Pibe lê comunicado sobre sua saída da seleção argentina e culpa direção da AFA por resultados ruins desde a Copa do Mundo de 1990
Em vez de uma entrevista coletiva, apenas um comunicado oficial. Por cerca de dez minutos, mostrando-se calmo e sem aceitar perguntas dos jornalistas, Diego Maradona leu um discurso para explicar sua saída da seleção argentina. E apontou o dedo para dois culpados: o presidente da AFA, Julio Grondona, e o diretor técnico Carlos Bilardo.
- O que aconteceu? Grondona mentiu para mim e Bilardo me traiu - disse o Pibe, que em nenhum momento fez críticas ao próprio trabalho como treinador da "Albiceleste".
Técnico campeão mundial em 1986 com a Argentina, quando Maradona foi o principal jogador da conquista no México, Bilardo trabalhou na África do Sul como um "manager" da seleção na Copa do Mundo. Após a eliminação nas quartas de final para a Alemanha, Diego deixou em dúvida sua permanência no cargo. Na última segunda, o Pibe afirmou que só continuaria se ninguém de sua comissão técnica (sete pessoas no total) fosse demitido. Grondona queria mudanças, mas Bilardo nunca teve o emprego ameaçado.
- Quando eu estava de luto, ele trabalhava nas sombras para me tirar. Bilardo me traiu. No vestiário, depois do jogo com a Alemanha, ele me disse que eu iria seguir - afirmou.
Sem Maradona, Bilardo fechou a lista de convocados para o amistoso com a Irlanda, dia 11 de agosto. A relação de jogadores foi anunciada na terça, logo após a AFA confirmar que Diego não é mais o treinador da seleção. A equipe será comandada interinamente por Sergio Batista, da sub-20, até a escolha do novo técnico.
- Qualquer um que pegar a seleção tem que saber que a traição estará ao lado. Há pessoas que não gostam do futebol argentino, só querem cuidar dos seus interesses - disse Maradona.
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A ira do Pibe também voltou-se para Grondona. O ex-camisa 10 afirmou que recebeu do presidente da AFA a promessa que continuaria no cargo e elogios sobre o trabalho realizado na África do Sul. A demissão das sete pessoas da comissão técnica serviu como um "adeus" para Maradona, que criticou todo o comando do futebol argentino pelos maus resultados nas últimas Copas.
- Me chamaram para apagar um incêndio, assumimos uma seleção que tinha o grupo dividido, apagamos o incêndio, recuperamos a mística do grupo e quando teríamos tempo para trabalhar, aconteceu o que aconteceu. Desde 1990 que uma seleção argentina não passa das quartas. Isso não é por acaso. É porque estão fazendo as coisas erradas lá no alto e nada é feito para mudar isso - concluiu.
FONTE: GLOBO