Clube sofre novo abalo, desta vez com esperada verba da Adidas, consegue contornar parte do problema, mas dificuldade financeira assusta
Por Janir Júnior e Richard Souza
Rio de Janeiro
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As penhoras assustam o Flamengo mais uma vez e causaram a retenção de, pelo menos, R$ 3,8 milhões da primeira parcela do dinheiro da Adidas, depositado no início do mês. A diretoria teve que agir, pagou um montante de impostos atrasados e conseguiu a liberação de parte da verba, cujo valor deve ser divulgado em breve de forma oficial pelo clube. Mas o novo baque deixou a diretoria e o vice de finanças Rodrigo Tostes em alerta para futuros depósitos. Tostes ainda estuda o terreno para se pronunciar sobre a abalada saúde financeira do Rubro-Negro, onde está há 15 dias. Tempo suficiente para, ao menos, constatar a asfixia de dinheiro. Até o momento, calcula-se que o total de penhoras já bateu a casa dos R$ 58 milhões.
A Adidas chegou a ser notificada sobre a ação de penhora. O clube começou a ter o dinheiro retido no segundo semestre do ano passado. Os débitos correspondem ao não pagamento de impostos de 2007-08-09, e também pendências de pagamentos relacionados ao ano de 2004, além de outras derrotas sofridas na Justiça.
O problema gerou atraso no pagamento de salários. No fim de 2012, de um pedido de R$ 27 milhões de adiantamento, entraram no cofre R$ 17 milhões, sendo que o restante ficou retido pela Justiça.
- Ainda temos um longo caminho a percorrer para se chegar a um ponto que possamos dizer que estamos em dia com as pendências da Fazenda nacional. Já começamos. Já tivemos reuniões na Procuradoria da Fazenda, nosso trabalho tem sido muito em cima disso. Meu discurso de posse serviu bastante para abrir caminho para as pessoas entenderem que a postura do Flamengo agora é outra, que é um clube que vai ter postura cidadã. Não vamos atrasar compromissos, não vamos fazer loucuras antes de cumprirmos os compromissos com jogadores, funcionários, fornecedores e com o Governo. É muito fácil você - e isso é uma prática corrente não só no Flamengo, mas em outros clubes e empresas - se financiar através da sonegação e da apropriação indébita. Isso não vamos fazer em momento nenhum – afirmou o presidente Eduardo Bandeira de Mello, em recente entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.
Pelo contrato firmado com a Adidas, logo após a assinatura, o Rubro-Negro receberia R$ 6,5 milhões, sendo que R$ 3,4 milhões destinados para pagar a rescisão com a Olympikus. Haveria também o pagamento de "taxa de início de parceria", no valor de R$ 38 milhões (R$ 13 milhões até 30 dias após a assinatura do contrato - que ocorreu em 20 de janeiro - e R$ 25 milhões até 15 de fevereiro).
A nova gestão do Flamengo terá em mãos dentro de 90 dias o resultado da auditoria contratada para desvendar o caos financeiro do clube. A empresa Ernst & Young será a responsável por traçar um diagnóstico da real condição dos cofres rubro-negros. Mas uma coisa é conhecida: a penhora assusta.
FONTE: GLOBO