terça-feira, 13 de outubro de 2009

Mike Tyson revela origem de sua raiva: 'Eu era gordo e todos implicavam comigo'


Em uma entrevista a apresentadora de TV, Oprah Winfrey, o ex-campeão mundial fala sobre a infância problemática e a morte da filha de 4 anos

Tyson conversa com Oprah Winfrey
Emocionado, Mike Tyson participou do programa da apresentadora americana, Oprah Winfrey, nesta segunda-feira, para divulgar o lançamento do documentário sobre suas histórias de dentro e fora dos ringues. De lutas inesquecíveis e casamentos problemáticos à passagem pela reabilitação e morte da filha de apenas 4 anos, o filme conta os altos e baixos da vida do ex-campeão mundial. Infância difícil “Eu lidava com um imenso complexo de inferioridade, não tinha auto-estima. Quando era menino, eu era gordo e todo mundo implicava comigo. Uma vez, quando as crianças do meu bairro descobriram que eu criava pombos, eles vieram tirar os animais de mim. Eu chamei minha mãe para me ajudar. Mas um cara pegou um deles, tirou o pescoço e depois colocou o pássaro no meu rosto. Então, alguém gritou: “Mike, brigue com ele”. E eu briguei. Foi aí que tudo começou” Relacionamento com o primeiro técnico

Quando Tyson tinha apenas 16 anos, sua mãe morreu. Como ele nunca conheceu o pai, seu técnico, Cus D’Amato, tornou-se seu tutor. Após sua morte, em 1985, o pugilista começou a usar drogas e tornou-se alcoólatra. "Cus ficava muito desapontado se eu demonstrasse qualquer tipo de emoção, compaixão por alguém, principalmente se a pessoa fosse rica. Ele dizia que esses não mereciam nossos sentimentos. Cus era muito estranho, ele controlava tudo o que sentia."

Tyson fica emocionado ao falar sobre o passado
Primeiro casamento

Logo depois de Tyson casar com Robin Givens, houve rumores sobre violência e infidelidade do casal. Durante uma entrevista para a TV americana, a atriz confirmou que o marido era maníaco-depressivo. “Não acreditei no que ela estava falando de mim, mas se eu reagisse e quebrasse tudo ali, eles teriam o que queriam. Então, me controlei. Naquele momento, eu realmente queria bater nela, mas não bati. Eu era muito novo na época. Nosso casamento era assim. Eu dava um soco nela e ela retribuía. Todos os meus relacionamentos falharam porque nunca fui fiel ou honesto com ninguém na minha vida.” Período na prisão

Após o divórcio com Robin, Tyson perdeu a invencibilidade nos ringues (1990) e foi preso por três anos após assumir sua culpa em uma acusação de estupro. “A prisão não foi um bom lugar para mim. Não acho que eu deveria ter ido para lá. Não reconheço o cara que estava preso, sabe? Lá é um local que não conhece limites. Você fica preso e perde sua moral. Perdi minha fé em Deus ali, o que é muito fácil quando tudo que você vê refletido nas paredes é ódio.” Logo depois de deixar o presídio, Tyson decidiu marcar sua volta aos ringues. “Eu não deveria ter lutado. Não estava em condições psicológicas, emocionais ou intelectuais para isso. Eu era um centro de energia da raiva.” Mordida na orelha de Evander Holyfield

Em 1997, Tyson lutou contra Evander Holyfield e arrancou um pedaço da orelha do adversário com os dentes no terceiro round. Depois disso, o pugilista foi suspenso do boxe por um ano. “Eu estava com raiva porque ele ficava empurrando a minha cabeça. Estava enfurecido e queria fazer ele sofrer muito. Estava muito irritado por ele ser um grande lutador também, só queria derrotá-lo. Mas agora, quando o vejo, ele fica um pouco desconfiado de mim. Eu sinto a energia e não é boa, mas eu sempre quero apertar sua mão e pedir desculpas. Já o conheço há tanto tempo, e sei que aquilo foi indisciplinar. Eu estava em um clima muito competitivo, e precisava, desesperadamente, superar esse cara para a minha própria valorização interna”


Tyson chora ao ver a foto de Exodus
Morte da filha

Em maio de 2009, Exodus, filha de apenas 4 anos de Tyson, morreu enforcada em um acidente doméstico. Cinco meses depois da tragédia, o pugilista falou sobre o assunto. "Eu comecei querendo saber o que tinha acontecido. Mas uma vez que cheguei perto, acho que minha experiência na reabilitação, falou mais alto. Ela deveria ter sido melhor cuidada, mas não tenho raiva. Não quero saber o que aconteceu porque se eu souber terei alguém para culpar e isso será um problema."Reabilitação

“Percebi que eu iria morrer se não diminuísse o ritmo da minha vida. Eu estava muito mal. Pegava o dinheiro de traficantes e não devolvia. Dizia a eles para mandar os chefes virem buscar. Nossa, isso é muito vergonhoso. Não quero mais seguir esse caminho. Sei como ele é. Estou feliz por ter minha família, alguém com quem posso viver junto e que entende a minha prioridade na vida. Tenho que tomar conta dessas crianças agora.”


fonte: globo