terça-feira, 6 de novembro de 2012

Lembra Dele? Sávio nega problema com Romário e aposta em Adryan


Ex-craque de Fla e Real vira agenciador de carreira de jogador e fala da trajetória vitoriosa no futebol, além da frustrante volta à Gávea em 2006

Por Cassius Leitão
Rio de Janeiro
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Desde que Zico saiu do Flamengo, em 1989, todo jogador de boa categoria revelado pelo clube é imediatamente comparado ao Galinho. Um deles foi Sávio, no início da década de 90. E não há como negar que o Anjo Louro - como gostava de ser chamado - conseguiu ser ídolo da maior torcida do Brasil. O amor pela combinação rubro-negra persiste e vem acompanhado da desilusão de não ter chegado aos 100 gols pelo clube do coração (fez 95 no total), meta que tentou alcançar no retorno à Gávea, em 2006. Mas as coisas não saíram do jeito imaginado pela torcida e pelo próprio jogador.
savio especial (Foto: Cassius Leitão / Globoesporte.com)Sávio mantém a ligação com o Flamengo, seu clube do coração (Foto: Cassius Leitão / Globoesporte.com)
Sávio encerrou a carreira profissional no fim de 2010, no Avaí, e agora, aos 38 anos, encabeça um projeto que agencia jogadores e tem por finalidade manter a estabilidade financeira desses atletas, principalmente quando os mesmos resolvem pendurar as chuteiras. Outro ponto é adaptar essa metodologia aos próprios clubes brasileiros, que normalmente convivem com inúmeros problemas ao fim de cada mês. Para isso, o ex-jogador aprimorou o lado empresário com cursos de gestão esportiva e marketing desde a época em que atuava no Real Madrid.
 

O currículo invejável de Sávio dispõe de três títulos da Liga dos Campeões da Europa, uma Liga Espanhola, um Mundial Interclubes, uma medalha de bronze olímpica (1996) e outras tantas conquistas. Pelo Flamengo, os troféus foram mais escassos - apenas o Carioca e a Copa Ouro Sul-Americana, ambos em 1996. Talvez por isso a dupla com Romário não tenha tido o reconhecimento que os gols de ambos sugeriam. Aliás, Sávio faz questão de esclarecer que nunca teve mau relacionamento com o Baixinho, o que era muito comentado na época por conta de um entrevero entre os dois na China, em uma excursão feita pelo Rubro-Negro em 1995. Além disso, lamentou o fato de o clube carioca ter falhado em horas capitais no ano em que completou 100 anos.
- Aquilo foi apenas uma discussão de jogo. Faz parte do futebol. Houve exagero em cima daquele episódio. Não sei quem inventou que ele me agrediu. Posso dizer que formamos uma grande dupla e foi um privilégio atuar ao lado dele. A gente fazia mais gols do que quase todos os clubes. Mas, por infelicidade, não conquistamos o que poderíamos no ano do centenário do clube. Tomamos um gol de barriga no fim (do Campeonato Carioca, contra o Fluminense). Na Supercopa, ganhamos sete dos oito jogos que fizemos e perdemos o título pelo saldo de gols na decisão contra o Independiente. E na Copa do Brasil, fomos eliminados na semifinal num jogo em que saí todo quebrado. Os caras do Grêmio tinham que sair algemados de tanto que bateram (relembre, no vídeo acima, a vitória de 2 a 1 no primeiro duelo com os gaúchos, com dois gols de Sávio). Em 1996, pelo menos, conseguimos o Estadual de forma invicta. Fiquei feliz ao ver uma entrevista do Romário no fim da carreira em que ele me citou como uma das grandes duplas que teve. Além de mim, falou de Bebeto, Euller e Laudrup. Eu corria muito para ele. E dar a bola para ele era garantia de gol - frisou Sávio.
Romário e Sávio, Flamengo (Foto: Divulgação)Romário e Sávio em ação em 95 (Foto: Divulgação)
Ao falar de Flamengo, Sávio também demonstrou preocupação em relação à falta de boas revelações no futebol do clube nos últimos anos e ao "descumprimento" de uma máxima que faz parte da história rubro-negra, a de revelar craques. Para ele, muitos jogadores da base são queimados de maneira precoce e acabam sucumbindo às chances que têm posteriormente. Em meio a um caminhão de desconfiança, Sávio vê uma luz no fim do túnel chamada Adryan, o único jovem jogador do time atual que enche os olhos do Anjo Louro.

- Não tenho acompanhado o trabalho. O fato é que quando cheguei ao Flamengo, bem novo, logo me chamou a atenção a frase "Craque, o Flamengo faz em casa!". O clube sempre será associado a essa frase. Mas atualmente são poucos que dão certo no time profissional. Nos últimos anos, podemos citar apenas Adriano, Juan e Julio Cesar como jogadores de alto nível revelados no clube. O Renato Augusto também é bom jogador, mas não é do nível desses. Isso é pouco. O Adryan é um jogador que gera uma boa expectativa. Parece ter um futuro brilhante, mas tem muito a aprender ainda. Desses novos, ele é o jogador no qual mais aposto como possível craque - declarou Sávio, que chegou a pegar banco na campanha do título de 1992 (contra Fluminense e Sport) e admite que sua transição para a equipe profissional foi a melhor possível, já que só foi efetivado no time de cima dois anos depois e pôde aprender muito com a experiência de jogadores como Júnior, Gilmar e Gottardo neste período .

fonte: globo