quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Em jogo com recorde de público e renda de R$ 1 milhão, Fla e Flu nada levam




Clubes têm suas rendas penhoradas de forma integral. Dirigente rubro-negro não assina borderô, e tricolores encaram medida com naturalidade



Uma situação inusitada marcou o clássico entre Flamengo e Fluminense, disputado no último domingo, no Maracanã. O jogo foi comemorado principalmente pelo lado rubro-negro por ter conseguido, além da vitória por 2 a 0, bater o recorde de público de todas as divisões do Campeonato Brasileiro como mandante, que era do Vasco na Série B. A presença dos 78.409 pagantes gerou uma renda de pouco mais de R$ 1 milhão (R$ 1.016.016,00, para ser exato). Porém, nada disso garantiu sequer um centavo no caixa dos clubes, como indica o borderô da partida.

De acordo com o documento divulgado pela CBF, os clubes deveriam receber R$ 317.723,60. Porém, as penhoras fizeram com que esse dinheiro sequer passasse perto tanto da Gávea quanto das Laranjeiras.



O curioso é que, se a dupla Fla-Flu não teve lucro, a União dos Escoteiros do Brasil (UEB) faturou R$ 6.584,95. De acordo com a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), uma quantia da verba arrecadada no clássico deve ser repassada aos escoteiros do Rio de Janeiro, como prevê uma lei estadual. O dinheiro é utilizado pela instituição em cursos, por exemplo.

A Acerj (Associação de Cronistas do Rio de Janeiro) e a Fugap (Fundação Garantia do Atleta Profissional) levaram, respectivamente, R$ 3.292,47 e R$ 13.169,99.




Mas o maior desconto fica por conta das despesas administrativas da partida.




O valor chegou a R$ 357.521,50 e inclui taxas da Ferj (R$ 50.800,80), de arbitragem (R$ 5.650,00), e da Suderj (R$ 55.608,00), entre outras despesas e impostos.




Porém, a maior mordida fica por conta do item 'Venda e Pré-Venda de Ingressos', que levou nada menos que R$ 101.600,00 - veja na reprodução do borderô, abaixo.


Borderô do clássico mostra que clubes teriam direito a quase R$ 318 mil, mas a receita foi penhorada. Nenhum representante do Flamengo assinou o documento



Sem ver a cor do dinheiro, o Flamengo não assinou o documento. Apesar de o clube ter um acordo de reter 15% (como indica o documento) de todas as receitas e destiná-las ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT), não aceita a penhora de todo o valor da renda. - Não fomos avisados por ninguém antes do jogo. Podem tê-lo feito à Federação, mas não ao Flamengo - disse o vice de futebol rubro-negro Marcos Braz.






Do lado tricolor o ocorrido foi encarado com naturalidade. O vice-presidente de futebol, Ricardo Tenório, não foi informado sobre a retenção da renda, mas não se mostrou surpreso com a informação:- Ainda não sei de nada. Até vou me informar sobre os valores, era algo que já estava previsto ser feito. Mas não acho difícil.




O Fluminense sofre com algumas ações trabalhistas que geram penhoras, assim como o Flamengo. Advogado do Tricolor por um longo período e atual gestor de futebol, Mário Bittencourt foi sucinto sobre o caso:




- Desconheço.




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