quarta-feira, 30 de julho de 2008

LEMBRA DELE? Batata, campeão mundial pelo Timão, pendura as chuteiras


Zagueiro, que estava no Salgueiro-PE, quer ficar perto da sua família

Divulgação/Arquivo Pessoal
Batata e as muitas camisas de times que representou e ganhou ao longo da carreira
“Cara de Kombi”? “Lombada”? Se você dissesse para algum torcedor corintiano que um jogador com estes apelidos vestiu a camisa do Timão e conquistou sete títulos pelo clube, certamente ele não acreditaria. Mas se a alcunha mudar para ‘Batata’, não tenha dúvidas de que o entusiasta vai se lembrar.

- O Marcelinho Carioca que me chamava por estes nomes. Levava na boa. Não sei o porquê do “Cara de Kombi”, mas “lombada” era por causa do meu pé – diz o bem humorado zagueiro, por telefone, ao GLOBOESPORTE.COM.


Divulgação/Arquivo Pessoal
Quando chegou ao Timão teve como parceiro de zaga o melhor do mundo na posição na época
Em 1998, ele chegou do modesto Ituano para o Corinthians com desconfiança, mas logo se consolidou como titular ao lado do paraguaio Gamarra, que na época fora eleito o melhor zagueiro do mundo. Em cinco anos vestindo a camisa do Timão, Batata conquistou dois Campeonatos Brasileiros, dois Campeonatos Paulistas, um Torneio Rio-São Paulo, uma Copa do Brasil e um Mundial da Fifa. Após passar por 13 clubes, o zagueiro decidiu pendurar as chuteiras aos 34 anos:

- Fui contratado no início do ano pelo Salgueiro, para disputar o Campeonato Pernambucano. Quando terminou o Estadual, o meu contrato encerrou. Desde então, decidi que não ia mais jogar. Tomei a decisão, pois fiquei muito longe da minha família. Enquanto minha esposa e meus filhos ficaram aqui, em Recife, eu estava lá em Salgueiro, no Sertão de Pernambuco, a 518 quilômetros de distância – afirma.

Consagrado, Batata relembra momentos de alegrias, tristezas e polêmicas vividos no Parque São Jorge:

- Quando cheguei, em 1998, fiquei um pouco assustado de jogar ao lado do Gamarra. Mas ele me deixou à vontade e foi bem legal comigo. É uma ótima pessoa. No mesmo ano, houve aquele problema envolvendo o Marcelinho, o Vanderlei Luxemburgo e o Ricardinho. Aquilo ocorreu por vaidade. Sou até suspeito em falar sobre isso, pois sou muito amigo do Ricardinho – se esquiva.


Por ser zagueiro, Batata não fez muitos gols na carreira. No entanto, quando o Corinthians enfrentou o Palmeiras, em 2001, pelo Campeonato Brasileiro, e goleou por 4 a 2 (assista ao vídeo), Batata calou a boca dos críticos:

- Nós enfrentamos o Guarani, no domingo, e perdemos por 3 a 0. Em um dos gols, o atacante Leo me deu um chapéu. Não estive bem neste jogo, e a imprensa toda começou a falar que o ‘Batata virou purê’. Na quarta-feira, teve o clássico contra o Palmeiras. Dei um passe para o Luizão fazer um gol e ainda fiz outro. Esse foi o jogo mais marcante de minha carreira – relembra.

Do Leste Europeu ao Sertão de Pernambuco

Divulgação./Arquivo Pessoal
Zagueiro no dia de sua apresentação oficial no modesto Pogon, da Polônia
Quando seu contrato terminou, em 2002, Batata passou por Atlético-MG, Brasiliense e Náutico. Até pelo Leste Europeu esteve, no modesto Pogon, da Polônia. Quando tornou ao Brasil, se aventurou pelo interior de Pernambuco, onde atuou pelo Central de Caruaru, antes de chegar ao Carcará do Sertão:

- Minhas passagens por estes clubes pequenos foram lições de vida. Aprendi muito, pois é um mundo completamente diferente. Não tem como comparar com as equipes de maior porte, e o jogador tem que se superar a cada dia. Meu pensamento era jogar até o fim deste ano. No entanto, como recebi uma indenização da época em que atuei no Corinthians, acabei unindo o útil ao agradável. Tenho 34 anos, já joguei muito, está bom – diz.

Vivendo em Recife com sua esposa e um casal de filhos, Batata pretende voltar para São Paulo e morar na cidade de Itu. Para o ex-zagueiro, ser técnico é continuar a carreira, porém fora dos gramados:

- Quero fazer cursos de Marketing Esportivo e de treinador de futebol, mas não gostaria de seguir a carreira, pois técnico é como se fosse jogador, mas fora de campo. Tem que concentrar, viajar, ficar longe da família. Não quero mais isso – conclui.


FONTE: GLOBO