quarta-feira, 2 de julho de 2008

Roberto Dinamite: 'Estar em São Januário é como estar na minha casa'




Novo presidente diz que clube precisa criar um ídolo da base a afirma: 'Ele precisa ser bom jogador, ter bom caráter e amar o Vasco'



Roberto Dinamite tomou posse da presidência do Vasco nesta terça-feira e, já nesta quarta-feira, vai chegar ao clube por volta das 9h. O dirigente sabe das dificuldades que vai ter em um primeiro momento, mas não desanima em nenhum momento de ver o seu sonho de tornar o clube grande novamente ser realizado. Ciente de que vai passar muito tempo longe da família para cuidar dos interesses cruzmaltinos, ele diz que atendeu um apelo do torcedor vascaíno e que vai tentar cumprir a sua missão.

Em um bate-papo com o GLOBOESPORTE.COM, Dinamite falou de como vai ser a transição, de sua volta a São Januário e da necessidade de o time ter um ídolo oriundo das divisões de base. Abaixo, a conversa com o novo presidente vascaíno:

GLOBOESPORTE.COM: O que significa para você assumir a presidência do Vasco?
ROBERTO DINAMITE: - Isso aqui é uma grande festa da família vascaína. É a demonstração de força do Vasco. Como o governador mesmo disse, essa vai ser a administração da transparência, com competência e respeito.

Já caiu a ficha de que o Roberto Dinamite é o presidente do Vasco?
- A ficha já caiu. A gente estava em uma luta grande e conseguimos um objetivo. Na sexta-feira, quando conseguimos o apoio dos beneméritos já tinha noção de que era o presidente. Foi a confirmação de que tudo estava acontecendo e agora a nossa administração vai começar.

Como vai ser esse período de transição?
- A gente espera que transcorra tudo de forma tranqüila. Queremos, acima de tudo, respeito com o Vasco, com a instituição. Vamos fazer a nossa função e a gente espera que a coisa transcorra da forma que o vascaíno quer, de forma harmoniosa.

Em nenhum momento você transformou a rivalidade entre Vasco e Flamengo em uma guerra. A idéia é essa mesmo? Ter um rival no campo e um aliado fora dele?

- Essa idéia está comigo há algum tempo. Vivi essa realidade no campo e tenho uma amizade com algumas pessoas do outro lado. Isso em momento algum mudou o que acontecia em campo. Queremos não só o Flamengo como nosso rival no campo, como os outros grandes do Rio. Mas tudo com muito respeito. Temos que fazer um grande time, chegar ao Maracanã e dar ao torcedor uma equipe que o faça entrar no estádio confiante de que o Vasco possa conseguir uma vitória diante de seus rivais.

Em seu discurso, você disse que muitas vezes ficou longe da família. Você teme que a presidência do Vasco possa afastá-lo ainda mais dos seus familiares?




- A minha família é a minha família e vai continuar sendo sempre. Eles sabem o que a torcida do Vasco representa nesse processo e a minha importância. Por todos os lugares do Brasil que eu passava, os torcedores perguntavam se eu não seria o presidente. A expectativa é de que a gente faça um grande trabalho. Os desafios estão aí para serem superados.

Você vai assistir aos jogos da sala da presidência ou da tribuna de honra?
- O presidente precisa ter um local para assistir aos jogos. Se vai ser ali ou não, eu ainda não sei. Aquela sala não é minha, é do Vasco. Não pensei nisso ainda. Temos outras preocupações no Vasco a partir de agora.

E o rendimento da equipe no Campeonato Brasileiro?
- Espero que seja o melhor possível. Temos a primeira etapa que vai ser agora contra o Figueirense e seria bom o Vasco conseguir a vitória. Depois tem o Sport, em São Januário. Espero que o torcedor compareça.

Você se lembra da última vez que esteve em São Januário? E como vai ser entrar no clube novamente?




- Não me recordo. Não lembro a última partida que eu assisti em São Januário. Muitas das vezes, eu não fui ao jogo para não criar um problema. O Vasco vinha tendo bons resultados e o torcedor vive de emoção. Quando o resultado não acontece, existe a manifestação e eu respeito muito o Vasco. O clube tem muitas coisas e eu quero ver o que nós temos. Estar em São Januário é como estar na minha casa. Em alguns pontos, o Vasco é conservador e sei que vou encontrar funcionários do meu tempo, ex-jogadores. Claro que o coração vai bater mais forte do que o normal por voltar ao local que eu nasci, que eu vivi. Vou chegar lá e vou dar um tour.

