Sambistas não esquecem gol de Carlos Alberto após passe perfeito de Pelé
Mestres na arte de fazer samba, Paulinho da Viola e Arlindo Cruz não esquecem os mestres do futebol arte. Para os dois bambas, a final entre Brasil e Itália em 1970 é o jogo inesquecível em Copas do Mundo. A bola perfeita de Pelé para Carlos Alberto fechar a vitória de 4 a 1 é o lance que marcou a memória dos compositores.
- Aquele passe de Pelé para Carlos Alberto... Jairzinho, Tostão, Rivelino, Clodoaldo... Não esqueço – disse Paulinho.
- O Brasil saiu na frente, depois a Itália empatou, aí o Gerson acertou aquela bola de canhota. Mas o gol que ficou na cabeça é o do Carlos Alberto, que o Pelé rolou – lembrou Arlindo.
Nascido em 1942, Paulinho chegou a acompanhar o primeiro título brasileiro, em 1958, pelo rádio. Sem imagens da televisão na época, o portelense guarda a lembrança da comemoração nas ruas:
- Eu tinha 16 anos, acompanhei bem. Lá na Vila Valqueire, perto de Jacarepaguá, o céu ficou cheio de balões verde-amarelos. Era de dia, dava para ver milhares de balões, não havia proibição naquele tempo. Foi uma visão bonita.
Paulinho da Viola e Arlindo Cruz: dois ícones do samba
Arlindo é mais novo e nasceu quase três meses após a vitória sobre a Suécia no estádio Rasunda.
- Minha mãe viu a copa comigo na barriga. Por isso nasci agitado – brinca.
Perto de completar 12 anos durante a Copa de 1970, o cantor tentava imitar os craques da seleção de Zagallo nas ruas de Piedade, bairro onde cresceu no Rio de Janeiro.
- Quando os jogos acabavam, a gente ia para a rua jogar pelada. Tentei fazer aquele gol do Carlos Alberto, de primeira com a bola rolando, mas a bola foi lá na vizinha (risos).
Paulinho 'traumatizado' com derrota de 1986
Se Brasil 4 x 1 Itália foi a vitória inesquecível, os dois também citam o mesmo jogo ao lembrarem um fracasso brasileiro em Copas: contra a França em 1986, com pênalti perdido por Zico e derrota na disputa de cobranças após o empate de 1 a 1. Paulinho ficou até traumatizado, pois estava no Japão e não teve como acompanhar a partida. Agora, promete, nunca mais sairá do país durante o Mundial.
- Na época não passava nada no Japão sobre futebol. Eu não sabia o que tinha acontecido. Me falaram que tinha um jornal, às 6h da manha, que talvez passasse alguma coisa. Eu liguei, não entendi nada de japonês, e fiquei sabendo assim que o Brasil saiu. Apareceu a cena de um brasileiro perdendo o pênalti, depois um francês faz o gol e comemora. Foi assim que eu soube que o Brasil saiu – lembra.
Um dos sambistas preferidos dos jogadores, Arlindo defende seus amigos. Para o compositor, Ronaldinho poderia ganhar uma chance com Dunga na seleção.
- Ronaldinho é um grande sambista, ele gosta de tocar pandeiro, tantan. Robinho também toca banjo. Eles levam isso para dentro do campo, essa alegria deixa o futebol mais bonito. Estou torcendo para o Dunga convocar o Ronaldinho, a Copa com ele será muito melhor para a gente – concluiu.
Veja a ficha técnica de Brasil x Itália em 1970:
| BRASIL 4 x 1 ITÁLIA | |
| Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Gérson, Rivellino, Jairzinho, Tostão e Pelé. | Albertosi, Burgnich, Cera, Rosato, Facchetti, Bertini (Juliano), Domenghini, Mazzola, Boninsegna (Rivera), De Sisti e Riva. |
| Técnico: Zagallo | Técnico: Valcareggi. |
| Gols: Pelé, aos 18 do primeiro tempo; Boninsegna, aos 37 do primeiro tempo; Gérson, aos 20 do segundo tempo; Jairzinho, aos 25 do segundo tempo; Carlos Alberto, aos 41 do segundo tempo | |
| Cartões amarelos: Rivellino e Burgnich | |
| Estádio: Azteca, na Cidade do México. Data: 21/06/1970. Árbitro: Rudolf Glockner (RDA). Público: 107.412 pessoas a | |
