Ex-presidente retorna ao local em que começou a fazer política e, em cima do muro, ganha o empate que pedira entre Corinthians e São Bernardo
Com uma camisa metade São Bernardo e metade Corinthians, o ex-presidente Lula exibe sua carteirinha de sócio-torcedor do "Bernô", apelido do time da cidade onde mora (Gustavo Tilio/Globoesporte.com)
Não era um comício, mas sim uma partida de futebol. Mesmo assim, Luiz Inácio Lula da Silva foi o protagonista neste domingo, antes do duelo entre São Bernardo e Corinthians, pela quinta rodada do Paulistão. A convite da prefeitura da cidade do ABC paulista, o ex-presidente da República reinaugurou o estádio Primeiro de Maio, palco de muitos discursos do ex-sindicalista no final dos anos 70 e começo dos 80.
Cercado de seguranças e policiais militares (quase 300 foram convocados para a partida, além de um helicóptero sobrevoando a área), Lula esteve na nova ala do estádio, construída recentemente, pouco antes do apito inicial. Ao lado do prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, do presidente do Corinthians, Andrés Sanches, e do mandatário do São Bernardo Futebol Clube, Luiz Fernando Teixeira, ele inaugurou a placa que simboliza a entrega da obra.
Além da construção de setor para imprensa e camarotes, a prefeitura de São Bernardo do Campo mandou instalar iluminação no estádio. Até pouco tempo, o local não recebia jogos à noite por conta da falta de refletores.
Lula no meio da arquibancada do estádio Primeiro de Maio (Foto: Gustavo Tilio/Globoesporte.com)
- Aqui nasceu um presidente da República, aqui nasceu um movimento sindicalista que brigou muito pelo direito dos trabalhadores - disse Lula, que recebeu uma placa em sua homenagem.
Inaugurado em 1968, o estádio municipal foi o principal palco do início da carreira política de Luiz Inácio Lula da Silva. Quando era líder sindical na cidade do ABC paulista, o ex-presidente fez inúmeros comícios no local, que ficava sempre lotado de metalúrgicos. Foi nessa época que o nome de Lula ganhou projeção nacional.
O maior evento liderado por Lula no estádio ocorreu em 13 de maio de 1979, naquela que é considerada a maior greve da história do Brasil. Aproximadamente 60 mil metalúrgicos pararam de trabalhar e estiveram no Primeiro de Maio para ouvir o líder sindical. Dez anos depois, aquele mesmo líder começaria a concorrer à Presidência do Brasil. Foram quatro tentativas até que fosse eleito em 2002 e ficasse no cargo até 2010.
- Foi diferente entrar aqui. Quando eu vinha para a assembleia entrava no estádio dando palpite na vida do povo todo. O palanque era ali perto da trave (olha apontando para o gramado). A primeira assembleia foi em cima de uma mesinha, sem microfone, e o pessoal ia repetindo de ouvido em ouvido. Fizemos uma das greves mais importantes da história desse país.
Lula permaneceu no estádio depois da cerimônia para acompanhar o jogo. Morador da cidade e torcedor fanático do Corinthians, ele - vestindo uma camisa 13 (em alusão ao número do PT) metade São Bernardo metade Corinthians - ficou em cima do muro desta vez.
- Sou corintiano, mas vou torcer por um empate. Fiquei muito tempo sem ir a um estádio, mas hoje me sinto livre para fazer o que eu quiser. Posso fazer o que eu quiser da minha vida - disse o ex-presidente, que acertou o resultado, já que a partida acabou 2 a 2.
Lula ao lado do presidente corintiano, Andrés Sanches (Foto: Gustavo Tilio/Globoesporte.com)
Ao lado do presidente corintiano, Andrés Sanches, Lula ainda deu uma de torcedor corneteiro.
- E que o Corinthians se prepare melhor para a Libertadores para não repetir o fiasco da última quarta-feira (quando empatou em 0 a 0 com o Deportes Tolima no Pacaembu), não é, Andrés?
Na próxima quarta, o Timão volta a campo pela Libertadores. Se empatar em gols ou vencer o Tolima, na Colômbia, a equipe avança na competição. Derrota significará a eliminação precoce. Uma nova igualdade em 0 a 0 levará a decisão para os pênaltis.
fonte: globo