Você já confirmou a permanência do técnico Antônio Lopes, e os profissionais remunerados que trabalham no Vasco, como é o caso do superintendente Paulo Angioni?

- Nesse primeiro momento, vamos chegar e fazer um raio-x. Vamos conversar com todo mundo. Com o Angioni, por exemplo, tenho uma ótima relação. Muitas das decisões vão ser tomadas em conjunto e vamos seguir uma filosofia de trabalho.

O seu principal objetivo na equipe do Vasco é conseguir criar um ídolo oriundo das divisões de base?




- Sim, essa para mim é a principal missão no futebol. O Vasco precisa ter um ídolo, que se identifique com o clube. Hoje, esse ídolo é o Edmundo. O Vasco precisa trabalhar isso nas divisões de base para ter um jogador que represente isso. Quero voltar a ter essa coisa do passado. Quero que o torcedor chegue ao estádio e saiba escalar o time do Vasco de cabeça.

O que um atleta precisa para ser ídolo?

- Ele precisa ser bom jogador, ter bom caráter e amar a camisa do Vasco.




Roberto Dinamite toma posse e abre as portas até para o Flamengo




Em seu discurso, novo presidente fala da boa relação que tem com alguns rubro-negros, como Marcio Braga e Junior


Não só de vascaínos foi protagonizada a cerimônia de posse de Roberto Dinamite na presidência do Vasco, nesta terça-feira. Figuras ligadas ao arqui-rival Flamengo fizeram questão de marcar presença na sede náutica da Lagoa do clube cruzmaltino, inclusive o atual presidente Marcio Braga, o que mostra um claro sinal de outros tempos no clube (assista ao vídeo). Pelo que parece, algumas coisas começam a mudar em comparação aos anos em que Eurico Miranda esteve no poder. Dinamite acena com a união entre os clubes cariocas.

Em um dos momentos de seu discurso, Roberto, que adiantou que vai acumular o cargo de vice de futebol, deixou claro que a relação com o Flamengo, por exemplo, será de rivalidade apenas dentro de campo. Ele até brincou com o presidente rubro-negro quando bebeu água do copo dele: - Ôpa, estou bebendo água do presidente do Flamengo - disse, antes de falar seriamente.




Júnior presitiga a posse de Roberto Dinamite



- Hoje o Junior está aqui no Vasco porque é meu amigo. Aprendi a respeitá-lo e ele a mim. Temos uma amizade familiar. Não preciso falar mal do Fla para levar o torcedor ao estádio. Sem isso, já foram milhares deles em jogos espetaculares no Maracanã. Precisamos achar o que é melhor para o Rio e para o Brasil. Menos dentro de campo, onde a rivalidade continua.

Marcio Braga aproveitou para falar da grandeza do arqui-rival.

- O Vasco é uma grande instituição e tem o mesmo prestígio do Flamengo. A grandeza do Vasco é a grandeza do Flamengo. O Vasco paga as nossas contas e vice-versa. A escolha do Roberto como presidente foi muito boa para o clube - respondeu Marcio Braga.

Adversário tradicional de Roberto Dinamite dos gramados, o ex-jogador rubro-negro Junior também foi testemunha da chegada de Dinamite à presidência do Vasco.



Vascaíno, Erasmo Carlos marca presença
- Fomos sempre rivais em campo. Agora somos mais amigos que inimigos. O Vasco mostra mais uma vez ser pioneiro neste tipo de assunto. Mas é uma grande responsabilidade dirigir esta instituição. Se ele fizer 50% do que fez nos campos, os torcedores do Vasco vão ficar muito felizes.Muitas celebridades manifestaram o apoio a Dinamite na cerimônia, entre elas o cantor Erasmo Carlos, o presidente de honra da Fifa João Havelange, e os atores Bruno Mazzeo, Nelson Freitas Jr. e Antônio Pitanga.

FONTE: GLOBO