terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Djalma e Zito: ícones do futebol romântico


Djalma Santos e Zito, campeões mundiais pela seleção brasileira em 1958 e 1962, são de uma época em que o jogador de futebol não tinha status, não era estrela e nem ficava milionário. Eles defendiam as cores de um clube por amor.
A premiação pela conquista da Copa de 1958, por exemplo, foi de US$ 2 mil (atualmente cerca de R$ 3.800) para cada jogador.
- O reconhecimento existe pelo que fizemos. Financeiramente, não. Mas também não pensávamos nisso na época. Prêmio, dinheiro, nada. Só queríamos jogar bola - disse Zito.
Nesta segunda-feira, no Rio de Janeiro, os dois lembraram de histórias da primeira conquista mundial brasileira durante o lançamento da camisa azul da seleção, que se inspira no modelo usado pelos craques de 1958.
- Ganhamos algumas coisas por aquela conquista. Como um terreno em Mato Grosso que até hoje não achei (risos). Deve ser no meio do mato, por isso não encontrei. Na época, o prêmio era um relógio, coisa assim, pequena - lembra Djalma Santos.
- Foi um relógio da revista Cruzeiro, que até que era bom. Ganhei também muitos terrenos, mas também não achei nenhum (risos). Não ganhamos nada, mas para a gente não pesou. Queríamos era ganhar uma Copa do Mundo, que era o nosso maior prêmio. O futebol continua o mesmo. A diferença é que hoje tem mais dinheiro - completa Zito.
Não era possível pensar naquela época que o Pelé seria o que ele foi. Víamos o Pelé como um grande jogador que estava nascendo. Foi novidade ele ser convocado. Naquela época não se convocava jogadores tão jovens. Ele foi crescendo durante a Copa. E aí fez o que fez.Zito sobre a chegada de Pelé na seleção brasileira
O ex-volante, que atuou por 16 anos no Santos, lamenta que o futebol tenha se transformado em um produto capitalista. Zito cita o exemplo do último ídolo santista.
- O sonho do Robinho aos 15 anos era jogar no Barcelona. E hoje ele está no Real Madrid. O futebol mudou, é assim agora. Na minha época não se trocava de clube por dinheiro.
Djalma Santos mora atualmente em Uberaba, cidade do interior de Minas Gerais, onde tem uma escolinha de futebol. Não tem o luxo dos jogadores atuais, mas vive feliz.
- Era um outro tempo. Os cantores também não ganhavam nada. Faziam shows quase de graça. Hoje qualquer um cobra R$ 200 mil. Mas não há mágoa. O principal é que ganhamos respeito e dignidade.
Fonte: globoesporte.com