africana das Nações ajudou e muito no crescimento do esporte no país.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista de Gernot Rohr:

O retorno de Kaká é uma coisa boa para o Brasil, mas uma má notícia para os jogadores do Gabão"
Gernot Rohr

GLOBOESPORTE.COM: Como vê o futebol do Gabão na atualidade?

GERNOT ROHR
: O futebol no Gabão está em reconstrução. A infraestrutura, graças à Copa Africana de Nações, melhorou a formação de jovens jogadores. Os clubes atraem atletas experientes que retornam do futebol do exterior. Há cinco ou seis clubes que apresentam uma qualidade boa. A equipe olímpica, por exemplo, está nas oitavas de final das eliminatórias, buscando uma vaga nas Olimpíadas de 2012. Já o time profissional está se preparando há dois anos para a Copa Africana e os últimos resultados são animadores. Mas ainda há muito trabalho.

E o retorno de Kaká à Seleção Brasileira?
O retorno de Kaká é uma coisa boa para o Brasil, mas uma má notícia para os jogadores do Gabão. O retorno dele faz com que a nossa tarefa seja ainda mais difícil. Ele está entre os melhores jogadores do mundo.

Conhece ou já ouviu falar de Neymar?
Conheço bastante o Neymar. É um atleta conhecido no Gabão porque os jogos são transmitidos via satélite e nós costumamos assistir. Todos conhecem as principais revelações do Brasil.

Quais são os principais clubes do Gabão? São bem estruturados?
Os principais clubes são o Missile, Magasport, o US Bitam ou o FC 105. Todos eles são bem estruturados. Com isso, outros estão tentando melhorar para se juntar às principais equipes do país.

Qual é a média salarial do país?
O salário médio de um jogador no Gabão é de 500 euros por mês.

E o investimento no esporte tem sido grande?
As autoridades têm investido no futebol e isso é importante. O boom da Copa Africana de Nações foi importante para acontecer essa evolução. É possível pensar em um futuro promissor no futebol do Gabão.

fonte: globo