Primeiro goleiro a ser eleito melhor jogador de um Mundial, alemão relembra final contra o Brasil na série 'Superfavoritos da Copa', do 'Esporte Espetacular'
Ronaldo perde a bola no ataque. Cai, se levanta e briga para tentar recuperá-la. Ele consegue, toca para Rivaldo e corre, corre muito na esperança de receber um passe na frente. Mas Rivaldo não toca. Prefere chutar de fora da área. No gol, o "paredão" alemão Oliver Kahn. A bola parece fácil, o goleiro vai encaixá-la tranquilamente e sair jogando. No entanto, não é isso o que acontece. O melhor jogador da Copa do Mundo de 2002 falha, não segura o chute e larga a bola nos pés daquele que continuou correndo, sem parar. Ronaldo faz o primeiro gol do Brasil sobre a Alemanha e abre o caminho para o penta canarinho.
Comemoração verde e amarela de um lado. Tristeza em vermelho, preto e branco do outro. O goleiro que até então havia levado apenas um gol, contra a Irlanda, na primeira fase do Mundial, sofreu dois diante do Fenômeno. Apesar de ter ficado marcado pelo erro na final da Copa do Japão e da Coreia, Oliver Kahn revelou ao repórter Andrei Kampff e ao produtor Marcelo Pizzi que a melhor lembrança que guardou de sua passagem pela seleção alemã foi justamente o duelo com o Brasil em 2002.
- Não é fácil, porque tenho muitas lembranças boas, apesar de nem todas serem boas. Mas acho que foi a final de 2002. Sei que, para nós, não foi uma boa lembrança, é até triste. Perdemos a final para o Brasil, e Ronaldo marcou duas vezes. Porém, pouca gente acreditava que a Alemanha passasse da primeira fase e chegamos à final - disse Kahn, em entrevista para a série "Os Superfavoritos da Copa", que vai ao ar neste domingo, no "Esporte Espetacular".
Mesmo sem o título mundial, Oliver Kahn entrou para a história do futebol, como o primeiro camisa 1 a ganhar a eleição de melhor jogador de uma Copa. Título muito contestado, já que o atleta era eleito antes da decisão acontecer.
- Hoje, não penso muito na final de 2002. A questão é que fiz um torneio quase perfeito e fui o primeiro goleiro a ser premiado, não só como melhor goleiro, mas como melhor jogador do torneio. Mas, infelizmente, de maneira traumática, falhei na final.
Aos 40 anos, Kahn não veste mais as luvas. Em sua vitoriosa carreira, levantou muitas taças de campeão pelo Bayern de Munique: oito campeonatos alemães, seis Supercopas e seis Copas da Alemanha, uma Liga dos Campeões da Uefa e um Mundial Interclubes. Pela seleção, o título da Eurocopa de 1996. Apesar de toda a bagagem, o goleiro não quer ficar lembrando do passado, prefere levantar a cabeça e olhar para a frente.
- Joguei 20 anos no Campeonato Alemão, cerca de 12 ou 13 anos na seleção alemã e digo que não sei qual lugar ocupo na história do futebol do meu país. Para mim, essa não é uma questão importante. Quero me desenvolver sempre e, agora, estou fazendo coisas diferentes. Tive uma grande carreira, mas terminou e pronto. Não gostaria de ficar sempre falando do meu passado como jogador. Não acho legal viver como ex-jogador, sempre pensando no passado. Acho que é melhor pensar no futuro - finalizou.
fonte: globo