Goleiro tricolor diz que, como clube bancaria a reforma do Morumbi para o Mundial do Brasil, não houve interesse em incluí-lo na competição
A exclusão do Morumbi da Copa de 2014 e o complicado relacionamento entre São Paulo e CBF ainda rendem no clube. Depois de a diretoria tricolor se manifestar por diversas vezes contra a postura da entidade, agora foi a vez de Rogério Ceni desabafar em entrevista à Agência Rádioweb.
Ao responder se haveria 'retaliações' da CBF contra o São Paulo, incluindo a exclusão do Morumbi da Copa, Ceni disse não ter certeza. O goleiro, porém, disse haver um 'comportamento estranho' por parte da entidade.
- Não sei, não posso afirmar. Mas é o preço que se paga quando você quer ser correto e honesto em um mundo onde as pessoas não vêem dessa maneira. Para bater de frente com as coisas que o presidente do São Paulo acha errado, paga-se um preço. Há um comportamento estranho com o São Paulo. Vivemos sofrendo isso há alguns anos. Isso é notório, desde a exclusão do estádio (da Copa de 2014) – disse o goleiro.
Para Ceni, o São Paulo só ficou fora do Mundial porque a reforma do estádio seria bancada pelo clube, ou seja, sem verba ou apoio do poder público. No caso da cidade de São Paulo, a arena escolhida foi a do Corinthians. O estádio, em fase inicial da construção, fica em Itaquera, Zona Leste de SP. Orçado em R$ 820 milhões, a arena contará com incentivos fiscais, além de provavelmente ter financiamento parcial do BNDES. A previsão é que a casa dos corintianos fique pronta no início de 2014, a poucos meses da disputa do Mundial.
- (O Morumbi) É um estádio em que quem gastaria o dinheiro era o São Paulo, para reformar. Não dá certo. Se ainda tivesse alguma verba de fora... Quem vai gastar é o São Paulo, a responsabilidade é do clube. Aí não dá pra construir outro estádio, não tem R$ 1 bilhão para gastar... Tem que ter dinheiro que não tenha tanto controle porque, se tiver responsabilidade, aí não funciona para as pessoas que desejam as coisas que pretendem com a construção de novos estádios.
Sobre a Copa de 2014, Rogério diz que o país tem condições de sediar um evento de tal porte, mas não nos moldes exigidos pela Fifa. Ele também criticou os investimentos em infra-estrutura.
- O Brasil tem condições de receber uma Copa, mas nos moldes que a gente poderia receber. Só não acho que devemos atender as exigências. O Brasil nunca vai ser a Alemanha. Agora, as pessoas vão lá, ficam milionárias, ganham muito dinheiro. Só se pensa em levar vantagem. Então se constroem estádios e mais estádios. Aí você vai ao Aeroporto de Guarulhos e não anda, hoje! As pessoas não têm escrúpulos, as pessoas governam e lideram por interesses pessoais, não por interesses do povo. A primeira coisa que a pessoa faz depois de se eleger não é o "que posso fazer pelo povo, mas o que posso fazer por mim".
fonte: globo