quarta-feira, 20 de junho de 2012

Uruguaio arremata bola da Copa de 50, e leilão admite: 'Não era a da final'


Vendida pelo lance inicial de R$ 45 mil, peça não teria sido usada no Maracanazo, mas em outro jogo do Mundial, segundo leiloeiro

Por GLOBOESPORTE.COM
Porto Alegre
6 comentários
Envolvida numa grande confusão de fatos e versões, a suposta bola da Copa do Mundo de 1950, enfim, voltou para casa. Apesar da polêmica instaurada nos últimos dias de que a peça poderia não ser a utilizada na grande final entre Brasil e Uruguai, a pelota de couro foi leiloada na noite desta terça-feira em Porto Alegre pelo lance inicial de R$ 45 mil.

A compra foi realizada via telefone, por alguém não identificado. O que se sabe é que foi justamente um uruguaio o responsável pelo farto investimento. O dono do leilão, no entanto, acabou recuando, ao fim do evento, afirmando que o objeto deve ter sido usado em outra partida daquele torneio, e não no famoso Maracanazo.

leilão bola da copa do mundo 1950 maracanazo porto alegre (Foto: Jessica Mello/Globoesporte.com)Apesar da polêmica, bola de 1950 encontrou comprador (Foto: Jessica Mello/Globoesporte.com)
De acordo com Daniel Chaieb, a mudança de discurso se deve às evidências expostas emmatéria do último domingo, veiculada no Esporte Espetacular, da TV Globo.
- Depois de ver a matéria investigativa, mostrando que os gomos da bola eram diferentes e conversando com diversos personagens da época, ficou claro para mim que aquela não era a bola da final. Talvez de alguma outra partida, mas não a do Maracanazo. Porém, ela contém valor histórico da mesma forma, por ser a única existente e ter a assinatura de todos os jogadores - afirmou Chaieb.

Mesmo inclinado a rever sua posição, Chaieb voltou a apresentar documentos assinados em cartório pelo próprio Ghiggia, autor do gol que deu o título mundial daquele ano ao Uruguai, e explicou que, dias antes do leilão, o comprador já havia demonstrado interesse na peça.

- Mesmo sem ter certeza de que era a bola da final ou não, ele quis adquirir a peça pelo valor histórico de ser a única bola existente hoje utilizada naquela época, naquela Copa do Mundo e assinada por todos os jogadores. Ele já havia entrado em contato comigo na semana passada demonstrando interesse e querendo informações sobre como proceder no dia do leilão. Foi o único interessado na compra - esclareceu.
leilão bola da copa do mundo 1950 maracanazo porto alegre (Foto: Jessica Mello/Globoesporte.com)
Bola da Copa de 1994 (à esquerda) não achou
interessados (Jessica Mello/Globoesporte.com)
Outras peças relacionadas ao futebol estiveram expostas, mas não foram adquiridas. A bola do tetracampeonato brasileiro, conquistado em 1994, assinada por todos os jogadores e comissão técnica também foi leiloada por R$ 45 mil, sem que houvesse interesse.

Camisas históricas, como a usada por Vavá na Copa do Mundo de 1962 e autografada pela equipe brasileira após a final ou a que Pelé utilizou em 1968 pelo Santos em partida contra o Inter, tiveram lances iniciais de R$ 12 mil e também não conquistaram compradores.

Entenda a polêmica da bola
Tudo começou quando o jornal El País, o mais importante do Uruguai, publicou a informação sobre o leilão que seria realizado em Porto Alegre. No dia seguinte, recebeu a ligação de Gladys Castro, viúva de Julio Perez, meio-campista na Copa do Mundo de 1950, afirmando que aquela bola não era a utilizada na final. Isso porque Gladys pôde ver a peça em sua frente quando o marido ainda estava vivo, em uma visita do goleiro Máspoli a sua casa, e lembra que aquela bola não continha a assinatura de todos os jogadores, apenas de alguns.
Após isso, a bola viajou até Florida, no Uruguai, onde ficou exposta em uma capela. Em 1980, foi roubada e não se soube mais sobre seu paradeiro.
De acordo com os jornais da época e com o site oficial da Fifa, a bola que de fato foi utilizada na partida final do Mundial seria outra. A entidade máxima do futebol garante que a verdadeira é uma de fabricação brasileira, diferente da que está para ser leiloada. O uruguaio Ghiggia, autor do gol que deu o título ao seu país naquela Copa do Mundo, também afirmou que aquela não é a mesma peça.
- A bola virou uma novela. Dizem que é e que não é. Gambeta pegou e levou para o vestiário. Todos nós do grupo de 50 autografamos e levamos para Florida. Depois, roubaram e não soubemos de mais nada – relatou ao programa Esporte Espetacular.
fonte: globo