Pivô de lance insólito no Beira-Rio na quarta-feira, lateral colorado tem histórico de expulsões, brigas e conflitos com rivais, companheiros e até técnico; relembre
Entra ano e sai ano, entra treinador e sai treinador e a situação se repete. Por mais que prometa e tente mudar, Fabrício não se corrige. Mais cedo ou mais tarde, acaba no meio de alguma confusão. Na última quarta-feira, lá estava o lateral-esquerdo como protagonista de um problema no Inter. O time venceu o Ypiranga por 1 a 0 no Beira-Rio e assumiu a liderança do Gauchão. Porém, o que ficou marcado foi um novo destempero do jogador e outro vermelho para sua coleção. Desta vez, o incidente, que rendeu ainda uma suspensão por parte da diretoria, se deu pelas vaias da torcida. Mas já houve outros tantos motivos, de rusga com treinador a árbitros. O GloboEsporte.com os relembra abaixo.
BRONCAS COM DORIVAL
Os problemas de Fabrício se iniciaram ainda em 2012, quando Dorival Júnior era o técnico da equipe. No dia 26 de maio, o Inter empatou em 3 a 3 com o Flamengo no Engenhão. Durante o jogo, discutiu com o treinador no início do segundo tempo, logo após Vagner Love marcar o terceiro dos cariocas. Dorival reclamou na hora por entender que o jogador saiu errado na marcação, ao ir para cima de Léo Moura, deixando o "corredor aberto".
Três dias depois, a direção descartou uma punição, mas deu uma advertência ao atleta. Diretor técnico à época, Fernandão afirmou que o desentendimento havia ocorrido pelo "calor do momento". Após a decisão da cúpula, Fabrício pediu desculpas pelo ato.
Pouco tempo depois, na derrota por 2 a 1 para o Botafogo, no dia 16 de junho, Fabrício voltou a causar problemas. O Inter já perdia aos 30 minutos da segunda etapa, quando Dorival resolveu sacá-lo para promover a entrada de Jajá. A atitude natural dos jogadores em uma situação dessas é deixar o gramado correndo. Pois o lateral não o fez e saiu caminhando, o que fez o time perder ainda mais tempo. Para completar, foi direto para o vestiário, sem falar com os companheiros e a comissão técnica.
2013, UM ANO VERMELHO...
Em 2013, o lateral angariou mais três vermelhos para sua coleção: nos jogos que terminaram em2 a 0 sobre o Santa Cruz pela Copa do Brasil, 1 a 1 com o Grêmio e 2 a 1 para o Santos, ambos no Brasileirão. Neste último, levou um cartão amarelo por uma falta. Não gostou da punição do árbitro Marcelo de Lima Henrique, seguiu reclamando e tomou o vermelho direto.
- Vai se f... Vai tomar no c... - citou a súmula, na ocasião.
Ao sair do gramado, Fabrício ouviu a irritação dos colorados. Indignada com a expulsão, a torcida colorada presente não o perdoou e gritou "burro" para o jogador.
PROMESSA E BRIGA COM COLEGA
Em 2014, durante a pré-temporada, o camisa 6 prometera se afastar das polêmicas. Em Gramado, disse que "iria fechar a boca porque algumas vezes falava besteira". As palavras de Fabrício se mostraram infrutíferas já durante o Gauchão. Na vitória por 2 a 1 sobre o Juventude, foi excluído após uma entrada em Diogo. Ao levar um tapa na boca, se descontrolou e partiu para cima do adversário.
Este ano ainda reservou ao lateral uma briga com Willians. Durante um treinamento, Fabrício não gostou de ouvir uma crítica do colega e caminhou em direção ao volante. Na ocasião, foi contido por Rafael Moura e D'Alessandro. Depois, durante a coletiva, Abel minimizou o episódio, ao dizer que "eram sempre os mesmos" e que "só não podia soco".
