Muito mais ambicioso do que o adversário, Colorado ganha com um gol de Giuliano, no segundo tempo, e pode até perder no Morumbi
Retranca custa caro. Paga-se com gol, com derrota, com o distanciamento de uma vaga em final de Libertadores da América. Vontade de vencer traz o efeito contrário: dá recompensa, oferece vitória, brinda com a esperança de novo título continental. No duelo entre Internacional e São Paulo, venceu quem quis vencer. Giuliano, aos 23 minutos do segundo tempo, furou o bloqueio tricolor e deu ao Colorado uma vitória que não poderia ser mais justa.
Só o Inter, até a bola entrar na rede de Rogério Ceni, buscou o gol no Beira-Rio. O São Paulo não teve receio de se esconder na defesa, valorizando um eventual 0 a 0. Em todo o primeiro tempo, não teve uma chance sequer para marcar. Foi punido com o gol de um jogador iluminado, que já marcou quatro vezes na Libertadores, mesmo sem ser titular. Giuliano, depois de fazer o gol da classificação às semifinais, contra o Estudiantes, deixou o Inter mais perto da decisão.
O duelo da volta é na semana que vem, na quinta-feira, no Morumbi. Os gaúchos jogam pelo empate e até por derrota de um gol, a partir do 2 a 1. Ao São Paulo, resta vencer por, pelo menos, dois gols de vantagem ou devolver o placar do Beira-Rio e tentar a sorte nos pênaltis.
Retranca são-paulina amarra o Inter
com a camisa do São Paulo (Foto: AFP)
Foi só aos 18 minutos, em cobrança de falta de D’Alessandro, que as torcidas de Inter e São Paulo ganharam um motivo para exclamar algum sentimento, seja de alívio ou frustração. O chute para fora do argentino foi a primeira chance de gol em um primeiro tempo desenhado muito mais com traços de marcação do que de criação. O Tricolor não fez qualquer questão de esconder suas propostas prioritárias: marcar, defender, anular o adversário.
E conseguiu. O Inter teve o controle do primeiro tempo, buscou o gol, avançou mais. Na prática, só os gaúchos atacaram. Em todo o período, o São Paulo não soube criar chances. Foi uma fortaleza na defesa e morreu de fome no ataque. Ricardo Gomes armou um time para o qual o 0 a 0 valia ouro.
O Inter, amarrado pela marcação adversária, jamais conseguiu estabelecer uma pressão forte o bastante para nocautear o oponente. D’Alessandro correu muito, Taison também, Kleber apareceu bem na esquerda, Nei pintou como boa alternativa na direita. Mas foi pouco. A tática defensiva do São Paulo venceu a caça colorada pelo gol.
no 1ª tempo (Foto: Jefferson Bernardes / VIPCOMM)
D’Alessandro, aos 25 minutos, originou boa chance ao Colorado. O veneno que ele colocou em cobrança de escanteio fez a bola cruzar a área, passar pela zaga e cair nos pés de Alecsandro. O centroavante logo emendou a gol. Rogério Ceni defendeu.
De Guiñazu para Taison, de Taison para Kleber, de Kleber para Taison. A jogada mais bonita do primeiro tempo nasceu aos 28 minutos. Coube ao atacante, de cabeça, concluí-la. Ceni voou com plasticidade, fez a ponte e encaixou a bola.
D’Alessandro, aos 41 minutos, tentou um último chute, de longe, para fora. E ficou nisso. Sem qualquer vergonha de defender, o São Paulo cumpriu seu objetivo no primeiro tempo.
Giuliano, sempre Giuliano: Inter vence
o São Paulo no Beira-Rio (Foto: EFE)
O Inter voltou mais elétrico no segundo tempo, disposto a aplicar correria para cima do adversário, a martelá-lo até derrubar sua muralha defensiva. Com um minuto, Andrezinho já ameaçou Ceni com um chute forte, no canto esquerdo. O goleiro caiu bem e conseguiu espalmar. As tentativas vermelhas seguiram com Kleber, que recebeu de Taison dentro da área, frente a frente com o camisa 1 adversário, mas levou a pior.
Aos poucos, o São Paulo conseguiu amortecer o ânimo do rival. E até arriscou a gol. Dagoberto aproveitou falha de Nei e mandou uma pancada. A bola passou perto do gol de Renan, que quase morria de tédio naquele momento, com a bola sempre longe dele.
Dizem que Celso Roth não tem estrela. Diziam. Chegou um momento em que o treinador colorado resolveu mexer no time. Lembrou de Giuliano. Aos 22 minutos, Alecsandro tentou entrar com a bola, que sobrou para o meia. O chute foi no canto de um Rogério Ceni imóvel. Gol do Inter, gol de Giuliano, gol sem preço para os gaúchos!
Saiu o primeiro, e poderiam ter pintado outros. Kleber teve chance, Taison também, Alecsandro idem. O São Paulo se safou. Ricardo Gomes, antes satisfeito, se viu obrigado a mexer. Colocou Cleber Santana, Ricardo Oliveira, Fernandinho. Até passou a atacar. Mas em vão.
O Inter ainda teve Rafael Sobis, campeão da Libertadores de 2006, herói da vitória de 2 a 1 justamente sobre o São Paulo, no Morumbi. Ele não teve tempo de fazer grande coisa. Nem precisou. Giuliano, iluminado, já tinha feito, já tinha mostrado ao adversário que retranca tem um preço caro a ser pago.
Renan, Nei, Bolívar, Índio e Kleber; Sandro, Guiñazu, Andrezinho (Giuliano), D'Alessandro e Taison (Rafael Sobis); Alecsandro. | Rogério Ceni, Miranda, Alex Silva e Richarlyson (Cleber Santana); Jean, Rodrigo Souto, Hernanes, Marlos (Fernandinho) e Junior Cesar; Dagoberto (Ricardo Oliveira) e Fernandão. |
Técnico: Celso Roth | Técnico: Ricardo Gomes |
Gols: Giuliano, aos 23 minutos do segundo tempo. | |
Cartões amarelos: Bolívar (Inter); Richarlyson, Jean (São Paulo). | |
Público: 48.166. Renda: R$ 1.536.375,00. | |
Data: 28 de julho. Estádio: Beira-Rio. Árbitro: Hector Baldassi (Argentina). Auxiliares: Ricardo Casas (Argentina) e Hector Maidana (Argentina). |