Sem jogar há 16 meses, atacante tem futuro incerto. Fabiano Farah procura médicos para tratar tendão e psicológico. Excessos e desleixo preocupam
Por Janir Júnior e Thales Soares
Rio de Janeiro
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Sem atuar desde março de 2012, Adrianoprojetou seu retorno para algum clube no meio deste ano. Mas o atacante, 31 anos, blefou. Agora, uma última e decisiva cartada para tentar adiar o fim da carreira começa a ser dada. Fabiano Farah - empresário renomado no futebol que já trabalhou com Ronaldo, Roberto Carlos, entre outros – traçou metas para o jogador, consultou médicos para recuperação do problema no tendão do pé esquerdo e também para a problemática relação com o álcool. O futuro é incerto, o rótulo de ex-jogador começa a ganhar forma e o título de Imperador resume um império em ruínas e de difícil reconstrução.
Formado em administração de empresas, com mestrado em marketing, Fabiano Farah é um dos empresários mais bem relacionados no futebol. Sua “lei de trabalho” é ser discreto. Por isso, ele age em silêncio e evita comentários sobre a condução do caso Adriano. Mas o GLOBOESPORTE.COM destrinchou o mapeamento que Farah fez a favor do atacante.
Um dos contatos do empresário aconteceu com Sidnei Loureiro, gerente técnico do Botafogo e seu amigo de longa data. Farah o consultou sobre a indicação de um médico e recebeu o nome de Rodrigo Kaz, que presta serviços ao Alvinegro, para intensificar a recuperação da lesão no tendão de Aquiles do pé esquerdo do jogador.
Além da questão médica, Farah também demonstrou preocupação com a cabeça de Adriano, que tem um histórico em sua carreira de problemas com o álcool. Desta vez, recebeu o nome de uma clínica especializada, indicada por Chico Fonseca, vice-presidente de futebol do Botafogo.
Apesar do contato com dirigentes do Botafogo, ainda não há uma indicação de que Adriano volte a jogar futebol. No clube, a situação é tratada apenas como uma ajuda a um ser humano no âmbito social, nada relacionado ao esporte profissional ou a sua ida a General Severiano para utilizar as instalações. Pelo menos, por enquanto.
Excessos e descuido com forma física
Recentemente, Adriano deixou de lado o trabalho de condicionamento físico. Amigos e pessoas próximas relatam os abusos de sempre com bebidas alcoólicas, as costumeiras incursões em favelas - muitas delas não pacificadas - e excessos nas madrugadas do Rio. O atacante engordou, apresenta uma silhueta bem mais rechonchuda, o rosto inchado e, às vezes, manca por conta das operações no tendão.
O relacionamento com Renata, que está grávida de Adriano, também sofre abalos, apesar de a odontologista se esforçar e usar redes sociais para postar fotos e mensagens para garantir que está tudo bem.
Mas as incursões noturnas do jogador sem a noiva muitas vezes varam a madrugada, como recentemente, quando Adriano apareceu na praia do Leme em pleno domingo de sol, depois de uma noite de farra que, segundo pessoas presentes à festinha, teria custado R$ 12 mil e contado com presença de mulheres.
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Ao chegar à areia de calça jeans e sem camisa por volta de 10h, o jogador bebeu uma lata de Brahma em apenas um gole, deitou numa espreguiçadeira e, quando foi alertado que poderia ser fotografado, disparou:
- Não devo satisfação a ninguém. Só à minha noiva.
Depois, dormiu por cerca de duas horas.
Resistência a tratamento psicológico
Em junho, o atacante esteve próximo de um acerto com o Internacional. Mas o clube recuou depois dos resultados dos exames médicos. Adriano realizou dois procedimentos cirúrgicos no tendão de Aquiles do pé esquerdo e, mesmo após as cirurgias, não respeitou restrições e prejudicou sua recuperação.
Adriano também recebeu propostas do mundo árabe.
Além da forma física e do problema no tendão do pé esquerdo, aqueles que conviveram ou que ainda estão próximos a Adriano são unânimes em dizer que, mais do que pé ou barriga saliente, o problema do jogador está na cabeça, com as alternâncias psicológicas que marcaram os últimos anos de sua carreira e a relação problemática com a bebida.
No ano passado, quando treinava no Flamengo e acumulou série de indisciplinas, Zinho, então diretor de futebol, condicionou a permanência de Adriano a um tratamento psicológico. O atacante disse que procuraria o médico indicado, o que nunca aconteceu. Ele teve seu contrato rescindido e deixou no ar um grande ponto de interrogação sobre o futuro de sua vida não só dentro, mas também fora das quatro linhas.
FONTE: GLOBO