terça-feira, 27 de abril de 2010

Acostumado com luxo, Muricy vive choque de realidade ao chegar ao Flu

Ao contrário da modernidade oferecida por São Paulo e Palmeiras, treinador encontra estrutura precária seja na Ilha ou nas Laranjeiras

Editoria de Arte/GLOBOESPORTE.COM

Imagem de um dos vestiários do Luso-Brasileiro, usado pela Portuguesa. Local ocupado pelo Flu é mais bem estruturado, mas não se compara ao do Palmeiras

Ao colocar os pés no estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, exatamente às 17h17m (de Brasília), de segunda-feira, para acompanhar pela primeira vez um treinamento do Fluminense, Muricy Ramalho teve um choque de realidade. Acostumado com as estruturas de alto nível nos últimos seis anos de carreira, quando comandou Internacional, São Paulo e Palmeiras, o treinador se deparou com um ambiente mal cuidado e digno de um clube que disputa a Segunda Divisão do Campeonato Carioca, a Portuguesa.

Estrutura de Palmeiras e São Paulo:

PALMEIRAS SÃO PAULO

550 mil metros quadrados

3 campos com medidas oficiais

Ginásio

Centro de recuperação de fisioterapia e fisiologia

Vestiário moderno

Sala para comissão técnica

Consultório médico

3 campos oficiais

1 pequeno

1 exclusivo para goleiros

2 vestiários modernos

Alojamento

Restaurante

Sala de jogos

Reffis

Confira as instalações utilizadas pelo Flu:

ILHA DO GOVERNADOR LARANJEIRAS

1 campo com medidas oficiais

Vestiário precário

Não há sala de imprensa

Não há academia

Não há departamento de fisioterapia ou fisiologia

1 campo com medidas oficiais

Vestiário bem arrumado

Sala de imprensa moderna

Academia modesta

Departamento médico de fisioterapia e fisiologia

Alojamento precário

Restaurante comum aos sócios

Não se sabe até quando o Tricolor permanecerá no local. O retorno às Laranjeiras está previsto para o início da próxima semana, mas não será necessário muito tempo para que Muricy identifique contrastes evidentes. A diferença para o que era oferecido pelos dois últimos clubes comandados pelo profissional, por exemplo, é abissal.

Enquanto na Ilha somente um campo está à disposição do futebol profissional tricolor, assim como nas Laranjeiras, e não há estrutura de academia e departamento médico, nos centros de treinamentos de São Paulo e Palmeiras existem três campos oficiais. O Tricolor vai além e oferece, além de um espaço menor para atividades físicas, um local específico para trabalho dos goleiros.

O conforto também está longe de existir. Ao contrário dos espaços devidamente decorados, climatizados e estacionamentos exclusivos, no Luso-Brasileiro o treinador terá que se acostumar a caminhar em chão de terra, com alguns matos não tão bem aparados e um calor, muitas vezes, insuportável. Vestiário há apenas um, longe da modernidade que lhe era disponível na Academia de Futebol há pouco mais de dois meses e banheiras de hidromassagem dão lugar a chuveiros simples.

Na apresentação oficial, Muricy Ramalho tentou minimizar a disparidade entre as estruturas oferecidas por paulistas e cariocas. Entretanto, a diretoria tricolor negocia um CT na Barra da Tijuca para atender os anseios do comandante.

- É possível melhorar um time de futebol com estrutura. Tudo é fundamental: local para treinamento, alimentação... É preciso dar as coisas para poder cobrar de um jogador. Tem que ter bom CT, salários em dia...A função do técnico e da diretoria é essa – disse Muricy.

Editoria de Arte/GLOBOESPORTE.COM

Salas de imprensa do Fluminense e do Palmeiras

O que mais promete tirar o técnico do sério, no entanto, é o atendimento aos jornalistas. Se Muricy Ramalho já é conhecido pelas variações de humor durante entrevistas, na Ilha do Governador sequer há uma sala de imprensa e mosquitos costumam incomodar bastante durante as respostas.

Após comentar a chegada do novo técnico, segunda-feira, Fred refletiu bem o ambiente para entrevistas:

- Que sauna! – exclamou bastante suado.

O atacante, por sua vez, acredita que a chegada de Muricy vai contribuir bastante para que o Fluminense passe a integrar o grupo dos clubes mais bem estruturados do país.

- Tem tudo para melhorar cada vez mais (a estrutura). O Fluminense tem um time de qualidade, um treinador de ponta, uma torcida maravilhosa e uma marca muito boa. As coisas estão caminhando e melhorando a cada dia. Quem sabe não vai melhorar toda essa estrutura? Vamos fazer de tudo para que venham somente coisas boas. E quando falamos de coisas boas é tudo: resultado em campo, estrutura... O treinador já chegou. Vamos torcer para que os resultados sejam os melhores possíveis.

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Visão aérea dos campos da Portuguesa, São Paulo (acima à dir) e Palmeiras

Enquanto isso não acontece, Muricy terá que se adaptar a um mundo não tão novo para ele, que no início da carreira trabalhou em clube que também não primavam pela infraestrutura, como São Caetano e Náutico. É o momento de mostrar que, mais do que estrutura, chegou a vez do trabalho fazer a diferença.

fonte: globo