MAIS EXPULSÕES E QUASE INVASÃO
Neste ano, durante a pré-temporada em Bento Gonçalves, Fabrício novamente prometeu se emendar. Disse que tinha melhorado em 2014, apesar das duas expulsões no final do Brasileirão, contra São Paulo e Palmeiras:
- Já melhorei bastante, fui o cara que mais jogou no Inter em 2014. As duas expulsões... Contra o São Paulo nem fiz a falta e contra o Palmeiras fui agredido e reclamei. Espero não ser mais expulso.
Após a exclusão contra o Verdão - vitória por 3 a 1 -, Fabrício foi acusado de ter mais uma atitude de destempero. A súmula relata que o colorado estava "visivelmente transtornado" e tentou invadir o vestiário do Palmeiras. A irritação seria em razão de uma suposta agressão de Bruno César.
Três jogos antes, houve a expulsão diante do São Paulo - empate em 1 a 1. A punição veio em razão dos xingamentos proferidos ao árbitro Héber Roberto Lopes, que apontou na súmula a seguinte conduta: "Foi até onde estava o responsável da partida e mostrou todo o seu descontentamento, de acordo com a súmula: "filho da p..., ladrão, ladrão, ladrão, safado".
FABRÍCIO ESTÁ SUSPENSO
Na última quarta-feira, o ápice desse hábito que virou uma inglória marca registrada. Aos 18 minutos do segundo tempo - quando o jogo ainda estava empatado em 0 a 0 -, Fabrício não gostou de ouvir vaias vindas das arquibancadas, "abandonou" a jogada e se voltou contra os fãs. O colorado mostrou toda sua irritação, discutiu com os torcedores e fez gestos obscenos. Luiz Teixeira estava próximo ao lance e o expulsou. O lateral ficou ainda mais descontrolado, jogou a camisa do Inter no chão. Os colegas tentavam contê-lo. Precisou sair escoltado por três seguranças, mas não sem discutir mais uma vez com os presentes no estádio.
Juan e Jorge Henrique tentam acalmar Fabrício (Foto: Vinicius Costa / Agência Estado)
O desequilíbrio acarretou em uma série de reprimendas dos colegas. Juan lembrou o histórico do lateral, que não teve uma atitude intempestiva pela primeira vez. O zagueiro avalia que é preciso um pedido de desculpas, mas pediu para que não seja crucificado, até pela importância que tem para o Inter:
- Fabrício é muito emotivo. Lembramos de outras situações. Vamos conversar com ele. A torcida vai entender. É um impulso. Ele está sempre doando. Estamos na Libertadores muito em função pelo que ele fez. Ele tem que esfriar a cabeça e pedir desculpas porque errou. Ninguém o segura. Ele é muito extrovertido, brincalhão. Mas também é nervoso. Ele tem que pedir desculpas porque errou.
Fabrício faz gestos obscenos para a torcida do Inter (Foto: Reprodução/RBS TV)
O presidente Vitorio Piffero não foi tão polido. A sequência discussão, gestos obscenos, camisa do Inter ao chão e promessa de deixar o clube mereceram uma punição por parte do clube. O dirigente disse que Fabrício - que deixou o estádio antes do término da partida - está suspenso até segunda-feira, quando será decidida o futuro do atleta.
- É uma atitude lamentável. O Fabrício o fez de cabeça quente, não vamos tomar atitude agora, somente na segunda-feira, após a Páscoa. Ele está suspenso até lá - declarou para depois completar -. A camisa do Inter é um manto sagrado. Me entristeceu profundamente. Eu conheço a pessoa Fabrício, ele teve uma vida difícil. Mas vamos aguardar.
No Inter desde 2011, Fabrício tem 183 partidas pelo Inter, com 16 gols. Na atual temporada disputou 11 jogos, tendo balançado a rede em uma oportunidade.
Sem Fabrício, o Inter volta a campo neste domingo. A partir das 16h, a equipe de Diego Aguirre recebe o Passo Fundo no Beira-Rio, em partida válida pela última rodada da fase de grupos do Gauchão. O time é o líder da competição com 31 pontos.