quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Fla diz que vai até onde for preciso para reconhecer título de 87

Patrícia Amorim fala em interesse pessoal em prejudicá-la e não descarta hipótese de expulsar Ricardo Teixeira do quadro do Rubro-Negro

Por Fred Huber Rio de Janeiro

patricia amorim em coletiva, flamengo
Patrícia: 'Todos os encaminhamentos jurídicos serão

feitos' (Foto: Felippe Costa / Globoesporte.com)

Nesta quarta-feira, a CBF reconheceu os títulos nacionais de 1959 a 1970, mas não homologou a conquista do Flamengo no Brasileiro de 1987. A decisão causou uma grande revolta na Gávea. A presidente Patrícia Amorim não mediu as palavras para repudiar a atitude da entidade máxima do futebol brasileiro. A mandatária rubro-negra avisou que não vai poupar esforços para conseguir que o clube seja oficialmente considerado hexacampeão.

Patrícia Amorim classificou de "brincadeira de mau gosto" o que foi feito com o Flamengo. Ela acredita que a intenção é fazer o Rubro-Negro perder a hegemonia em Brasileiros (seis títulos ao lado do São Paulo).

- O Flamengo repudia o não reconhecimento do título de 87. Todos os encaminhamentos jurídicos serão feitos. Vamos a todas as instâncias: política, jurídica e até em redes sociais. Vamos fazer uma campanha nacional pelo reconhecimento do hexa. Esperamos 23 anos por isso. Ficamos perplexos. Encaramos isso de forma pessoal. Não vai ficar assim, vamos brigar. Não abrimos mão de brigar pelo que conquistamos no campo. Foi uma brincadeira de mau gosto. Parece que a intenção foi que o Flamengo perdesse a hegemonia. Meu estômago está embrulhado com esta decepção, não vamos mais esquecer este dia.

Não temos medos de ir para o confronto, não vamos nos omitir. Gosto de uma boa luta, aprendi isso no Flamengo. Vou até o meu último dia de vida. Para toda ação existe uma reação. O Flamengo não tem medo de contrariar interesses"
Patrícia Amorim

A presidente do Fla acredita que exista um problema pessoal de Ricardo Teixeira com ela, que não votou no candidato apoiado por ele, Kleber Leite, para o Clube dos 13. Amorim deu seu voto para Fábio Koff.

- Antes eu não acreditava, mas a partir de hoje eu acredito que seja alguma coisa pessoal, arquitetada. Mas não temos medos de ir para o confronto, não vamos nos omitir. Gosto de uma boa luta, aprendi isso no Flamengo. Vou até o meu último dia de vida. Para toda ação existe uma reação. O Flamengo não tem medo de contrariar interesses. Se outros tiveram reconhecimento em campeonatos menos expressivos, por que não reconhecer o título de 87? O Flamengo esperava que houvesse uma conversa, uma ação democrática de quem exerce um cargo político. Acho que a credibilidade da instituição (CBF) fica abalada.

Patrícia Amorim não descartou a hipótese de Ricardo Teixeira, que é benemérito do Fla, ser expulso do clube. A ideia partiu do presidente do Conselho Fiscal.

- Todas as manifestações terão nosso apoio. Mas o que não nos interessa é punir, é o reconhecimento do título. Precisamos prestar conta aos nossos torcedores.

Rafael de Piro, vice-presidente jurídico, não concordou com a justificativa da CBF para não reconhecer o título de 87. O parecer jurídico da entidade cita uma ação que tramitou e foi julgada na 10ª Vara Federal de Pernambuco, sendo prolatada em 02 de maio de 1994. O dirigente rubro-negro, no entanto, não acredita que esta decisão judicial exclui o reconhecimento do título do Fla.

- Não há impedimento jurídico para declarar o Flamengo campeão de 87. A decisão judicial de 94 julga procedente a ação do Sport, mas não exclui o Flamengo de ser campeão também. Existe uma possibilidade de inverter isso, até porque foi uma coisa injusta. É uma indignidade. Ninguém pode tirar o Flamengo um título desta forma. Foi reconhecido pelo Clube dos 13, que organizou o campeonato naquele ano.

Em nota oficial, o departamento jurídico do clube liga a decisão da CBF à "vontade pessoal" do presidente da entidade.

- A deliberação da CBF reflete apenas a vontade pessoal de seu presidente, contra a qual se insurgirá o Flamengo com todas as suas forças.

fonte: globo