Clube passará a ser o menos endividado entre os grandes de SP, RJ e RS. Empréstimos de capital de giro com o BMG serão alvo, e restará R$ 26 milhões ao caixa
O São Paulo usará R$ 61 milhões dos cerca de R$ 87 milhões que recebeu pela venda de Lucas ao Paris Saint-Germain (FRA) para pagar dívidas. Ao caixa, restarão R$ 26 milhões. A ideia da diretoria é liquidar empréstimos de longo prazo com instituições financeiras, e deixar o clube com maior flexibilidade. Com a medida, o São Paulo passará de 7º para 11º no ranking dos mais endividados do Brasil, e será o mais saudável, em termos financeiros, entre os grandes de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul.
O PSG transferiu ao São Paulo na última semana a verba referente à compra dos direitos econômicos de Lucas. Do total de 43 milhões euros (R$ 117 milhões), 25% serão repassados ao jogador. Até o fim de janeiro, Lucas receberá do São Paulo os 11 milhões de euros (R$ 30 milhões) aos quais tem direito.
A diretoria do São Paulo julga que não há necessidade de manter em caixa os R$ 87 milhões que entraram nos cofres na última semana. Acredita que a maior parte deve ser usada para liquidar parte do passivo não circulante. O destino mais provável dos R$ 61 milhões que serão usados para tornar o clube mais saudável são os três empréstimos de capital de giro que o clube tem com o Banco BMG. Estes têm as taxas de juros mais altas, e darão ao clube significativa economia a longo prazo caso sejam liquidados de uma vez, agora.
Segundo o balanço de 2011 do São Paulo – balanço de 2012 só será divulgado em abril –, os três empréstimos contraídos com o BMG somam pouco mais de R$ 50 milhões. Os empréstimos têm vencimento em janeiro de 2014 (R$ 2 milhões), março de 2014 (R$ 15 milhões) e maio de 2015 (R$ 33 milhões).
Além do que o São Paulo investirá para liquidar do passivo, ainda sobrará ao caixa R$ 26 milhões. A diretoria crê que o valor é razoável para reforçar o elenco em 2013. Em 2012, o clube gastou cerca de R$ 45 milhões com as contratações de Paulo Henrique Ganso, Cortez, Jadson, Osvaldo e Rafael Toloi.
Carlos Aragaki, sócio da Mazars Auditores e especialista em auditoria de clubes: 'Se quero sanar, vou liquidar os empréstimos em capital de giro'
"Por que vou continuar pagando juros altos se tenho dinheiro em caixa? Em um empréstimo bancário para a construção de estádio, por exemplo, a taxa de juros financiada é baixa, não tem tanto peso. Embora os vencimentos dos empréstimos do São Paulo com o BMG sejam razoáveis, são capital de giro, e a taxa é significativa. Se quero sanar, vou liquidar os empréstimos de capital de giro.
A grande maioria dos clubes tem a preocupação de utilizar dinheiro reaplicando em atletas. Alguns clubes ainda gastam com clube social, para reformas. Se você pensar em uma administração de longo prazo, o pagamento de dívidas deixa o clube com maior liquidez. Demonstra que o clube pensa em honrar as obrigações"
Tributárias somam mais R$ 60 milhões, e não devem ser antecipadas
Além das dívidas com instituições financeiras, o São Paulo ainda contabiliza cerca de R$ 60 milhões no passivo por conta das obrigações tributárias. Estas, com taxa de juros baixas, não devem ser liquidadas no investimento que será feito.
A maior responsável pelas obrigações tributárias pendentes do São Paulo é a Timemania. O último balanço, que apontava R$ 60 milhões a serem pagos no quesito, colocava R$ 53 milhões à Timemania. PIS e ISS, que somavam mais de R$ 7 milhões, ainda serão pagos nos próximos anos.
Pela contratação de Luis Fabiano, feita em março de 2011, o São Paulo ainda tem a pagar 1,5 milhão de euros (R$ 4 milhões) ao Sevilla (ESP), e também não antecipará. Das seis parcelas ao clube espanhol, duas ainda serão pagas, em abril e outubro de 2013.
FONTE: LANCE