Capitão nem sabia que poderia votar. Cédula pode ter ficado com técnico, que teria votado duas vezes em Casillas
Thiago Correia
O macauense Geofredo Cheung é capitão da seleção de seu país. Tem direito a um voto para o melhor jogador do mundo, e garante que nunca votou desde que carrega a braçadeira.
O que causou polêmica no pequeno território especial da China - que tem seleção independente, cadastrada na Fifa - é que o voto de Geofredo foi computado. E o apoiador do Monte Carlo, time de Macau, não fazia ideia de que podia votar.
- O formulário nunca chegou para mim, eu nem sabia que tinha esse direito, só descobri agora - disse o capitão macauense ao LANCENET!, que diz que foi pesquisar, e descobriu que aconteceu o mesmo nos seus outros anos como capitão.
Contatada pelo LANCENET!, a Fifa diz apenas que cede os formulários, e o responsável é a federação local. E isso serve também para uma outra polêmica, que envolve os votos da Guatemala (confira abaixo).
Votos de capitão e técnico de Macau foram em Casillas, que sequer era candidato (Foto: Zipi/EFE) |
A federação macauense diz que deu as duas fichas para o treinador Leung SuiWing, nascido em Hong Kong, e não fala mais nada sobre o assunto. É dele que Geofredo cobra uma resposta. Acredita-se que o técnico tenho votado duas vezes.
- Acho que o problema agora é da federação. Ela tem de esclarecer isso. Eu não sei o que posso fazer, a votação já foi e isso não pode mudar - acredita Geofredo.
Os fatos estranhos não param por aí. Tanto o voto do jogador, como o de Leung, foram para Casillas, goleiro do Real Madrid. O segundo foi Cristiano Ronaldo, e Messi em terceiro, para ambos. O que reforça a tese do voto duplo do técnico.
E na China, país que responde legalmente por Macau, os dois votos também foram para Casillas. E o treinador da seleção é José Camacho, ex-ídolo do Real Madrid.
FUTEBOL POR AMOR
O apoiador não tem o esporte como sua fonte de renda, nem se sente um jogador de verdade:
- Eu jogo por amor, sou funcionário público, trabalho para o estado, e é daí que vem o meu sustento.
Como Macau quer se aproximar da Fifa, o mais provável é que tudo fique sem uma explicação mais clara do que aconteceu.
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Polêmica também na Guatemala
Se em Macau não se sabe de onde vieram os votos, na Guatemala eles foram em branco. Mas ao que parece, não foi apenas por falta de tempo ou falha de comunicação. A impressão é que existiu má vontade da Fifa. Mas qual o motivo disso?
A reportagem do LANCENET! entrou em contato com a Federação Nacional de Futebol da Guatemala. O secretário anunciou, aos gritos, que o presidente Bryan Jiménez proibiu qualquer um de falar sobre o assunto, principalmente o treinador, o paraguaio Ever Hugo Almeida, e o capitão Guillhermo Ramírez.
O único contato possível foi com o diretor Manuel Vásquez. Com poucas palavras, ele disse que não vai haver qualquer explicação, e que a Federação vai simplesmente ignorar as perguntas e não vai sequer publicar uma nota de esclarecimento.
O único voto guatemalteco foi da imprensa, pelo jornalista Francisco Aguilar. Ele foi procurado, mas não foi localizado. Escolheu o argentino Messi como o melhor do mundo. Colocou o uruguaio Suárez, do Liverpool, em segundo e o espanhol Xavi, do Barcelona, em terceiro.
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BATE-BOLA COM GEOFREDO CHEUNG
Capitão da seleção de Macau, ao LANCENET!
Como você descobriu que podia votar para melhor do mundo?
Um jornalista daqui me perguntou a razão de ter votado em Casillas, e eu fiquei sem entender nada do que ele estava falando, aí que eu descobri que podia votar.
Vai lutar pelo seu voto?
Desse ano já foi, mas para o ano que vem, se eu ainda for o capitão, vou querer participar. Eu acho que eu mereço (risos).
Você votaria no Casillas?
Jamais. Acho ele o melhor goleiro do mundo, se fosse por posição, votaria nele sim. Mas como eu sou um jogador de meio-campo, votaria em um jogador de linha.
Quem é o melhor do mundo?
Messi, com toda a certeza. Cristiano Ronaldo é fantástico, gosto dele, mas até os números provam que o argentino é o melhor.
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COMO FUNCIONA A VOTAÇÃO
Quem vota
Desde que o prêmio foi unificado entre a Fifa e a revista "France Football", o técnico e o capitão de cada seleção tem direito a votar. E um jornalista de cada país.
Pontuações
Os votos de todos têm o mesmo peso. Três jogadores são escolhidos por cada. O eleito ganha cinco pontos, o segundo leva três, e o terceiro, um.
Domínio de Messi
O argentino venceu o prêmio pela terceira vez seguida, com 48% dos votos. Cristiano Ronaldo foi o segundo, com 22%. Xavi teve 9%, em terceiro.
Boa pontuação de Casillas
O goleiro do Real, que ganhou os votos de Macau e da China, foi figura fácil na eleição. Na relação final, seu nome apareceu 22 vezes, com 54 pontos.
FONTE: LANCE