quarta-feira, 12 de março de 2008

Lembra dele? Mauro Silva, rei de La Coruña


Tetracampeão fez história no Bragantino e no La Coruña, e queria jogar no São Paulo


Mauro Silva, volante da seleção brasileira tetracampeã nos Estados Unidos


O mesmo Dunga que hoje vê o fato de jogar na Europa como requisito básico para atuar na seleção brasileira, encontrou no interior de São Paulo o parceiro ideal para reescrever em 1994 uma história que ficou muito mal contada após a Copa do Mundo de 1990, chamada negativamente de 'Era Dunga'.


Remanescente de uma época onde jogadores de clubes pequenos também tinham vez com a camisa amarela, Mauro Silva saiu do emergente Bragantino do início da década de 90 para ser o fiel escudeiro do capitão do tetra na campanha nos EUA e mostrar definitivamente para o mundo do futebol que um "cão-de-guarda" a mais à frente da zaga não faz mal a ninguém.Com a camisa 5 no corpo, ele encarou as críticas com a mesma segurança e serenidade que marcava os adversários e ajudou o país a sair de uma fila que já durava 24 anos.


O Richarlyson é um bom exemplo de volante moderno. É dinâmico, se adapta a várias funçõesMauro Silva, ex-volante da seleção brasileira



- Foi um momento difícil. O esquema com dois volantes de marcação era muito criticado na seleção brasileira. Felizmente a gente conseguiu o título tão desejado por todos após tanto tempo. Para vestir a camisa da seleção o jogador tem que estar disposto a receber críticas, faz parte do trabalho. O que importa é que aquela equipe fez o futebol brasileiro evoluir.


Não pela conquista em si, mas creio que sempre que surgem esquemas táticos diferentes, o esporte enriquece. Na Europa há uma variedade muito grande, e isso é bom para o futebol, não fica aquela mesmice de falar que todos os times jogam iguais, facilitando o conhecimento um do outro. Foi um momento difícil, o futebol brasileiro é extremamente técnico, joga pra frente, para o ataque, e de repente teve até três volantes na seleção, como aconteceu depois da entrada do Mazinho.


Mas Valeu a pena - garante o ex-jogador, que, apesar da função defensiva, por pouco não deixou o Rose Bowl, em Pasadena, como herói do tetra (assista ao vídeo acima e confira a bola na trave na decisão contra a Itália).


Se para Mauro Silva aquela equipe simbolizou uma evolução tática no futebol nacional, 14 anos depois os volantes seguem sendo responsáveis pelas maiores transformações nos gramados de todo o mundo. Cada vez mais polivalentes e técnicos, eles povoam os meios-de-campo dos maiores times do planeta e marcam atacam com a mesma eficiência, qualidades que fazem Mauro Silva apontar seu preferido para posição no futebol brasileiro.


- O Richarlyson é um bom exemplo de volante moderno. É bem dinâmico, se adapta a várias funções. O que eu sempre pensei é que se o atleta é mais técnico e organizador, ele vai querer jogar mais avançado e buscar ser meia. Para o volante, a mescla é o ideal. Ter um volante marcador, mas que também seja criativo e chegue bem ao ataque é fundamental. Ele é um bom exemplo e que já começa a trilhar um caminho na seleção, o que também é importante.


Coração verde, amarelo e...vermelho


Recatado e discreto, Mauro Silva deixou Bragança Paulista rumo a Europa em 1992 para repetir uma missão bem-sucedida no Bragantino (assista ao vídeo ao lado e relembre a histórica conquista do Paulistão de 90): transformar o pequenino Deportivo La Coruña em um respeitado clube espanhol. Acabou conquistando muito mais do que isso.


Em 13 anos no clube da Galícia ele colecionou seis troféus, conquistou o respeito da população e ganhou uma nova nação, presente em sua vida mesmo após o fim da carreira, em 2005.- Moro em São Paulo, mas fico um pouco aqui e um pouco para a Espanha.


Trabalho com empresas espanholas que estão nos mercados financeiro e imobiliário em São Paulo, presto consultoria indicando advogados e orientando empresas que querem comprar terras no Nordeste.


Enfim, uma assessoria integral facilitando o caminho deles no Brasil.Campeão do mundo e ídolo internacional, Mauro só lamenta não ter ouvido o coração tricolor. O grande que revolucionou clubes pequenos queria colocar o Morumbi em suas lembranças vitoriosas.- Sinceramente, eu sempre fui são-paulino e tive vontade jogar lá. Mas quando olho para trás levanto as mãos para o céu e agradeço.


Nunca joguei em time grande, somente na seleção brasileira. Entretanto, onde joguei sempre conquistei títulos, no Deportivo foram 13 anos com seis títulos em um time que nunca tinha conquistado nada. No Braga também foi assim. Trabalhei com Luxemburgo, Parreira, Ênio Andrade, Candinho...Tudo acabou saindo muito bem, ganhei uma Copa. Foi tudo melhor do eu esperava. Queria vestir a camisa do São Paulo, mas não deu.


LEMBRA DELE?
Nome: Mauro da Silva Gomes
Posição: Volante
Idade: 40 anos
Cidade natal: São Bernardo do Campo (SP)
Clubes: Guarani (1988 a 90), Bragantino (1990 a 92) e La Coruña (1992 a 2005)
Principais títulos: Campeão mundial (1994) e da Copa América (1997) pela Seleção Brasileira; Paulista (1990) pelo Bragantino, e Espanhol (2000) e da Copa do Rei (1995) pelo La Coruña