Segundo João Henrique Areias, clubes precisam sentar com a Globo para negociar citação de empresas que investem em naming rights
Inaugurado na semana passada, o novo estádio do Palmeiras é apontado por especialistas como o melhor projeto no país como modelo de negócio. Tanto que a arena já nasce com um naming right, Allianz Parque, e com um grande show internacional em sua agenda, o do ex-Beatle Paul McCartney.
Nesta entrevista ao LANCE!Bizz, o especialista em marketing esportivo João Henrique Areias explica porque o estádio do Palmeiras está à frente dos concorrentes, aponta que o calendário é um dos desafios para torná-lo ainda mais rentável e a saída para que o naming right passe a ser de fato uma fonte de renda para os estádios brasileiros.
Qual a sua avaliação sobre o Allianz Parque como um modelo de negócio?
O Allianz Parque é a única arena multiuso no mercado brasileiro, com propriedades que nem os estádios utilizados na Copa do Mundo 2014 têm. É um local que abrange múltiplas propostas de negócios que abrangem futebol, shows e eventos variados. Mas o Allianz Parque terá de lidar com o um grande problema de nosso mercado que é o péssimo calendário do futebol brasileiro.
Mas quanto isso pode prejudicar os negócios no Allianz Parque?
Vou utilizar a Arena do Grêmio como exemplo. Fiz um estudo de receitas obtidas e dos 19 jogos realizados pelo clube em casa no Campeonato Brasileiro, dez deles foram no meio de semana. E essas partidas tiveram uma arrecadação 40% menor que os jogos aos sábados e domingo. Então, além do desafio de gerir um novo modelo de negócio no Brasil, como as novas arenas, temos que lidar também com uma administração amadora do nosso futebol e isso vem de cima, no caso a CBF.
É possível comparar o Allianz Parque com a Arena Corinthians?
O Allianz Parque me parece ser um modelo mais viável financeiramente e para isso conta muito a localização da arena, que está no coração de São Paulo, no meio de um bairro nobre e com acesso fácil através de transporte urbano. Já a localização da Arena Corinthians não é tão boa e isso faz uma grande diferença.
E quanto a exploração comercial das arenas. Qual a melhor entre as duas?
Independente do modelo, tem que se atrair o máximo de patrocínio possível e os clubes ainda não fazem isso como lá fora. As propriedades exploradas ainda são muito poucas e não vejo um modelo de gestão profissional que sirva de exemplo no futebol brasileiro. Ainda estamos engatinhando nessa área e dependendo do surgimento de um grande profissional de marketing, como ocorreu com o Corinthians nos últimos anos. Isso é muito pouco. Mas ainda acho que, pela localização, a arena do Palmeiras será a mais rentável.
O Palmeiras já inaugura sua arena com uma empresa investindo no naming right do estádio, no caso a Allianz. Como você avalia esse modelo de exploração comercial no país?
Os únicos naming right de estádios do futebol brasileiro foram a Arena Kyocera, do Atlético-PR, e a Arena Petrobras, no Rio de Janeiro, que foi um estádio utilizado por Flamengo e Fluminense quando o Maracanã esteve fechado. Isso é muito pouco. E não se vendeu mais por causa da Globo, que não cita o nome da empresa investidora. Os clubes têm que sentar e combinar com a emissora. Com o poder que a Globo tem, uma parte do contrato tem que ser repassado à ela, não tem como fugir disso.
FONTE: LANCE