quarta-feira, 18 de junho de 2014

Problemas pontuais e graves ocorrem no segundo jogo da Copa no Mineirão

Tentativa de saque a bares e invasão de campo ofuscam bom trabalho de voluntários. Prioridade para pessoas especiais ou com problemas de locomoção é elogiada

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Belo Horizonte

vitória da Bélgica sobre a Argélia, por 2 a 1, marcou o segundo teste do Mineirão na Copa do Mundo, que vai receber mais quatro partidas na competição. Com o apito final e a análise dos erros e acertos, ficou a impressão de que alguns itens ainda precisam ser melhorados para atender ao torcedor de uma maneira mais satisfatória. Se na estreia, na vitória da Colômbia sobre a Grécia, o jeitinho brasileiro e a lentidão no atendimento aos torcedores foram os pontos negativos mais marcantes, na partida disputada na terça, outras situações isoladas, porém mais graves, impediram uma avaliação melhor para a festa do futebol ocorrida no estádio. 
Antes mesmo de a bola rolar, um torcedor argelino invadiu o gramado enquanto os jogadores da duas seleções realizavam o trabalho de aquecimento. Antes que conseguisse chegar até os atletas, porém, o invasor foi retirado de campo pelos seguranças e não causou mais complicações durante a escolta.
invasão belgica x argelia (Foto: AP)Torcedor argelino invade o gramado do Mineirão durante o aquecimento de Bélgica x Argélia (Foto: AP)

Outro problema grave ocorreu num dos bares do segundo piso do estádio. Um funcionário do estabelecimento, que preferiu não se identificar, afirmou que torcedores ficaram furiosos pela falta de alguns itens ainda no primeiro tempo, invadiram o bar e precisaram ser retirados por policiais.   
- O problema ocorreu por volta das 13h30, ainda com o primeiro tempo em andamento. Assim como já havia ocorrido no jogo passado, o cachorro-quente e outros sanduíches acabaram antes do intervalo. Todos os produtos são fornecidos por uma empresa terceirizada e desde o primeiro jogo faltaram alguns itens para nós. O pessoal ficou chateado, invadiu dois bares e tentou pegar algumas coisas. Só conseguimos que eles saíssem com a chegada da polícia. Depois de uns 30 minutos reabrimos e continuamos a vender salgadinhos e amendoins, as únicas coisas que tínhamos – explicou.
DESLOCAMENTO E LUGARES MARCADOS

Outros problemas foram registrados, esses menos graves e com menores proporções - se for levado em consideração o primeiro jogo. Na questão do transporte público, os torcedores não tiveram muito do que reclamar, já que a demora foi considerada normal para o dia de grandes eventos. Para entrar no Mineirão, só encontrou problema aquele torcedor que deixou a chegada para a última hora. Uma fila imensa se formou, e o tempo de espera para a entrada foi de cerca de 30 minutos debaixo de um sol forte, já que todos tinham que passar pelo aparelho de raio-x.   
Torcedores que chegaram em cima da hora tiveram dificuldades para entrar - Mineirão - Bélgica e Argélia (Foto: Léo Simonini)Torcedores que chegaram em cima da hora tiveram dificuldades para entrar no Mineirão (Foto: Léo Simonini)

No retorno, apesar do horário bem próximo ao início da partida entre Brasil e México, os torcedores só tinham que ter paciência para embarcar nos ônibus, distantes cerca de 1,5 km do estádio. Era preciso esperar e enfrentar fila para ir embora.   
Dentro do estádio, os problemas de desrespeito aos lugares marcados foram isolados, mas pelo menos em um deles foi necessária a intervenção policial. O torcedor que se recusava a sair era brasileiro e acabou saindo junto aos policiais sob os gritos de “Que vacilão!”.   
Nos bares, com a bola rolando, o atendimento foi tranquilo, cenário oposto cerca de meia hora antes de o jogo começar. E, também, durante o intervalo, momentos de pico e naturalmente mais cheios. Com relação à cerveja, ponto reclamado por torcedores gregos e colombianos nno primeiro jogo por causa da temperatura, os torcedores de Bélgica x Argélia atestaram que ela sempre esteve gelada, sem causar insatisfação.
Bares vazios durante o jogo - Mineirão - Argélia e Bélgica (Foto: Léo Simonini)Bola rolando, bares vazios: movimento tranquilo durante a partida entre Bélgica x Argélia (Foto: Léo Simonini)

