sexta-feira, 29 de junho de 2012

Casillas busca recordes, analisa 'oásis' boleiro e revela sonho infantil


Capitão da Espanha pode superar Beckenbauer, caso levante a taça na final de domingo, e Goycochea, se defender pênaltis em disputa decisiva

Por Rafael Maranhão
Direto de Donetsk, Ucrânia
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Se Iker Casillas parasse de jogar futebol, já seria idolatrado eternamente pelos espanhóis. Teria situação financeira bem confortável, longe dos efeitos da grave crise econômica que afeta a maior parte da população de seu país, e tempo de sobra para aproveitar com sua bela namorada, a repórter de TV espanhola Sara Carbonero. Mas Casillas ainda tem outros planos. No domingo, por exemplo, o goleiro tentará alcançar um feito inédito para um jogador europeu: ser campeão de três grandes torneios seguidos. (veja o vídeo com as cobranças de pênalti)
Vencedora da Euro 2008 e da Copa do Mundo de 2010, ao chegar à final da Euro 2012 a Espanha igualou algo que somente a Alemanha Ocidental havia realizado. Os germânicos foram campeões europeus em 1972, mundiais em 1974 e finalistas da Euro 1976. Mas acabaram derrotados nos pênaltis pela Tchecoslováquia na decisão. Uma vitória no domingo, em Kiev, e Iker Casillas será o primeiro capitão a levantar levantar três taças seguidas, o que nem o herói alemão Franz Beckenbauer conseguiu.
- Chegar à decisão de mais uma Eurocopa era um sonho que nós todos buscávamos. Queremos continuar chegando a mais e mais finais. Repetimos um feito que há 36 anos ninguém alcançava e agora vamos em busca dessa taça. Espero que as pessoas lembrem-se disso para sempre. Há quatro anos, quem diria que conseguiríamos tudo isso? Mostramos que esse time ainda tem muito "leite" - disse o goleiro, de 31 anos, usando uma expressão espanhola para dizer que a sorte está do lado de sua equipe.
Casillas foi mais uma vez um dos heróis da Espanha na partida que garantiu a vaga na decisão da Eurocopa, a vitória por 4 a 2 nos pênaltis sobre Portugal após empate em 0 a 0 no tempo normal nesta quarta-feira, em Donetsk. O jogador do Real Madrid pegou a primeira cobrança adversária, do meia João Moutinho, e alcançou o brasileiro Taffarel com cinco defesas em disputas de pênaltis em torneios continentais e Copas do Mundo. O recorde ainda pertence ao argentino Goycochea, com seis.
Casillas, Espanha x Portugal (Foto: Agência Reuters)Casillas defende a cobrança de João Moutinho na disputa por pênaltis (Foto: Agência Reuters)
- Não fiz mais do que o meu trabalho. Estou ali para quando meus companheiros precisam de mim e eles fazem o mesmo. Chegar aos pênaltis é complicado. Envolve o acaso, ter especialistas, mas, principalmente, sorte. Tive a intuição de defender o primeiro, tive a sorte de poder adivinhar o canto certo - explicou.
Após a partida em Donetsk, o capitão da seleção espanhola lembrou a situação difícil vivida pelos espanhóis em meio a uma grave crise econômica e uma taxa de desemprego de quase 25%, a maior entre os países industrializados. Casillas disse que a sua equipe representa um "oásis" no difícil momento do país.
- Certas coisas na vida são estranhas. Por mais que as coisas estejam difíceis no nosso país por causa da crise e tudo mais, o futebol tem sido um tipo de oásis que ajuda as pessoas a esquecerem um pouco os problemas. O futebol tem sido uma fonte de alegria e ficamos felizes por isso. Queremos que as pessoas aproveitem este momento ao máximo pois será algo difícil de repetir - afirmou.
Apenas quatro jogadores alemães disputaram as finais das Euros 1972 e 1976 e do Mundial de 1974. Além do líbero e capitão Beckenbauer, o goleiro Sepp Maier, o zagueiro Hans-Georg Schwarzenbeck e o meia Uli Hoeness, hoje presidente do Bayern de Munique. Do lado espanhol, além de Casillas, dos jogadores do grupo atual estiveram em campo nas finais da Euro 2008 e da Copa de 2010 o zagueiro e lateral Sergio Ramos, o atacante Fernando Torres e os meias Xabi Alonso, Xavi e Iniesta.
A geração atual, capitaneada por Iker Casillas, já é a mais vitoriosa da história do futebol espanhol. Por isso, o goleiro torce para que o sucesso atual sirva de inspiração para os jovens que sonham virar jogadores de futebol, da mesma maneira que na infância ele foi buscar a inspiração numa conquista que assistiu pela TV.
- Eu me lembro de ver a final do torneio de futebol dos Jogos Olímpicos de 1992, em Barcelona, em que a Espanha ganhou a medalha de ouro, e era incrível imaginar o que os jogadores estavam sentindo naquele momento. Esses quatro anos têm sido fantásticos para nós e as crianças espanholas talvez não imaginem o quanto são sortudas por poder assistir a tudo isso - completou.
Além de tornar-se o maior capitão da história do futebol europeu, se vencer a final da Euro 2012 em Kiev, Casillas também chegará a um outro recorde, o de cem vitórias pela seleção espanhola. A marca continua em 99 mesmo após o triunfo sobre Portugal nas semifinais porque, para estatísticas oficiais, o resultado do jogo decidido nas penalidades máximas é considerado um empate.
fonte: globo