Para o ex-jogador, o Velho Lobo foi fraco como técnico. Deputado federal deixa Messi fora do 'top 10 mundial' e diz ter sido melhor que Maradona
Um dos maiores ídolos do futebol brasileiro, o ex-atacante Romário resolveu soltar o verbo em entrevista ao programa do jornalista Jorge Kajuru, no Canal Esporte Interativo.A primeira vítima? Zagallo. Questionado sobre o comando da Seleção Brasileira, ele elogiou o treinador Mano Menezes, mas lembrou a época em que o Velho Lobo esteve na comissão técnica.
- Em relação a técnico, eu acredito que o Mano seja bom, como muitos outros na Seleção foram, e alguns ruins foram também, e conseguiram ser campeões do mundo. Zagallo, por exemplo. Como treinador, na minha opinião, foi um dos mais fracos que já tive. Mas o Mano tem feito umas convocações que, 80, 90% dos jogadores, eu também convocaria - relatou.
Romário analisou também o momento da Seleção Brasileira. Segundo ele, há grandes promessas no Brasil, como Neymar, Lucas e Ganso, o melhor dos três em sua opinião, mas, por enquanto, nenhum deles pode ser chamado de craque.
- O Neymar pode vir a ser craque, pode vir a ser o grande nome da Copa de 2014. O Lucas, do São Paulo. Acredito mais, inclusive, no Ganso. Se for aquele jogador de antes da primeira operação, é um dos mais completos do Brasil. Não sei se a palavra é gênio. Nenhum deles pode ser comparado ao Messi.
O Baixinho elogiou o futebol do camisa 10 do Barcelona, mas não colocou o argentino no rol dos dez melhores da história. Para ele, é preciso ganhar uma Copa do Mundo, título que Messi ainda não conseguiu alcançar.
- É o mais completo com a camisa de um time. Nos últimos anos, tem sido o melhor do mundo. Mas eu não posso dizer que o Messi faz parte da galeria de dez maiores da história. Para isso, tem que ter vencido uma Copa do Mundo. O rendimento é outro no Barcelona, mas o Barcelona jogou para mim, para o Rivaldo, e joga para o Messi. Na seleção, há uma individualidade.
O deputado federal fez questão de listar os dez maiores da história e se colocou à frente de Diego Armando Maradona. Segundo o Baixinho, Ronaldinho Gaúcho, a quem há sete anos chamou de "último romântico do futebol", teve uma queda, e foi ultrapassado pelo ex-jogador Ronaldo Fenômeno.
- Coloco Pelé, Romário, Maradona... pulei o Maradona porque fiz mais gols, tive mais títulos, então posso me colocar sim depois do Pelé. Com todo respeito. Aí vem o Ronaldo Fenômeno. Eu tinha falado do Gaúcho, há sete anos, citei que era o 'último romântico' do futebol. Mas a gente vê que alguma coisa aconteceu. O Gaúcho não é mais aquele jogador de sete anos atrás, mas com essa nova chance na Seleção, no Flamengo, jogando o futebol que a gente gosta, acho que ele pode voltar.
Romário ainda falou sobre sua relação com Ronaldo Fenômeno e o fim da carreira do ex-jogador do Corinthians. O Baixinho também criticou os gastos públicos e obras para a Copa do Mundo de 2014, além de apontar os favoritos a conquistar o torneio que será disputado no Brasil.
Confira outros trechos da entrevista de Romário:
Relação com Ronaldo Fenômeno e Edmundo
- O Fenômeno, a gente nunca foi amigo, mas está longe de ser inimigo. A gente se fala pouco, ele tem a vida dele em São Paulo, eu tenho a minha em Brasília e no Rio. Sempre quando a gente se vê a gente se cumprimenta. Não tenho nada para falar dele. Posso dizer que o Edmundo, em uma época da minha vida, foi meu único amigo entre os grandes jogadores. Hoje, a gente não tem essa amizade. Mas os problemas já resolvemos.
Ricardo Teixeira e a ausência na Copa de 2002
- Ele apertou a minha mão e falou que eu iria à Copa do Mundo (2002). Eu falei: 'Presidente, o treinador é o Felipão'. E ele falou pra mim: 'Mas quem manda sou eu'. 'Então tá bom, vou acreditar na sua palavra' (...) E segundo ele, o motivo que ele ficou com raiva, aborrecido, é que ele achou que eu tivesse combinado com a Rede Globo para ir lá no final do encontro, para a Rede Globo dar esse furo. Então no dia da convocação, da final, ele falou para o Felipão: 'Fica à vontade, faz a convocação que você quiser'.
Aposentadoria própria e do Ronaldo
- Eu estava melhor quando parei. Mas ele deixou de jogar futebol a partir do momento em que ele sentiu que estava na hora. E eu parei de jogar futebol porque meu corpo não acompanhava meu raciocínio. Essa foi a diferença. Como ele falou, foram anos maravilhosos, tenho certeza que nós aproveitamos bastante.
Favoritos ao Mundial de 2014
- Quando se fala de Copa, se não acontecer nada diferente do normal, eu coloco por ordem Brasil, Itália, Alemanha, Espanha, Argentina, e o Uruguai, por um crescimento que vem acontecendo no futebol uruguaio. Outras seriam surpresas. Nem mais a França eu colocaria.
Ganhar uma Copa do Mundo "nas costas"
- Copa ganha nas costas vai ser muito difícil ver. O futebol hoje é muito coletivo. A individualidade não é mais respeitada pelos próprios companheiros como era antes, na minha época. A parte física tomou conta, tanto é que você vê jogadores aí que muitos dizem que são craques, mas não são técnicos como dizem. Só porque são diferentes, a nossa imprensa já acha que o cara é um craque.
Gastos públicos com estádios para 2014
- O que mais me agride é esse gasto de dinheiro público em relação aos estádios. Por exemplo, tem estádios que vão chegar a mais de dois bilhões de reais em gastos. Estádios esses que, com certeza, vão ter apenas dois ou três jogos, e virarão aquela 'frase' que todos nós falamos: Verdadeiro elefante branco.
Aeroportos para a Copa
- Aeroportos que vão gastar milhões, ou até bilhões, e que depois da Copa, essas cidades não vão receber tantas pessoas. Apesar que, em algumas cidades, talvez nem recebam tantas pessoas quanto eles acham na Copa, dependendo do grupo que vai cair.
Orçamentos altos e críticas ao desperdício
- Alguns orçamentos aumentaram em 20%. As obras nem começaram, nenhum tijolo. Ou seja, o gasto é uma brincadeira, e ninguém faz nada, ninguém toma uma decisão. E a conta que foi feita há dois anos, de que o custo da Copa do Mundo seria de 52 bilhões de reais, se a gente colocar o trem-bala, já passou dos 60. E detalhe: vão gastar tudo isso, e quem vai ao estádio ver futebol? No caso, no Brasil, é a classe C, D e E. Infelizmente, pelos preços que tenho ouvido aí, vai bater 450 reais, e vai ser a Copa no Brasil e não vai ser a Copa para o brasileiro. E os nossos hospitais? Nossas escolas públicas? Nossas entidades como APAE, Pestalozzi e outras muitas? No Rio de Janeiro, o Benjamim Constant, uma entidade de pessoas com deficiência visual, está para fechar porque não tem ajuda do governo.
fonte: globo