PRIORIDADES E TRABALHO DE PREVENÇÃO

Vários torcedores não querem perder a Copa do Mundo de maneira alguma. Um deles é Marcos Vinícius Barreto. O tornozelo quebrado não foi um empecilho e ele teve menos problemas do que imaginava por estar com o machucado. Segundo ele, desde que chegou a Avenida Antônio Carlos, um dos corredores de acesso ao estádio, teve prioridade no trajeto até as cadeiras.
Marcos Vinicius, elogiou o atendimento que teve por estar com o pé quebrado - Mineirão- Bélgica e Argélia (Foto: Léo Simonini)Tornozelo quebrado não impediu o torcedor de assistir a partida no Mineirão (Foto: Léo Simonini)
- Da Antônio Carlos até o meu assento não tenho do reclamar. Vim em transporte fornecido por eles até a porta do estádio, tive preferência na hora de entrar e rapidamente cheguei ao meu lugar. Não tive problemas – garantiu.   
Outro ponto elogiado pelos torcedores foi relacionado ao auxílio imediato no caso de algum problema de saúde. Thiago Herculano torceu o tornozelo ao subir até a cadeira. Pediu auxílio a um voluntário e, rapidamente, recebeu atendimento de um brigadista.   
- Fui subir um degrau e acabei pisando de mau jeito. Minha mulher pediu ajuda a um voluntário que rapidamente a providenciou. Felizmente fui atendido, havia sido só um susto e pude ver o jogo tranquilamente.   
O atendimento ocorreu de forma rápida graças a presença de 130 bombeiros e outros 97 brigadistas presentes durante a partida e que estavam distribuídos em vários pontos do estádio, conforme explicou o capitão Fábio.   
- O Mineirão foi dividido em oito setores e em todos estavam presentes Bombeiros e brigadistas. Um atendimento, por mais que o torcedor estiver longe, não demora mais de três minutos. E em casos mais graves temos até um helicóptero na UFMG que pode ajudar no atendimento, além de ambulâncias e um carro de combate ao incêndio.
Sistema relacionado à saúde e segurança bem organizado - Mineirão - Bélgica e Argélia (Foto: Léo Simonini)Atendimento dos brigadistas foi elogiado por torcedores no Mineirão (Foto: Léo Simonini)

IDIOMA

Outro ponto que não está perfeito, porém não comprometeu, foi a língua. Com belgas e argelinos em grande número, a quantidade de voluntários com conhecimento na língua francesa (falada por estes torcedores) era reduzido. O inglês quase sempre era usado como saída.   
- Poucos por aqui falam francês, a maioria inglês. No jogo entre Grécia e Colômbia pudemos enrolar no “portunhol” também, mas com o francês e o árabe não tem jeito. Porém, como é Copa do Mundo, todos têm muita paciência e acabamos nos entendendo tranquilamente – explicou uma voluntária que não pode se identificar por não ser permitido pela Fifa.   
E se nas mais diversas línguas o problema não fosse resolvido, a mímica era a solução, como ocorreu com o torcedor argelino Akzik Falouli e um policial militar. Sem se entenderem, o policial explicou por mímica que o uso de isqueiro não era permitido no estádio.
Fifa avalia
Com relação a alguns dos problemas apontados na reportagem, o departamento de comunicação da Fifa informou que os stewards - profissionais que trabalham na segurança interna dos estádios nos grandes eventos internacionais - cumpriram o papel deles "e tiveram atuação rápida no jogo de Belo Horizonte, retirando o torcedor do gramado".   
A respeito dos lugares marcados, ainda de acordo com a Fifa, o torcedor deve procurar um voluntário de Serviços ao Espectador quando encontrar outra pessoa ocupando seu lugar. "Caso ele não tenha sucesso, será chamado um steward. Se ainda assim o torcedor não se retirar, o steward irá acionar as forças de segurança pública posicionadas estrategicamente no estádio para casos de pronta-resposta", explicou o departamento de comunicação da entidade.
Torcida Mineirão  (Foto: Léo Simonini)Belgas e argelinos conviveram pacificamente no Mineirão (Foto: Léo Simonini)fonte; globo