Depois de bater Bayern, Borussia e Schalke na Liga dos Campeões, melhor jogador do mundo tenta acabar com série de derrotas de Portugal para rival nos últimos anos
Por Edgard Maciel de Sá e Victor Canedo
Salvador, BA
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Quem olhar para o histórico recente de Portugal x Alemanha pensará num Cristiano Ronaldo pouco efetivo, entregue à superioridade de um rival que venceu os três últimos confrontos. Não se engane: fora da caixa há um grande argumento favorável ao melhor jogador do mundo. Basta passar o retrospecto à esfera entre clubes para o denominador ficar avassalador para o luso. Apenas em 2014, ele acumulou cinco vitórias em cinco jogos diante dos alemães numa campanha que acabou com o título da Liga dos Campeões. Agora está na hora de um acerto de contas, no compromisso entre as seleções marcado para as 13h desta segunda-feira, na Arena Fonte Nova, em Salvador, pela abertura do Grupo G da Copa do Mundo.
Será o 100º jogo da Alemanha em Mundiais. E a primeira partida de Cristiano no torneio como o maioral incontestável. Se suas condições físicas podem não estar ideais – o craque afirmou na véspera que se encontra 100%, mas ainda sente dores no joelho esquerdo –, não há como contrariar os números conquistados pelo Real Madrid. Suas atuações foram fundamentais para o merengue praticamente se consagrar "campeão alemão": marcou sete gols contra Schalke, Borussia Dortmund e Bayern de Munique. No único jogo que ficou fora, diante dos aurinegros na Alemanha, viu o seu time quase se despedir do sonho da décima com derrota por 2 a 0 na volta das quartas de final (os 3 a 0 da ida asseguraram a classificação).
Pronto para dar a largada: Cristiano Ronaldo diz que 2014 é o ano de Portugal (Foto: Agência Reuters)
A lista de "fregueses" é extensa: começa com Höwedes e Draxler, do Schalke, passa por Weidenfeller, Hummels, Grosskreutz e Durm, do Borussia Dortmund, e termina com Neuer, Boateng, Lahm, Müller, Schweinsteiger, Kroos e Götze, do Bayern. São 13 dos 23 que estão no Brasil com a Alemanha. Um sinal de que a mesa pode estar virando a favor do português.
– O saldo dos jogos entre nós é favorável a eles, mas, como vocês devem se lembrar, o Real Madrid também não ganhava do Bayern há muitos anos, e isso mudou. O Real não ganhava a Liga dos Campeões, e isso mudou. Este vai ser o ano de Portugal. Na segunda-feira começará a mudança – disse o camisa 7.
Höwedes, zagueiro de origem, deve começar na lateral esquerda da Alemanha justamente para reforçar um setor que será alvo de Ronaldo. Sua reação aos 6 a 1 sofridos para o Real Madrid em casa, ainda em fevereiro, entrega o temor e enorme respeito pelo luso.
– Cristiano Ronaldo estava em toda parte. Ele provou que é o melhor jogador do mundo. Não só fez gols, mas teve uma atuação incrível – afirmou à época.
Höwedes na esquerda, Boateng na direita. O técnico Joachim Löw buscou durante a semana uma solução para a fragilidade da sua defesa. Ele parece convencido de que a estratégia é a melhor e mais viável. Restam incertezas no setor ofensivo, no entanto. Schweinsteiger, que realizou exames de imagem no pé esquerdo no último sábado, deve começar no banco.
Está quente aqui, não? Apesar da dificuldade com o clima, Löw garante a Alemanha preparada (Foto: Agência Reuters)
A novidade seria a possível barração de Mesut Özil, em má fase técnica – o capitão Philipp Lahm teria a companhia de Toni Kroos e Sami Khedira no meio de campo. Schürrle, Podolski e Müller formariam o ataque. Klose, que busca o recorde de Ronaldo Fenômeno na artilharia geral das Copas, deve receber alguns minutos apenas no segundo tempo. A Alemanha está preocupada com o forte calor da Fonte Nova, e tudo leva a crer que optará pela juventude.
– Tivemos de viver com este clima desde o dia que chegamos aqui. Percebemos que alguns jogadores tiveram dificuldades para se adaptar às condições que encontramos. Além de quente, é muito úmido. E vamos jogar na hora do almoço, o que tem algum efeito na nossa preparação. Mas não vamos reclamar, pois estamos preparados – disse Löw.
No duelo do melhor do mundo contra um dos grandes favoritos ao título, Portugal não se incomoda em ser reconhecido como exército de um só homem. Há bons talentos, como João Moutinho, Raúl Meireles, Nani quando inspirado, fora os companheiros de Cristiano no Real Madrid, Pepe e Fábio Coentrão. Todos serão titulares. Apenas o próprio camisa 7 é quem busca qualificar os colegas.
– Um jogador não faz um time. Estou na seleção para ajudar. Posso fazer a diferença em muitos jogos, mas não carrego a equipe nas costas. Sou um comandante em casa. E só – brincou.
Para os alemães, a torcida é que ele não se sinta tão à vontade assim na Fonte Nova.
FONTE: GLOBO