quarta-feira, 23 de julho de 2014

Em seu primeiro Mundial, Nenê tenta, enfim, se tornar um ídolo no Brasil

Com carreira respeitada na NBA, pivô dos Wizards estreia na competição com o objetivo de melhorar a relação marcada por críticas e vaias com a torcida brasileira

Por 
São Paulo
Comente agora
Nenê seleção brasileira basquete (Foto: David Abramvezt)
Nenê esbanja estilo após treinamento da seleção 
(Foto: David Abramvezt)
Nenê tinha tudo para ser um grande ídolo do esporte brasileiro. Mas, aos 31 anos, vive uma relação de amor e ódio com a torcida nacional. O pivô traz no currículo um histórico de ausências em competições com a seleção em algumas ocasiões, seja para descansar de uma longa temporada na NBA, na qual ele atua com destaque desde 2002, ou por conta de problemas de ordem médica, como a batalha vencida contra um câncer no testículo, em 2008. O ápice do descontentamento do público brasileiro aconteceu em outubro do ano passado, quandoNenê foi bastante vaiado ao jogar, no Rio de Janeiro, uma partida de pré-temporada da NBA, entre o seu Washington Wizards e o Chicago Bulls, na Arena da Barra. A cena ficou na cabeça do paulista de São Carlos. Mas Nenê já sabe como mudar o panorama que lhe é desfavorável. É hora de brilhar no Mundial. Após ausências nas três últimas edições da importante competição, o jogador de 2,11m está confirmado na disputa deste ano, entre 30 de agosto e 14 de setembro, na Espanha. 
- Temos que conquistar resultados para ganhar o torcedor brasileiro. Temos que trabalhar forte para obter um grande resultado no Mundial. Claro que eu gostaria de virar um ídolo brasileiro. Se com todos esses anos representando o país, não só aqui, como lá fora, eu ainda não sou ídolo, isso vai das pessoas quererem ver o lado negativo das coisas. Espero fazer um grande Mundial, assim como os meus companheiros. Eu vou lutar – afirmou Nenê, após o treinamento da seleção brasileira, nesta terça-feira, no Esporte Clube Sírio, em São Paulo. 
Nenê seleção brasileira basquete (Foto: David Abramvezt)Nenê espera usa o Mundial para melhorar a sua imagem com a torcida brasileira (Foto: David Abramvezt)
As vaias recebidas no Rio de certa forma serviram para fortalecer o gigante brasileiro. Na temporada 2013/2014 da NBA, ele teve um empolgante desempenho. Os Wizards pararam na semifinal da Conferência Leste, sendo eliminados pelo Indiana Pacers por 4 a 2 na série em melhor de sete jogos. Porém, Nenê fez grandes apresentações ao longo da competição, fechando a temporada com médias de 14,2 pontos e 5,5 rebotes, com direito a bater – e depois igualar – o seu recorde pessoal de pontos em um jogo (30 pontos).
- Isso (as vaias) fez parte do meu aprendizado. Essas coisas te fazem crescer. Quando você pensa em parar, isso te motiva. As águas turbulentas já passaram. 
Assim como tem se ouvido de outros jogadores da seleção treinada pelo argentino Rubén Magnano, Nenê também confia na força da equipe brasileira e prevê uma boa participação na Copa do Mundo da Espanha.
- Sabemos que com o esporte global não tem um favorito. Mas sabemos que acreditando no grupo, nós podemos ir longe. Vai ser um trabalho árduo, nada vem fácil para nós. Temos de explorar nosso talento. Vamos lutar para conseguir algo grande.
Nenê sempre foi o campeão de perseguição da torcida brasileira. Porém, em algum momento, toda a atual geração já sofreu várias críticas no Brasil. Isso foi rotina, pois, até a classificação para as Olimpíadas de Londres 2012, o país estava havia 12 anos (três edições) sem ver a seleção masculina de basquete ir aos Jogos Olímpicos. A ida e o quinto lugar conquistado melhoraram a imagem desse grupo talentoso. Porém, os principais atletas não foram para a Copa América do ano passado, na Venezuela. O resultado foi uma péssima campanha, com quatro jogos e quatro derrotas. O Mundial da Espanha é o momento perfeito para essa geração de Nenê, Anderson Varejão, Leandrinho e companhia tentar fazer com que as turbulências fiquem esquecidas no passado.
- A galera está bem madura. É o momento da nossa geração. Estamos no auge das nossas carreiras, no ápice. Sabemos bem como se deve jogar o basquete. Temos que nos impor, mas também devemos saber nos divertir dentro de quadra. Passamos por muita coisa ruim. Mas tudo isso foi necessário para chegarmos com maturidade. São marcas que nos fazem prosseguir. Quando você está fraco, quase para cair, você olha essas marcas e vai para luta. Tem uma geração que se inspira e espelha na nossa. Temos que fazer bonito e bem - concluiu Nenê.
Nenê seleção brasileira basquete (Foto: David Abramvezt)Nenê fica pensativo durante treino da seleção brasileira, em São Paulo (Foto: David Abramvezt)FONTE: GLOBO